Moradores da Casa São Francisco, albergue administrado pela Comunidade Shalom, em Fortaleza, participaram nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro de Seminário de Vida no Espirito Santo. O abrigo acolhe 56 moradores de rua do sexo masculino que livremente pedem ingresso na casa.
Esse fim de semana foi marcado por muita alegria, pois o Projeto Mundo Novo, Projeto Juventude e Centro de Evangelização Shalom de Fátima muito se doaram para que eles também fossem tocados pelo amor de Deus a partir do Seminário.
Ministraram pregações os missionários Pe. Denys, Pe. Rômulo, Eveline Montenegro, João Patriolino, Cassiano Azevedo, Delcy e Fabiano Landim. Já Marcelo Braga e Banda E3 forma responsáveis pela música e animação.
“A Promoção Humana juntamente com seus assistentes vivem um tempo novo. Um tempo de resposta a tudo que o Papa Francisco vem falando sobre a Nova Evangelizaçao, sobre o pobre, sobre o ‘tocar a ferida’. Grandes libertações, principalmente de perdão, e curas foram realizadas. Mais de 25 moradores se confessaram”, informa Daniel Landim, um dos organizadores dos Seminários. Ele nos fala um pouco da sua experiência como assistente de Promoção Humana, vocacionado da Comunidade Shalom, casado, pai e advogado.
– Como e onde foi a sua experiência com os mais necessitados?
O meu grande encontro com o pobre ocorreu na Praça dos Leões. Já servia há algum tempo na Promoção Humana, especialmente na parte de planejamento, finanças e benfeitores das Casas, mas nunca tinha, realmente, tocado ou reconhecido o rosto de Jesus em um destes pequeninos. E em um dia, após uma reunião no Albergue, resolvi confessar-me na Igreja que fica naquela Praça. Enquanto caminhava, avistei uns cinco moradores de rua deitados no chão. Com bastante indiferença, baixei minha cabeça e apressei o passo para entrar na Igreja. Quando entrei, veio o arrependimento e a pergunta: por que estou na Promoção Humana se sequer olhei os rostos daqueles pobres? Então, resolvi voltar e conhecê-los. Foi uma das mais belas e dolorosas experiências que tive com o sofrimento de Jesus. Conheci uma criança de apenas 30 dias, com a mãe viciada em crack e portadora do HIV. Uma menina chamada Maria Clara. Naquele dia, descobri que naquele grupo de moradores, por mais que estivesse devastado pelas drogas e pelo abandono, ainda havia esperança e belas virtudes como: a ajuda e companheirismo de todos com a criação e proteção da criança. Inclusive, eles já haviam colocado suas vidas em risco para defender a mãe e a criança. Depois desse dia, passei a me dedicar mais, pensando nas pessoas e não mais, simplesmente, nas estruturas.
– Que frutos você percebe ao final de um Seminário de Vida no Espírito Santo, realizado na Promoção Humana?
Diante dessa nova mentalidade de juntar os outros projetos (Mundo Novo, Família, Juventude) com a PH, estou vendo uma chuva de graças que não via há muito tempo nos Seminários. As orações de cura e efusões não são mais as mesmas. É sempre um forte encontro com a eternidade. Normalmente, as pessoas que servem nesses momentos estão saindo mais tocadas e mais fortes em Cristo, até testemunhos deles estamos vendo. E desse encontro com os pobres, vemos que os servos de Seminário acabam se importando com o grito desses pequeninos. Já existe um grupo do Projeto Mundo Novo que acompanha individualmente cada interno da Casa São Padre Pio. São frutos de vida eterna para ambas as partes.
– Qual o maior desafio da Promoção Humana?
Pessoas para acompanhar pessoalmente, para ministrar formação, coordenar grupos, acompanhar as famílias… Resumindo, precisamos de gente disposta a ir além. Na verdade, precisamos que haja uma mudança de mentalidade em toda obra. O pobre não é uma “causa” da Promoção Humana, e sim de todo cristão. Ora, se devemos ser imitadores de Cristo, não podemos terceirizar o amor ao pobre!
– Como conciliar uma vida agitada com esse “olhar” para o pobre?
Depois que comecei a reconhecer Cristo nele, deixou de ser uma questão de tempo e passou a ser uma questão de prioridade. É o termômetro da minha vida de oração.
– Em quem você se inspira?
Papa Francisco. Ele não só fala, mas, principalmente, vai ao encontro e toca.
– Deixe uma mensagem para todos aqueles que se sentem chamados a esse serviço.
Se você é cristão, o chamado já está na sua alma. Todo imitador de Cristo deve servir aos pobres necessitados (moradores de rua, idosos, doentes, drogados, crianças abandonadas, etc.). Como diz o Papa, não se trata de uma questão social ou cultural, mas teológica. Uma grande maneira de começar é visitando nossas Casas e acompanhando um atendido. Ou venha servir nos próximos Seminários da PH. Será um encontro que, por incrível que pareça, mudará sua vida. Você, após esse encontro, viverá e encontrará na sua vida a verdadeira pobreza evangélica.
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Tamyres Vasconcelos