“Esse tipo de verme não tem salvação”, “Será que vou para o inferno? Não senti pena nenhuma, pelo contrário, queria que fosse o triplo! ”, “Alguém já fez as contas do quanto o Brasil vai economizar com esse bando de vagabundos mortos? ”, “Queria que houvesse mais coisas deste tipo no Brasil! Seria um favor! “, ”Pena de bandido quem tem que ter é Deus! ”. Estes, foram alguns dos milhares de comentários feitos por internautas nas redes sociais, a fim de opinar sobre a recente chacina na penitenciária de Manaus, resultando na morte de 56 detentos.
Por outro lado, o Papa Francisco em Roma se manifesta pedindo orações pelos que morreram na violenta rebelião: “Convido a rezar pelos defuntos e seus familiares, por todos os detentos desse cárcere e por aqueles que trabalham ali. Renovo o apelo para que as prisões sejam lugares de reeducação e reinserção social, e que as condições de vida dos reclusos sejam dignas de pessoas humanas. ”
Durante o ano de 2016, tempo em que fomos chamados a viver de perto a virtude da misericórdia, quando o Papa Francisco, sabiamente disse que “a Igreja precisa desse momento extraordinário”, referindo-se ao Ano da Misericórdia. E foram inúmeras catequeses feitas a respeito de tudo que envolvia o “ser misericordioso para misericordiar”, ser mais humano.
Porém ao navegarmos pela internet, um espaço disponível para se expor opiniões e argumentos, o quadro é outro. Percebemos de fato como a humanidade sofre da ausência amorosa de Deus. São homens e mulheres, que mesmo ao gozarem de plena liberdade física e de expressão, deixam transparecer pelas grades do embrutecimento de seus corações, uma misericórdia encarcerada pela amargura e o ódio, que brota em cada post. Muitos justiceiros com argumentos tão cruéis, quanto a violência dos fatos.
A indiferença, é o principal algoz da misericórdia. Aos poucos vamos nos distanciando dos verdadeiros valores da vida e esquecendo que o próprio Deus criador de todos e de tudo, não faz distinção de pessoas. Vamos deixando de lado as obras de misericórdia, como visitar os presos e ali deixar um conforto, ou até mesmo rezar pelas almas dos fiéis defuntos, como o próprio Papa sugeriu. Além de não fazermos a nossa parte , ainda largamos a misericórdia a mercê de seu carcereiro, nos transformando em autênticos formadores carrascos de opinião, onde nem por um segundo pensamos em nos colocar no lugar dos presos ou se alegrar com a previdência de Deus em nossas vidas.E se fosse eu ou você vivendo esses momentos de terror?
Trancamos a misericórdia e soltamos as garras do egoísmo, da mentira, do rancor, da desesperança sem nem sequer abrirmos espaços para uma solução…uma saída.
Onde estão mesmo as chaves da cela da misericórdia?
Oremos!
Angela Barroso