Hoje, junto com a Igreja, toda a Obra Shalom faz memória de um grande Santo, São Francisco de Assis. Ele foi o fundador da belíssima e frutuosa Ordem dos Frades Menores (Franciscanos). Como Obra Shalom, temos também a graça de ter esse grande profeta da perfeita alegria como um dos nossos baluartes.
Esse pobrezinho, piedoso apelido que ele mesmo se deu, nasceu em 1182, na Itália, e morreu em odor de santidade no ano de 1226. Era filho de um rico comerciante, mas deixou tudo por amor, fazendo votos de pobreza e minoridade, encontrando aí sua missão pessoal e via singular de santidade. Dedicou sua vida aos pobres, ou como gostava de dizer, aos mais pobres dos pobres. Foi canonizado pelo papa Gregório IX, tendo-se passado apenas dois anos de sua morte.
Uma alegria plena que não passa
O pobrezinho de Assis certa vez viajava com Frei Leão, um de seus queridos frades, de Perusa para Santa Maria dos Anjos. O clima era de um inverno rigoroso. O freizinho, então atormentado pelo fortíssimo frio e pela fome, fez um pedido a Francisco: “Pai, peço-te, da parte de Deus, que me digas onde está a perfeita alegria.” São Francisco, então, deu-lhe uma surpreendente resposta: “Quando chegarmos a Santa Maria dos Anjos, inteiramente molhados pela chuva e transidos de frio, cheios de lama e aflitos de fome, e batermos à porta do convento, e o porteiro chegar irritado e disser: ‘Quem são vocês?’ E nós dissermos: ‘Somos dois dos vossos irmãos’, e ele responder: ‘Não dizem a verdade; são dois vagabundos que andam enganando o mundo e roubando as esmolas dos pobres; fora daqui!’ E não nos abrir e deixar-nos desprotegidos ao tempo, à neve e à chuva, com frio e fome até à noite, então, se suportarmos tal injúria e tal crueldade, tantos maus tratos, sem nos perturbar e sem murmurar contra ele (…) escreve que nisso está a perfeita alegria. E se ainda, constrangidos pela fome e pelo frio e pela noite insistirmos e chamarmos, pedirmos inclusive pelo amor de Deus e com muitas lágrimas para que nos abra a porta e nos deixe entrar, e se ele ainda mais irritado disser: ‘Vagabundos, inoportunos, darei a vocês o que vocês merecem.’ E sair com um bastão nodoso e nos agarrar pelo capuz e nos atirar ao chão e nos arrastar pela neve e nos bater com o pau de nó em nó, se nós suportarmos todas estas coisas pacientemente e com alegria, pensando nos sofrimentos de Cristo bendito, às quais devemos suportar por seu amor, ó irmão Leão, escreve que aí e nisso está a perfeita alegria, e ouve, pois, a conclusão, irmão Leão. Acima de todas as graças e de todos os dons do Espírito Santo, os quais Cristo concede aos amigos, está o de vencer-se a si mesmo, e, voluntariamente, pelo amor, suportar trabalhos, injúrias, opróbrios e desprezos.”
Ali São Francisco, assim como Santa Teresinha e tantos outros santos, já dava uma lição ao seu querido irmão, sobre algo que grandes pensadores de ciências humanas modernas, entre eles Victor Frankl, descobriram: “Quem tem um ‘porquê viver’, encontra mais facilmente um ‘como viver’”. A união com Cristo e Sua Paixão era o sentido mais profundo da alma e coração do pobrezinho de Assis.
Que Deus nos abençoe, para que também nós, com um coração pobre como o de Francisco, sejamos mergulhados nessa alegria que não passa.
São Francisco de Assis, rogai por nós.