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Mãe do céu morena

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Agora o mundo também exclama: ela é negra! A pele alva e suave de Maria, extenuantemente exaltada pelos líricos e habilmente moldada pelo cinzel dos mais renomados escultores, além de retratada pelas mãos dos maiores pintores de todos os séculos da era cristã, é hoje redescoberta pelos flashs e câmaras do mundo em sua versão chocolate, a tez morena e serena de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

A visita do Santo Padre proporciona essa redescoberta ao mundo. Poucas e tão extraordinárias foram essas oportunidades brasileiras de dividir com a humanidade um dos seus maiores segredos: qual a fonte dessa convivência humana e pacífica entre tantos povos, de tantas disparidades raciais, cútis brancas, morenas, negras e amarelas… Qual o segredo dessa multiplicidade de raças que aqui se igualam, não pela cor da pele, mas pela cor sanguínea que pulsa em suas veias? Raça humana é o que somos!

Aparecida foi a bênção que faltava à miscigenação brasileira. Aquele anoitecer do dia 16 de Outubro de 1717 era o início de mais uma pesca milagrosa tão prodigiosa quanto à do Mar de Tiberíades (Jo 21,1-14). Com uma diferença: Maria, mãe de Jesus e da Igreja, agora se somava à ação daqueles pequenos pescadores para ensinar-lhes quão prodigiosa é a ação dos que não se desesperam por pequenos fracassos. Uniram um corpo à cabeça, visualizaram a imagem da Mãe… Nossa Senhora se deixa representar por aquela imagem deformada, decapitada, violentada, para nos ensinar que um molde de terracota pouco vale; no entanto, quando revestido pela simbologia da mais sublime maternidade, a Senhora da Conceição, é capaz de repetir milagres menores que o de sua concepção, porém infinitamente generosos como seu coração de mãe. E nele cabem todos.

Maria, mãe morena! A cor negra proporcionada pelo longo contacto com as águas do rio Paraíba, tem uma preciosa mensagem para o mundo. Ao escolher um simbolismo negro para representar sua mãe entre nós, Deus-Filho nos recorda que somos um povo resultante da fusão de diversas raças e nos convida a construir uma sociedade sem preconceitos. Recorda-nos ainda a desastrosa experiência da escravidão, cuja garantia de liberdade passa, necessariamente, pela quebra dos grilhões pessoais, aqueles que geram opressões no trabalho, dependência nas drogas e bebidas ou desamor e desafeto resultantes de qualquer forma de escravidão.

Mãe dos pescadores. Mãe que pesca as dores! Negra que aparece como propiciadora de mais um milagre dos céus, amenizando as dores, saneando as aflições, alimentando o corpo dos pequeninos. Mãe do céu, mãe morena! Brasileira por excelência, que acolhe em seu templo – a casa que lhe dignamos construir – aquele que hoje vem em nome do Senhor. Bendito seja! Bendita a Igreja reunida a seu redor, dentro de um contexto latino-americano de obediência e serviço a seu filho, Jesus. Benditas as mães, todas elas, cuja maternidade foi uma prova de subserviência à vontade criadora de Deus e, hoje, à maneira de Maria, ainda são capazes de conduzirem seus filhos e filhas pelas sendas da fé cristã. “Façam tudo o que Ele vos mandar”!

A pesca milagrosa de Aparecida não é apenas um fato histórico, perdido no tempo e no espaço. Ela se repete. Em especial neste momento também histórico para a fé do povo brasileiro. O coração de Deus não se cansa de nos enviar sinais de sua proteção e predileção. Mais um papa nos visita. Um santo já nos abençoa de seu nicho bem brasileiro. E a mãe morena de todos nós, com certeza, sorri às largas pela profusão de filhas e filhos queridos, que hoje lhe são fiéis. Do alto de sua cruz redentora, Jesus ainda encontra forças para nos dizer: “Eis aí tua mãe”!

Fonte: Catolicanet.com


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