Madeleine Delbrêl foi uma mística cristã, assistente social, ensaísta e poetisa. Aos 20 anos, experimentou o que disse ter sido uma “tempestuosa conversão”.
Madeleine nasceu a 24 de Outubro de 1904 em Mussidan-Dordogne, na França. Sua família não praticava o catolicismo, embora tenha feito a primeira comunhão aos 12 anos, fato que anos mais tarde considerou como uma festa social. Aos 16 anos, depois de estudar Filosofia e Artes, em Paris, decidiu-se pelo ateísmo.
Poucos anos depois, dois fatos abalaram suas convicções. Em 1923, seu noivo a deixa para entrar para um convento e um ano depois, seu pai vem a falecer.
Em 1924, essas duas realidades levaram Madeleine a rezar, a buscar compreensão sobre a vida. Buscou inspiração em Santa Teresa de Ávila que sugeria pensar silenciosamente em Deus, pelo menos cinco minutos por dia. “Eu decidi rezar […] mas foi Deus que me encontrou e eu encontrei-O como o Vivente que se pode amar como uma pessoa concreta”, registrou Madeleine anos mais tarde.
Por incentivo do padre Abade Lourenzo começou a trabalhar em uma paróquia e acreditava que Deus devia acontecer entre as pessoas. Na cidade de Ivry, pagã e marxista, marcada pela industrialização, Madeleine começou a trabalhar com duas amigas em um centro de assistência social. Logo depois inicia os estudos no curso de assistência social.
Nessa época, trabalha lado a lado com comunistas reforçando ainda mais sua ação junto às realidades mais contrastantes da época. Embora fascinada pelo comunismo, rejeitava seu fundamento ateu. Para ela, o ser cristão era inseparável do ser Igreja.
“Cada vez que uma ação conjunta com os camaradas representava um ato direto ou indireto contra Deus, recusei-me. E, sempre que era necessário, eu dava minhas razões: as palavras de Cristo”.
Para Madeleine, a conversão inspirava uma mudança radical. Eis alguns registros em seus livros:
“A conversão é um acontecimento violento. Desde suas primeiras páginas, o Evangelho chama à ‘metanoia’: convertei-vos, isto é: voltai-vos, já não olheis para vós mesmos, voltai vosso olhar para mim”.
“Conversão é um momento decisivo que nos distancia do que sabemos sobre nossa vida, a fim de que nós, olhos nos olhos com Deus, aprendamos dele o que Ele acha de nossa vida e o que quer fazer dela”.
A Igreja, a 12 de Maio de 1993, deu entrada no seu processo de beatificação e, Madeleine Delbrêl foi declarada Serva de Deus.
São João Paulo II, em discurso a bispos franceses, em 2004, ano do centenário de morte de Madeleine, lembrou o seu empenho pelo Evangelho.
“[Madeleine] participou na aventura missionária da Igreja na França no século vinte, sobretudo na fundação da Missão da França e do seu seminário em Lisieux. Possa o seu testemunho luminoso ajudar todos os fiéis, juntamente com os seus pastores, a enraizarem-se na vida ordinária e nas diferentes culturas, para fazerem penetrar nelas, mediante uma vida cada vez mais fraterna, a novidade e a força do Evangelho!”.
Para a Serva de Deus, evangelizar não significava converter, mas cumprir sua missão ao manifestar alegria pelo que anuncia. “Evangelizar significa falar para anunciar a ‘boa notícia’. Significa dirigir-se a alguém a fim de anunciar-lhe uma alegre mensagem”.
Madeleine Delbrel morreu a 13 de Outubro de 1964, em Ivry. Suas obras transmitem a felicidade que ela experimentou no encontro com Deus e que ela queria transmitir a todos.