Missão Santo André ganha primeira celibatária da Comunidade de Aliança com votos perpétuos.
Nesse sábado, dia 29.07.2023, a Missão de Santo André ganha um imenso presente! Celebramos os votos perpétuos de nossa irmã Karina Silva no Celibato pelo Reino dos Céus. Ela é consagrada da Comunidade de Aliança e a primeira da Missão a concretizar o “para sempre” neste estado de vida.
Grande é a nossa alegria como vocação e família Shalom! Por isso mesmo trazemos para você, em primeira mão, a entrevista e testemunho de vida de Karina. Confira abaixo:
Quais os fatos que mais marcaram o seu chamado ao celibato? Poderia nos contar alguns?
O fato principal foi a minha história de vida. Nela pude ler claramente as notícias de Deus que me atraía a este chamado. De forma especial através dos pobres, das crianças e dos jovens.
Com os pobres pude conhecer a Deus, tocar em sua simplicidade, verdade. Com eles experimento a certeza de que o amor é tudo e de que só existe um tesouro verdadeiro, e a simplicidade é a via para alcançá-lo… Pois para ganhar o céu não vale o que se tem, mas o amor com que se dá.
Uma grande experiência vivida (entre tantas que eu poderia citar) foi em 2020, quando estando em missão, pude tocar na vida de um homem que buscava outros amores vivendo uma vida de prostituição por mais de 17 anos. Ele ainda não tinha experimentado o amor de Deus. Na vida dele, pude experimentar a força de uma mãe que não se limita em buscar a salvação de seu filho e pude vê-lo ser restaurado pelo amor de Deus.
Essa experiência fecundou o meu celibato: a força da maternidade espiritual.
Com os jovens posso me dar inteiramente. São eles a alegria do coração de Deus e do meu. Por eles oferto a minha vida e neles encontro sentido e amor a cada dia.
Vivi uma forte experiência na época da pandemia: tive um sonho no qual uma pessoa estava em um leito de hospital e me pedia ajuda, não conseguia ver seu rosto, apenas sua mão estendida. Esse sonho se repetiu por duas noites e fui rezar, pois sentia que não era um simples sonho, mas uma vida que Deus me confiava.
Na mesma semana, uma irmã do primeiro anúncio me procurou dizendo que havia uma jovem que estava internada e precisava de uma pessoa para visitá-la. Na hora me lembrei do sonho e prontamente disse que eu iria.
Os detalhes vieram depois: essa jovem tinha sofrido um abuso e estava internada na área psiquiátrica (onde eu tenho algumas resistências), mas já tinha dito ‘sim’ e não poderia voltar atrás. Foram alguns dias de tensão e de súplica a Deus para conseguir chegar àquela jovem. E, mais uma vez, pude experimentar a força da maternidade que nos faz ir além, bem como da promessa de Deus de que eu iria a lugares onde ninguém poderia chegar.
Durante alguns meses pude visitá-la. Entre nossas conversas, no dia em que ela iria ter alta, me olhou e disse: “toda vez que você me visitava, eu sentia uma presença diferente e hoje de forma especial me sinto sendo salva, como quando Deus desceu à mansão dos mortos para buscar Adão. Obrigada por não me deixar aqui sozinha.” Mal sabia ela que também eu estava sendo visitada por Deus através de sua vida, também eu estava sendo salva.
Com as crianças (que tenho um amor imensurável), renovo a oferta da maternidade biológica que tanto desejei para assim colher o 100x mais. Elas sempre foram a via para eu acolher a vontade de Deus. Em 2018 (estava trilhando o caminho de preparação para o celibato), tive a graça de ir para a expedição missionária em Chaves. Ao chegar na ilha em que ficaria por aqueles dias, fomos acolhidos por um coral de crianças. Ao olhar para elas, Deus falava ao meu coração que seria por elas. Que elas eram a minha maior oferta, e também a via que fecundaria a minha oferta.
Para minha maior alegria, em 2019 fiz meu primeiro voto no celibato no dia dos Santos Inocentes.
Como é a experiência ser esposa de Jesus? Se puder explicar um pouco a vivência com Deus e com os outros.
É aquela sensação de “Que loucura!” com “Não sou NADA merecedora” (risos). Mas, ao mesmo tempo, há a gratidão por tamanha eleição. É me sentir privilegiada por ser olhada diferente, amada diferente…
É ter um coração indiviso e, me deixando desposar, escolho também amar a todos.
É ter uma postura diferente diante do meu Esposo, escolhendo sempre viver com Ele, por Ele, para Ele. É viver um amor esponsal próprio, particular e ter o privilegio de ouvir confidências que muitas vezes Ele só fala ao celibatário.
Quais as maiores alegrias do seu celibato?
São tantas que fica difícil escolher, mas as maiores delas são:
Maternidade espiritual: os filhos são os frutos do amor e não é diferente ao celibatário, pois meu Esposo me confia a humanidade inteira;
Disponibilidade: Amar com prontidão, não ter algo ou alguém que me limite em atender ao chamado como e onde Ele quiser.
E sobre os desafios?
São muitos também. (risos)
O maior deles é a tentação de ficar olhando para trás. É a cada dia escolher não reter para mim aquilo que ofertei inteiramente.
Também não escolher uma vida cômoda, uma vida de solteira sendo que minha escolha foi de oferta total pelo Reino de Deus.
Tudo isso só consigo contando com a graça de Deus, que se dá por uma vida constante de oração.
Como é chegar aos votos perpétuos, ainda mais sendo a 1ª a chegar no “para sempre” na missão?
É ter a certeza de que não é mérito meu, mas pura graça de Deus. É ter um coração totalmente grato por tudo que vivi até aqui e mais ainda pelo que viverei até a Eternidade.
É me oferecer cada vez mais em amor pela missão, é deixar com que meu coração pulse no pulsar do coração do meu Esposo, e assim assim gere vida ao corpo comunitário e a outros celibatários (risos).
A que sinais as pessoas devem ficar atentas quanto a ser chamado ao celibato? E qual mensagem gostaria de deixar aos que aspiram este estado de vida?
São muitos os sinais. O maior deles acredito que seja a história de vida, nela contém todos os sinais para corresponder ao chamado. Porém cito aqui alguns para que possa ir inquietando a aqueles que se sentem atraídos e ainda não olharam para sua história, confiando na voz d’Aquele que o chama:
- Coração indiviso – desejo de amar a todos;
- Insaciedade – desejo infinito de Deus que não se preenche por nada e ninguém;
- Comprometimento, preocupação com a humanidade – de forma concreta os pobres e jovens;
- Postura diferente diante de Deus – Amor esponsal próprio do celibatário, forma diferente de se relacionar com Deus…
Como diz Santa Teresinha:
“Deus não me faria desejar coisas irrealizáveis, se não fosse Ele mesmo que as desejasse realizar”
Reze. Na oração o próprio Deus te falará ao coração e te seduzirá.
Deus abençoe.
Shalom!