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Missão: do sertão para a floresta

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Minha experiência missionária na Amazônia tem sido de grandes alegrias. Eu digo que se trata de uma dádiva muito natural na minha vida e missão de padre. Primeiro, trata-se de um desejo que me acompanhava há muito tempo. Segundo, a motivação dos 10 anos de ordenação. A Diocese de Itapipoca-Ceará, na pessoa do meu bispo Dom Antônio Cavuto, me convidou e enviou-me para cá, para a Igreja de Humaitá-Amazonas.

Chegando aqui, Dom Francisco Merkel, bispo de Humaitá-Amazonas achou por bem confiar aos meus cuidados pastorais a paróquia da Catedral, paróquia Imaculada Conceição. Eu vim aberto a qualquer serviço, contanto que eu pudesse contribuir com essa Igreja, carente de vocações sacerdotais; a única “coisa” que é pouca aqui onde estou é padre. Somos poucos para uma realidade geográfica e necessidades pastorais tão gritantes. Dos poucos, todos de outras regiões, dioceses e de Congregações. O mais, tudo tem, graças a Deus e aos missionários que por aqui passaram, e aos que continuam sua missão neste chão. Precisamos urgentemente trabalhar as vocações autóctones! Eu vejo sementes vocacionais nos jovens daqui. Também eles precisam sentir essa necessidade vocacional e responderem à altura.

A missão se dá no dia a dia. No contato com as pessoas, com as famílias, nas idas às comunidades ribeirinhas, quando posso, nos encontros pastorais etc. Aqui eu vejo muita semelhança com o nordeste. Por exemplo, o jeito de o povo rezar, as promessas e procissões, as devoções a Maria e aos santos. Há uma boa organização pastoral, mas que precisa abrir-se mais à perspectiva missionária. Também já se fala de “saída” missionária. Aqui é uma Igreja que já recebeu muito ao longo dos mais de 140 anos de missionariedade, desde quando recebe missionários estrangeiros e brasileiros. Há uma marca salesiana muito forte. A devoção e o carinho para com Dom Bosco e para com a Virgem Auxiliadora são muito pujantes. É preciso aproveitar esta graça e chegar ao coração dos agentes, para que eles entendam que também eles são missionários e que já a Igreja de Humaitá pode dar, também ela, de sua pobreza.

Desde que cheguei aqui que não me canso em dizer que Humaitá é uma Igreja viva, bem organizada, estruturada em comunidades e pastorais que ensaiam uma pastoral de conjunto. Isso é bem presente, mas, evidente, precisa dar passos. Espero contribuir, mas também isso não significa que, como missionário aqui, eu resolva esta percepção das urgências pastorais e missionárias. O caminho continua sendo construído. O importante é caminhar. A animação bíblico-pastoral, a abertura missionária, a formação dos leigos e demais agentes, vão exigindo de nós mesmos e nos entusiasmando. O método é este: Envolver, Planejar, Ver, Julgar, Agir… Avaliar, Celebrar, Novas perspectivas… E assim vai… Olhos fixos em Jesus de Nazaré, o Cristo.

Os encantos daqui são as belezas naturais, a mestiçagem do povo, gente de todo jeito e tantos lugares, os sotaques e as gírias: “coolega”, “cooleguinhaaa”, “maanoo”. A floresta, matas que atraem nossos olhares e nos fazem erguer a cabeça. Os rios, águas abundantes e reluzentes devido ao brilho de um sol escaldante. Em muitas partes, águas sombrias, pois cobertas pelas verdes matas. Também nos encantam as chuvas torrenciais e os ventos tempestivos, embora provoquem espanto. Longas estradas, caminhos certos, às vezes incertos, medidos quilômetro a quilometro, servindo de sinais para a o povo que vai e vem do 180 ao 150, ao 65, ao 90… Distâncias de 400 a 600 quilômetros… A mais… Pela terra e na superfície aquática. Ao longo dos percursos, grandes pontilhões, aldeias, povoados… As vendinhas pelo meio, aqui, acolá. Tudo saltam aos olhos, pois quem vem do sertão nordestino, acostumado com as belezas da caatinga, dos serrados e dos encantos praianos, certamente vê a diferença em ambas as belezas, nenhuma mais que a outra, simplesmente, diferentes. Cada uma com suas inspirações poéticas, suas canduras e fobias. É meu Brasil brasileiro!!!

Pe. Arnoldo Sales 


Comentários

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  1. ??????
    Simplesmente falou tudo! Pude perceber que há uma paixão aí. Fico feliz em saber que pessoas sábias e realmente compromissada como o senhor, tenham sido bem acolhidas aqui e retornando às suas terras com um pouco de quero ficar mais.

  2. ??????
    Simplesmente falou tudo! Pude perceber que há uma paixão aí. Fico feliz em saber que pessoas sábias e realmente compromissada como o senhor, tenham sido bem acolhidos aqui e retornando às suas terras com um pouco de quero ficar mais.