Estamos na última semana do Tempo do Advento. Estamos celebrando a feliz espera pelo nascimento do Messias anunciado pelos profetas. Na liturgia deste domingo, a Igreja dá um acento muito forte à figura de Maria, a Mãe que dará a luz ao Messias esperado.
Vemos na Liturgia da Palavra, um trecho da profecia de Miqueias que é, sem sombra de dúvidas, de beleza singular. Trata-se do capítulo 5, versículos de 1-4. Miquéias encontra-se na linha dos profetas messiânicos, isto é, que anunciam a vinda de um Messias. Sobre essa leitura, permitam-me caríssimos, destacar apenas dois pontos. O primeiro, sobre o lugar, citado pelo profeta, de onde surgirá o Messias. Disse o autor sagrado no v. 1: Tu Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel.
Os evangelistas, ao citarem o lugar do nascimento de Jesus, fazendo menção a esta passagem de Miquéias evidenciam o lugar em perspectiva geográfica. De Belém viria toda a dinastia davídica. O Messias, portanto, deverias nascer em Belém. Contudo para além do lugar físico, encontramos aqui um lugar teológico. De Belém, da terra do rei Davi, o Messias deverá sair: Deus busca voltar às origens messiânicas para, assim, apascentar com a força do Senhor os descendentes de Davi. Ao mesmo tempo, continuará fiel, fazendo com que os filhos de Israel vivam em paz.
Deus se recorda do seu juramento
O povo de Israel, caminhando errante pelo deserto, pode agora se alegrar pois chegou o tempo em que a mãe dará à luz.
O segundo ponto que destaco, encontra-se no v. 2: Deus deixará seu povo ao abandono, até o tempo em que uma mãe der à luz. O povo de Israel, caminhando errante pelo deserto, pode agora se alegrar pois chegou o tempo em que a mãe dará à luz. O que era promessa tornar-se-á realidade, pois Deus cumpre com a sua promessa. Poderíamos aqui fazer um paralelo entre essa perspectiva e os nomes mencionados no Evangelho de hoje. Dois nomes são bastante significativos: Zacarias (Deus se recorda) e Isabel (O juramento de Deus). Unindo o significado dos dois nomes, podemos dizer que Deus se recorda do seu juramento.
A Nova Arca da Aliança
O Evangelho de domingo, é trecho do capítulo I do Evangelho segundo Lucas. Trata-se de cena da visitação de Maria à sua prima, Isabel. Maria, figura de grande relevância na Liturgia de hoje, é apresentada como Nova Arca da Aliança.
Quanto a isso poderíamos fazer um paralelo da primeira parte do Evangelho, isto é, da saudação de Isabel e Maria, com 2Sm 6,9. De fato, entre esses dois textos existem conexões que nos fazem perceber que Maria é Nova Arca da Aliança.
O Evangelista Lucas sublinha que Maria parte para a região montanhosa. Essa imagem nos faz recordar a procissão que fora feita com a Arca da Aliança, por mandato de Davi. Maria, a Nova Arca, faz também a sua procissão, indo até a casa de Isabel.
Além disso, Isabel ao receber a visita de Maria e ao ouvir sua saudação ficou cheia do Espirito Santo, e com João Batista, exulta de alegria. Nada a estranhar, pois aquela onde o Espírito Santo fez morada, é testemunha da presença do Altíssimo, assim como a Arca da Aliança era presença de Deus para o povo de Israel.
No ventre de Maria não se encontram as prescrições legais do povo de Israel; em seu ventre se encontra a própria Palavra de Deus feito carne
Podemos fazer menção ainda ao conteúdo da Arca da Aliança, isto é, aquilo que estava em seu interior. Dentro da Arca estavam as tabuas da Lei, o maná e o cajado de Aarão. Pergunto-vos, caríssimos, em leitura aplicada a a Maria, poderiam esses elementos estarem ligados a Virgem? Sim, não apenas poderiam estar ligados, como de fato, estão: No ventre de Maria não se encontram as prescrições legais do povo de Israel; em seu ventre se encontra a própria Palavra de Deus feito carne. No ventre de Maria, não se encontra o maná que o povo de Israel comeu no deserto; em seu ventre se encontra o verdadeiro Pão do Céu; os que comeram do pão de outrora morreram, mas os que participam do banquete da nova e eterna aliança, comendo o verdadeiro Pão do Céu, tem por garantia a Vida Eterna, não morreram jamais. Como se não bastasse no ventre de Maria, não se encontra mais o cajado de um sacerdote do antigo testamento; em seu ventre se encontra o Sumo Sacerdote da Nova Aliança: Jesus é, ao mesmo tempo, o Sacerdote que irá oferecer o Sacrifício, a Vítima que será imolada e o Altar onde será oferecido o sacrifício.
Se pela fé de Abraão, Deus iniciou a Obra da Salvação, pela fé de Maria, Deus cumpre definitivamente a Obra Salvífica outrora iniciada. Porque Maria acreditou, porque teve fé, pode ouvir dos lábios de Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu.
Maria é bem-aventurada porque não duvidou da promessa de Deus
Maria é bem-aventurada porque não duvidou da promessa de Deus. Que ela nos ajude a jamais duvidarmos que Deus cumpre o que Ele promete; que Ele vem ao nosso encontro para nos salvar; que Ele está no nosso meio para nos conduzir de volta ao paraíso.
A Cristo, o Messias que vem ao nosso encontro, demos sempre o poder o louvor e a glória pelos séculos dos séculos Amém!
Pe. José Elielton Lopes