Meu nome é Emanuele Sales, sou consagrada na Comunidade de Aliança da Comunidade Católica Shalom com promessas definitivas, e celibatária pelo Reino dos Céus com votos perpétuos. Moro em Paraipaba (CE) e faço parte da missão do Shalom na Diocese de Itapipoca (CE). Sou jornalista e professora. Escrevo aqui um pouco sobre uma experiência muito especial que vivenciei com a intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, na noite da concretização do meu estado de vida.
Antes de falar sobre aquela noite, preciso expressar ainda que minimamente a grandeza da proximidade de Santa Teresinha com quem a busca, e dizer o quanto eu acredito, querido leitor, que só pelo fato de você estar lendo essas linhas, nossa santinha já está querendo conquistar a sua amizade. Se me pedissem para falar qual a característica da intercessão dela que mais me marca, eu diria sem hesitar: sua capacidade de trazer Jesus para bem perto de quem lhe pede auxílio. Ela mesma escreve no poema “Jesus só”:
“A cada instante Tu me segues, Tu me guardas,
Vens sempre ao meu chamado, sem tardança,
E se, às vezes, parece que Te escondes,
Vens Tu mesmo ajudar-me a procurar-Te.
A Ti, Jesus, somente a Ti é que me apego,
Aos Teus braços acorro e aí me escondo.”
(Santa Teresinha do Menino Jesus)
Quem viveu na terra assim, tão certa da presença de Deus, seu único apego, e de que quando Ele se escondesse ela O encontraria, não teria outra coisa a fazer no Céu senão ajudar seus amigos espirituais da Igreja militante a também encontrá-Lo. Foi o que ela realizou em minha vida. Voltemos um pouco no tempo, ao ano de 2017, para que eu possa justificar essa afirmação e dar meu testemunho.
Em 2017, tive a oportunidade de peregrinar a Lisieux, cidade onde Teresinha viveu a maior parte de seus breves 24 anos. Nessa época, eu rezava pedindo a Deus que me ajudasse a discernir meu estado de vida. Eu tinha 29 anos e desejava intensamente dar toda a minha vida a Deus, vivendo somente para Ele. Esse desejo parecia ter nascido comigo, ter ficado abafado durante alguns anos, mas ter florescido novamente depois que passei a ter vida de oração. No entanto, eu me deparava ao mesmo tempo com minhas fragilidades, incapacidades e infidelidades a Deus. Como alguém tão imperfeita poderia corresponder a Alguém que ama com Amor perfeito, puro e infinito? Era essa a pergunta que eu me fazia diariamente. Sentia-me chamada ao Celibato pelo Reino dos Céus, que consiste em uma oferta total como hóstia viva e holocausto para o Senhor, mas não tinha coragem para abraçar esse estado de vida.
Diante do relicário de Santa Teresinha e do de seus pais, São Luis e Santa Zélia, eu pedi que Deus me desse a graça de viver um tempo novo ao retornar ao Brasil, que eu pudesse fazer a Sua vontade e que nada nem ninguém (nem eu mesma) fosse empecilho para que ela se realizasse. De fato, minha oração foi ouvida. No final do ano seguinte, senti-me plenamente segura da vontade de Deus, que tinha realizado uma grande obra de autoconhecimento e misericórdia em minha vida, levando-me a abraçar com amor e gratidão o Celibato. Minha Missa de primeiro voto no Celibato foi celebrada em 11 de abril de 2019, um dos dias mais felizes da minha vida.
Os anos passaram. Em 2023, eu já havia renovado meu voto no Celibato pela quarta vez e não queria adiar a vontade de Deus, se Ele mostrasse que era tempo de fazer o voto perpétuo. Trilhei o caminho de preparação, fiz os retiros pessoais, mas não consegui fazer o retiro comunitário naquele ano, condição para fazer o pedido. O próximo retiro só seria realizado em abril de 2024. Qual não foi minha surpresa, ao saber que a data seria a mesma da visita das relíquias de Teresinha a Fortaleza?! Antes de entrar no local do retiro, pude então ir ao Carmelo e rezar diante delas. Quando estava ajoelhada com minha rosa na mão, encostando-a no vidro que protegia o relicário, senti Teresinha me dizendo ao coração: “Viu só? Eu lhe disse que daria tudo certo!”. Não pude conter o riso nessa hora. Ela fez com que eu estivesse diante de si, no dia da oração que desencadeou todo o discernimento do meu estado de vida, e no dia da conclusão de todo o processo. Saí dali cheia de alegria, com a certeza de que minha amiga no Céu jamais esquecera um só instante de interceder por mim.
Chegamos, caro leitor, ao relato da noite em que foi selado o “para sempre”. Quis iniciar este escrito falando sobre ele porque foi o ápice da intercessão de Teresinha até agora em minha história. Era domingo, 23 de junho de 2024. Na Missa, estava grande parte da minha família, amigos e irmãos da Obra Shalom. Eu havia escolhido duas testemunhas para assinar a carta em que escrevera meu voto perpétuo: Adriana Leitão e Teresa Ramos, ambas consagradas na Comunidade de Vida e celibatárias com votos perpétuos. Eu não sabia até poucos dias antes da Missa que tinha de convidar mais duas celibatárias, além do sacerdote celebrante, para assinar a carta. Convidei então essas duas irmãs com quem sempre tive boa convivência, que são referenciais para mim, e as quais eu tinha certeza de que participariam da celebração. Toda a Missa transcorria muito bem, tudo estava belo. No ofertório, momento em que entreguei a carta, e o acólito a pôs sobre o altar, senti uma voz falando ao meu coração assim: “Eu sou a tua madrinha”.
Antes de fracionar a Sagrada Comunhão, o padre motivou a assembleia a desejar a paz mutuamente. Ao me voltar para os meus pais, que estavam sentados atrás de mim, eles dois estavam se cumprimentando. Voltei-me então para Teresa Ramos, que me abraçou. Nesse momento compreendi que aquela voz de minutos antes era novamente de Teresinha. Ela se tornava concretamente a minha madrinha, por meio da Teresa, cujo nome não é mera coincidência. Foi breve o abraço, de fato um “abraço da paz”, mas capaz de fazer vir à tona a “memoria amoris”, ou memória do amor, de uma amizade espiritual que me conduziu a encontrar Aquele que eu amo. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, rogai por nós!