Muitas vezes, nos momentos de tristeza e desânimo, passamos a enxergar tudo nublado, como o vidro do carro em época de chuvarada. Parece que nos esquecemos de como limpar esse vidro e, de repente, nossa visão só vê a névoa. Porém, no fundo da memória e do coração, queremos novamente enxergar a paisagem nítida, cheia de cor e inspiração que é a vida.
Ao mesmo tempo, também relutamos em querer vê-la. Parece que a dor não quer ir embora, almejando sempre um espaço maior. Diante disso, tentamos fugir dela, mentindo para nós mesmos ao dizer que ela não existe. Mas não importa para onde estamos fugindo; se a visão não for ajustada, trocar de ambiente só vai mudar o endereço da insatisfação.
É claro que, na transitoriedade do tempo, encontraremos muitos sofrimentos. Ainda assim, podemos escolher como vamos vivê-los, acolhê-los e enfrentá-los. Além disso, não precisamos atravessar esses períodos sem ajuda. Diante deles, permita-se ser cuidado e amado. E lembre-se:
Existe uma beleza muito própria no passar dos dias, pois eles passam.
Se ainda não sabemos como fazer isso, é preciso lembrar de uma coisa: não há como responder a todos os fatos que construíram o nosso “agora” — mas a paz só chega para quem abre mão do “e se”.
Dessa forma, em qualquer coisa que fizermos, errando ou recomeçando, rindo ou chorando, nossa incompletude estará menos incompleta e haverá a certeza de que tudo passa, o corpo ri, o Amor vence a morte e a Esperança não decepciona (Rm 5,5).
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