O que motivaria diversos profissionais a saírem de casa, gastarem dias de suas férias, atravessarem o oceano e encararem uma realidade social bem abaixo da que estão habituados? Enfrentar desafios como falta de água, risco de doenças e uma língua desconhecida. Por qual motivo? Somos muitos, 22 para ser mais específico. Médicos, fisioterapeutas, engenheiros, contadores, enfermeiros, professores, dentistas, jornalistas, advogados, seminaristas, cozinheiros, e todos, missionários.
Chegamos aqui de caminhos diferentes. Alguns já membros da Comunidade Shalom, outros, amigos convidados para 15 dias de voluntariado, mas todos com um mesmo objetivo: servir.
Ao tocar cada pobre, ao entrar em cada casa, ao conhecer cada história, a descoberta de algo novo: mais que o pão ou o remédio, o ensino ou a comida, uma enorme necessidade de Amor. Esse Amor com letra maiúscula mesmo, esse que é a pessoa de Jesus. Em cada sorriso tímido, o desejo de ser ouvido e amado. Para isso, não precisávamos necessariamente falar o dialeto ou usar palavras bonitas. Em cada abraço, brincadeira ou visita… apenas linguagem do Amor. Isso basta!
Poderíamos explicar tudo isso com muitas palavras, muitos sentimentos do coração, respostas justas até, mas Teresinha já nos dissera: “só o amor explica a missão”. Somente o desejo de amar a Deus no outro pôde dar sentido a cada sacrifício. Descobrimos então, que a nossa vocação é o amor. Nossa profissão não só para realização pessoal, mas plena quando serve o mais pobre, quando em ação diante do outro que precisa de mim, ao qual não posso negar o meu diagnóstico, a minha hora de dedicação, o meu sorriso ou meu simples abraço. O meu maior salário não poderia ser que um sorriso sincero de uma criança, um espontâneo “misoltra” (obrigada, em malgaxe). Poder, nas pequenas coisas, contemplar a dignidade do homem sendo restaurada. Assim, afirmamos com São João Paulo II: “o Amor me explicou tudo”.
Lorena Alencar