Formação

Mestre, Serei Eu?

comshalom

Qual seria a reposta de Jesus se lhe fizéssemos essa pergunta?

Bom, vamos começar esta reflexão do início.

“Um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: ‘O que me dareis se vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade
para entregar Jesus” (Mt 26, 14-16)

Um dos que em dia teve uma experiência de encontro que mudou a sua vida e, nesse encontro, ouviu o seu doce convite para segui-Lo e ele aceitou. Um seguimento mais próximo de Jesus, uma vida despojada e exigente, mas feliz. Nesse caminho juntaram-se outros, cada um pior que o outro, mas a todos Jesus acolhia com alegria e com aquela paciência histórica. Ele ensinava, corrigia, alertava e sobretudo amava. Como era bom estar com Ele! Estar entre os seus! Quantas festas, celebrações litúrgicas, missões. Algumas das vezes voltávamos mortos de cansados. Ele nos enviava em missão a pregar e até curar os doentes investidos do poder e da autoridade Dele, até expulsaram demônios! Como era bom!

Esse escolhido, no entanto, tinha o coração dividido, queria ter um pé no caminho de Cristo e o outro no seu próprio caminho. A sua consciência lhe acusava de que os dois caminhos não eram compatíveis, tanto que muita coisa ele fazia às escondidas e disfarçava-as com máscaras de virtude, como no caso da unção de Betânia, quando repreendeu a mulher que quebrou o frasco de alabastro derramando todo aquele perfume caríssimo nos pés de Jesus. Disse que era um tremendo desperdício, já que poderia vender e dar o dinheiro aos pobres. Bem sabemos que não era bem essa a sua intenção. Jesus o repreende dizendo que pobres sempre teremos, mas nem sempre o teremos entre nós. O coração desse discípulo ficou preso ao valor daquele perfume, ao mesmo tempo, seguir Jesus já não estava dando tanto prestígio, pelo contrário, estava se tornando arriscado, talvez uma “barca furada”. Ele precisava estabelecer seguranças, manter a amizade com Jesus e os seus discípulos, mas garantir também outras seguranças. Eis a grande ideia: já que os judeus queriam prender Jesus, ele iria entregá-lo a eles em troca de um valor em dinheiro! Combina então com os sumos sacerdotes o preço de 30 moedas de prata, o valor pago por um escravo. Assim, ele garantiria os dois caminhos. Se estar com Jesus se tornar uma “barca furada” ele disfarça e sai de fininho, e ainda ganha um dinheiro com isso! Por outro lado, se Jesus é realmente o Cristo, Filho do Deus vivo, Ele conseguirá escapar das mãos dos judeus como escapou nas outras vezes em que tentaram prendê-lo. E esse discípulo poderia voltar ao grupo e continuar a sua vida como se nada tivesse acontecido.
E eis que lhe aparece a grande oportunidade:
“No primeiro dia da festa dos Ázimos,os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: ‘Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?’
Jesus respondeu: ‘Ide à cidade,
procurai certo homem e dizei-lhe:
‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos’.’
Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa”. (Mt 26, 17-19) O referido discípulo estava lá com eles, foi comprar mantimentos, prepararam a sala, Jesus estava escondido, pois era procurado pelos judeus que queriam prendê-lo. Bom que continuasse escondido mesmo, para não estragar os seus planos. Cearam e, durante a ceia Jesus fala de traição. Seu coração gela, parece que o Mestre sabe! Alguns perguntam, Jesus fala de uma maneira que não deixa claro para todos quem o vai trair. Fica um clima tenso na mesa. Ele pergunta: ‘Mestre, serei eu?’. Jesus responde:
‘Tu o dizes, o que tens a fazer, faze-o depressa’. Alguns dos discípulos acharam que ele iria comprar mantimentos ou dar esmolas aos pobres, bom que pensem isso, era preciso manter a imagem. Eis a grande oportunidade! Jesus já sabia, precisava agir rápido pra não ficar mal com todos. Sabendo que Jesus costumava ir para o jardim das Oliveiras com seus discípulos, ele levaria os guardas até Ele para prendê-lo. Para mostrar-lhes quem eles deveriam prender, combinou que seria aquele a quem ele beijasse o rosto. Entregaria Jesus e não ficaria mau visto pelos demais e continuaria vivendo mesquinhamente a sua consagração. Ele só não esperava que o Messias esperado seria um Messias crucificado.

Diante do exposto, qual seria a minha resposta a essa pergunta: “Mestre, serei eu?”

 


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