Moysés Azevedo, fundador e moderador da Comunidade Católica Shalom, no Encontro Geral da Obra Shalom em Fortaleza, falou sobre a alegria, inspirado no trecho da exortação apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco: “alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que encontraram Jesus”. Apresentamos o texto na íntegra:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!
Bom dia! Todos nós estamos aqui reunidos com o coração em expectativa para ouvir a voz de Jesus Cristo. Nós estamos cheios de expectativa para nesse nosso encontro geral da obra Shalom de Fortaleza, nós podermos ouvir o que Jesus fala para nós nesta manhã, porque Jesus sempre está nos falando. Ele sempre tem uma palavra nova, uma palavra forte, uma palavra que nos renova, uma palavra que nos fortalece, que nos envia.
E vocês sabem qual é o tema do nosso encontro geral neste ano? Eu quero que vocês deem esse tema com uma palavra só. Qual é a palavra? Para aqueles que não disseram é alegria. Agora vou perguntar de novo e vocês vão dizer bem forte! Qual é a palavra? A alegria! Nosso Senhor deseja nos falar da alegria! Sim, porque que Nosso Senhor deseja nos falar da alegria? Vocês sabem e eu já falei para vocês, mas vale a pena recordarmos que no início deste ano, quando nos encontramos com o Papa Francisco, uma das coisas que ele nos pediu, olhando nos nossos olhos, ele nos pediu que, como comunidade Shalom, nós trouxéssemos no coração e difundíssemos a sua exortação apostólica “a alegria do evangelho”, a Evangelii Gaudium. O Papa tem essa exortação apostólica no coração e quer que nós como obra Shalom também a tenhamos no nosso coração. E por isso serão poucas todas as vezes que nós aprofundarmos neste tempo essa exortação apostólica do Papa Francisco que fala da alegria do evangelho.
Por isso a comunidade escolheu como o tema deste encontro geral o início, podemos dizer assim, a primeira frase desta exortação apostólica: a alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que encontraram Jesus. É assim que começa esta exortação apostólica que o Papa dirige para a igreja no mundo inteiro. A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que encontraram Jesus.
Esta alegria para nós como obra e como comunidade Shalom, nós a reconhecemos na nossa identidade, no nosso carisma, que também serão poucas as muitas vezes que devemos retornar àquela passagem fundante, podemos dizer, da comunidade, da obra Shalom.
Peço que você abra a sua bíblia, porque, claro, você a trouxe, não é verdade? Lógico! Isso aqui não é nem para eu perguntar. Por isso peço que pegue sua bíblia, porque toda vida que você vai para o grupo leva a bíblia, sim ou não? Claro! O Papa Francisco diz uma coisa muito interessante. Ele diz, recomendando sempre: “Leve para onde você for, sempre ao seu lado, pelo ao menos um evangelho”, ele chama um evangelho de bolso. E nós, querendo seguir esta palavra não só do Santo Padre, mas esta inspiração do Espírito de trazer sempre a palavra de Deus no nosso coração e por isso também alimentá-la, trazê-la sempre perto de nós, nós sempre estamos com a bíblia. Onde pudermos estamos levando a bíblia. Trazemos dentro do nosso carro. Quando vamos para o nosso grupo de oração a levamos junto conosco. Todos os dias na nossa oração pessoal ela está do nosso lado. Quando vamos fazer a nossa adoração nós levamos também a palavra de Deus. Quando vamos para nossas ações, nossas missões nós levamos junto a palavra de Deus para ela estar sempre ao alcance da nossa mão. Você está segurando a sua bíblia, sim ou não? Pois a erga!! Balance! Ok! Agora a abra, porque não adianta só tê-la na mão. É preciso que nós a leiamos sempre.
Abra naquela passagem que é muito nossa: João 20. É muito conhecida nossa, nos identificamos como obra, como carisma, a palavra do evangelho fundante da comunidade Shalom. João 20, 19-20 diz: “Na tarde desse mesmo dia, que era o primeiro da semana, estando as portas da casa em que se achavam os discípulos trancadas por medo dos judeus, Jesus veio, pôs se no meio deles e lhes disse: a paz esteja convosco”, que na sua língua, aramaico, era Shalom, a paz esteja convosco. “Enquanto falava, ele lhes mostrou as mãos e o lado. Vendo o senhor, os discípulos ficaram tomados de intensa alegria”. Vendo o senhor, os discípulos ficaram tomados de intensa o quê? Alegria! Essa é outra dimensão fundamental e essencial na vida cristã e na nossa vocação. Sim, a nossa vocação é uma vocação de paz! Sim, a nossa vocação nasce do encontro com Jesus Cristo! Quando nos encontramos com Ele, a Sua misericórdia nos reconcilia com o Pai, nos reconcilia conosco mesmo, nos reconcilia uns com os outros, e aí entendemos o que é a paz.
Sabe um dos momentos mais bonitos em que entendemos o que é a paz? Um dos momentos essenciais onde podemos quase tocar a paz? No momento onde a nossa alma e a nossa carne experimenta a paz? Depois de uma confissão. Depois de uma confissão você quase que pode tocar a paz que lhe envolve. Você chegar numa confissão arrependido dos seus pecados, fazer uma confissão sincera e verdadeira, e você ouvir do sacerdote, como um ministro de Cristo: “Eu te perdoo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Vai em paz”. Você está reconciliado com Deus, está reconciliado consigo mesmo, com toda a igreja, com os outros, com a humanidade, e livre dos seus pecados, arrependido e com o propósito de não mais pecar, você encontra o perdão de Deus e a paz, a paz! A paz é quase tocada por você, e isso lhe dá uma grande alegria, porque perdoado, reconciliado, objeto da misericórdia divina, você tem a necessidade de dar de graça o que de graça você recebeu. Isso traz alegria.
O encontro com Jesus traz alegria. Se você não tem alegria no coração, ou você está passando uma fase difícil da sua vida, mas até nela, e vamos ver isso, nós podemos encontrar a alegria. Ou então você ainda não conseguiu entrar naquela sintonia mais profunda daquela presença continua e constante de Jesus no meio de nós, dentro do seu coração, na sua vida, porque quem vive com Jesus Cristo, mesmo no meio das dificuldades, encontra paz e alegria no coração. Por isso o Papa não hesita em dizer que a alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira, toda a nossa vida, mesmo nas nossas dificuldades! Mesmo nos nossos problemas, mesmo nas nossas tribulações, nas nossas fraquezas, podemos experimentar a força, o poder, a presença de Jesus que nos consola, que nos dá a paz e que nos dá uma fonte, uma fonte suave, contínua, consoladora, de alegria. A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que encontraram Jesus.
E diz o Papa: “Quantos se deixam salvar por ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento?”. Quando nos encontramos com Jesus nos sacramentos, na reconciliação, na eucaristia, na sua palavra, na oração, quando nos encontramos com Jesus servindo aos outros, brota desse encontro com Jesus uma paz e uma consoladora alegria que é capaz de invadir o nosso coração inteiro. Isso você experimenta. Quantas vezes você experimenta isso após uma confissão? Quantas vezes você experimenta isso após a participação da santa Eucaristia? Lendo a palavra de Deus, fazendo a sua Lectio divina e deixando que essa palavra tome conta, e como uma esponja que se enche de água você permite que essa palavra como que absorva. Você absorve essa palavra e essa palavra lhe absorve e lhe encha de consolo e força! Quanto diante da Adoração, diante da sua oração pessoal você é visitado pela graça de Deus, mesmo no meio das tribulações seu coração, sua alma se consola com alegria. Quanto depois de um tempo exigente de serviço, quantas vezes depois de um grupo de oração em que você está lá servindo, de um evento enorme como o Halleluya, em que se fica a madrugada inteira, de manhã, de tarde e de noite! Quando você esquece-se de você mesmo! Quando você esquece-se de você mesmo!
Quando você esquece-se de você mesmo a alegria se lembra de você! Quando você esquece-se de você mesmo e pensa em Deus, pensa nos outros, a alegria de Deus toma conta do seu coração. E você pode estar sofrendo, pode estar em tribulação, em dificuldade, mas você estará consolado, porque é o próprio Deus que vem te consolar.
Quando você está servindo aos pobres, quando esta evangelizando os jovens, as famílias, quando você está saindo de você mesmo, quando está saindo, entregando-se, consumindo-se, suando na madrugada, mesmo depois do trabalho, nos centros de evangelização, nas ruas! Quando você volta para casa, que consolo, que paz, que fortalecimento! É a alegria que nasce do evangelho, que, como diz o Papa, espanta o pecado, a tristeza, o vazio interior e o isolamento.
Vocês sabem qual é a maior raiz das tristezas que invadem o nosso coração? Uma das maiores raízes da tristeza que invade o nosso coração é o nosso isolamento. Quando nos fechamos sobre nós mesmos, quando queremos viver para nós mesmos, quando até a nossa espiritualidade é um ensimesmamento, é voltada para nós mesmos, os nossos problemas, as nossas dificuldades, os nossos… Quando até nos centralizamos nos nossos pecados, quando nos preocupamos em demasia conosco mesmo e até sem sentido com os nossos, porque quando estamos excessivamente voltados para nós mesmos, é o meu marido, meu filho, meu, meu, meu! Sua vida vira um inferno de angustia e de tristeza, porque é o meu que prevalece. Mas quando você sai desse isolamento, dessa cápsula de ensimesmamento e se volta para Deus, se volta para os outros, e você se consome nisso, se gasta nisso, você rejuvenesce, você é consolado pelo próprio Deus. O próprio Deus cuida das coisas que seriam objeto da tua preocupação e você experimenta a alegria que vem do evangelho.
A alegria que vem do evangelho nasce do perder-se, e essa é uma questão que se você acredita no evangelho ou se só acredita em você mesmo. Essa é uma das decisões mais cruciais da nossa vida. Acreditamos em Jesus, acreditamos no evangelho ou preferimos continuamente acreditarmos no nosso egoísta pensamento, que pensando em ganhar tudo, termina perdendo tudo, inclusive a própria alma? Isso é o que está continuamente muitas vezes diante de mim. Nas decisões que tenho de tomar prefiro pensar em Deus e nos outros ou em mim mesmo? E continuamente essa encruzilhada vai se apresentando. E quando decido em pensar em Deus e nos outros a consolação de Deus, a alegria do evangelho toma conta do nosso coração e renova a nossa vida. Você tem experiências assim, sim ou não?
Na verdade, na Evangelii Gaudium, o Papa nos convida a nós nos contagiarmos da alegria de Deus, não numa alegria que nasce em nós mesmos, mas uma alegria que nasce do próprio Deus. Essa alegria é de Deus. Imagina Deus alegre. Dá para imaginar Deus alegre, sim ou não? Porque Ele é alegria, é jubilo. Quando lemos os Salmos, lemos Salmos de jubilo. Deus não é um deus sisudo, não é um deus grave. Deus é alegria, e é a alegria Dele, a alegria do coração Dele, a alegria que pertence ao próprio Deus, que é um atributo divino que Deus deseja compartilhar conosco, ao que é Dele e que Ele quer que vivamos Nele, que experimentemos, nos contagiemos por Ele. E o Papa nos recorda disso nessa exortação, quando ele diz: “O convite mais tocante talvez seja o do profeta Sofonias, que nos mostra o próprio Deus como um centro irradiante de festa e de alegria”. O próprio Deus é um centro irradiante de festa e de alegria! O Papa está dizendo que o profeta, na palavra de Deus, mostra o próprio Deus como um centro irradiante de festa e de alegria! Um centro irradiante de festa e de alegria! E ele mostra com a palavra. Ele diz o seguinte: “Deus como um centro irradiante de festa e de alegria, que quer comunicar ao seu povo este júbilo salvífico. Enche-me de vida reler este texto: O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa (Sofonias 3, 17)”. Deus, diz o profeta, está no meio de nós como um poderoso salvador! Ele exulta de alegria, pelo Seu amor te renovará! Ele dança e grita de alegria por tua causa! Você já imaginou Deus dançando e gritando de alegria por causa de você? Imagina, por tua causa? Por minha causa? Deus em jubilo dança de alegria, pula de alegria!
O Papa Francisco gosta de umas figuras muito legais. Ele quebra muitos conceitos sisudos, aborrecidos, como ele gosta de usar na sua língua original, o espanhol, “aburridos”. O Papa não é de conceitos aborrecidos. Ele dizia, e é o Papa gente, não é outra pessoa não! Ele dizia: “eu não entendo como é que uma pessoa não consegue sair de si para louvar a Deus com jubilo e alegria, e só falta se esgoelar quando seu time de futebol faz um gol”. Isso é uma coisa que dizemos normalmente nos nossos grupos de oração, mas é o Papa que está dizendo.
Esse mesmo Papa diz: “Deus em jubilo dança e grita de alegria por ti, faz festa para ti”. Deus no meio de nós não está aqui como muitos de vocês, de braços cruzados e olhando com a cara bem fechada para a pregação que estou dando. Deus está aqui no meio de nós cheio de jubilo e de alegria porque você está aqui! Deus está cheio de jubilo e de alegria querendo comunicar a vida Dele, a alegria Dele. Diante da tua tristeza, diante da tua dor, do teu pecado, diante dos teus fracassos Deus está cheio de jubilo querendo lhe abraçar, querendo lhe envolver.
Você sabe o que é a Eucaristia mesmo? Será que quando celebramos a missa sabemos mesmo o que ela é? Os Padres da Igreja chamam a missa do comércio admirável. Sabe o que é isso? O que é um comércio? Vou lá, dou alguma coisa, escambo não é? Hoje damos dinheiro, mas antigamente faziam-se trocas. Estou precisando de carne, então levo arroz e troco por carne. Hoje damos dinheiro. E os Padres da Igreja dizem que a Eucaristia é um comércio admirável, aonde o homem dá o que ele tem dele mesmo, e Deus dá o que Ele tem Dele mesmo, e o que o homem tem de si mesmo? O que você tem que não recebeu de Deus, o que foi? A vida você recebeu de Deus, a sua saúde, virtudes, também. A única coisa que você tem de você mesmo, a única coisa que tenho de mim mesmo é o meu pecado. E na Eucaristia eu chego ao altar e coloco a minha tristeza, coloco o meu pecado, coloco a minha fraqueza no altar. A apresentação das ofertas é isso! Coloco lá no altar o meu pecado e Jesus dá a Sua alegria, a Sua misericórdia, a Sua graça, a Sua vida eterna, a Sua santidade para nós.
Por isso Ele está cheio de jubilo não importando a sua situação. O que Ele quer é mudar a minha, a sua, a nossa vida. Ele quer tirar as vestes de tristeza, as vestes de luto, do pecado, da dor e quer nos envolver com as vestes de jubilo da Sua misericórdia e da Sua alegria. Comércio admirável de Deus. Por isso Ele cheio de jubilo quer nos contagiar com a Sua alegria. Mesmo nos momentos mais difíceis, e especialmente neles. O Papa diz que mesmo no momento mais difícil quem se encontrou com Jesus, e quem se encontrou aqui com Jesus diga eu! Pouca gente hein, ou sem convicção. Quem se encontrou com Jesus diga eu! “Quem se encontrou com Jesus Cristo, mesmo nos momentos mais difíceis, permanece dentro dele um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de sermos infinitamente amados por Ele. Compreendo que as pessoas que vivem momentos de tristeza por causas graves tenham dificuldades para suportar, mas aos poucos é preciso permitir que a alegria da fé comece a despertar”.
A fé é alegria. A fé enfrenta os momentos difíceis. A fé enfrenta os momentos dolorosos. A fé enfrenta os momentos de tristeza e ela sempre lá dentro, lá dentro traz como um rio que corre submerso, nas regiões mais profundas do nosso ser, uma alegria divina que pouco a pouco emerge e transforma a nossa vida. Emerge e transforma a nossa vida mesmo nos momentos mais difíceis.
Diz o Papa na exortação apostólica que a alegria é fruto da Cruz e da Ressurreição de Cristo, é fruto de uma vida doada, de uma vida ofertada, da vida ofertada de Cristo na cruz que gera a ressurreição da nossa vida ofertada. “Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos”. Você quer ser feliz? Quer alegria, sim ou não? Quer experimentar da alegria profunda sim ou não? Pois vá além de você mesmo. Vá além das suas forças. Vá além das suas capacidades. Não entre nessa: “Ah é demais para mim. só vou até aqui. Eu sei dos meus limites. Amar? Tudo tem um limite na vida, inclusive a paciência, o amor. Eu tenho que amar a mim mesmo”. Essa, querido, é a receita da infelicidade, da tristeza. Diz um famoso pensador: “A raiz da tristeza mais profunda do nosso coração, mesmo que a gente não saiba, é a nossa resistência em amar os outros na mesma medida em que fomos amados por Deus”. Essa é a raiz da nossa tristeza.
Mesmo que a gente não saiba, e eu sei que na nossa cabeça começa a vir um bocado de caraminhola, “não é bem assim não. Moysés está dizendo assim nessa pregação, mas não é bem assim não”, caraminhola! O evangelho é o evangelho, o Moysés é o Moysés. O Moysés é pobre e pecador, mas o evangelho não mente. O evangelho não mete. Aquele que quiser ganhar a sua vida vai perder e aquele que perder a sua vida por amor a mim vai ganhar. Eu todos os dias tenho de ver essa passagem, tenho de me lembrar dela, e parece que todo dia e todas às vezes tenho de pregá-la, repeti-la também para vocês. O evangelho é o evangelho! O evangelho diz: você quer ser feliz? Quer a alegria? Então perca a sua vida, não viva para você mesmo. Oferte, vá além de você mesmo.
Todas as vezes em que você for além de você mesmo por amor a Deus, porque sabe quando é que vamos além de nós mesmos muitas vezes por puro egoísmo? Vamos além de nós mesmos “ah, quero ir para aquele lugar, quero passar minhas férias não sie aonde, e aí faço o jejum que não faço, para economizar”. “Quero emagrecer, preciso perder aqueles quilos”, e aí fico a pão e água uma semana para ficar magro e bonito, e não para fazer penitência por amor a Deus e aos outros. Isso sabe o quê que provoca? Tristeza na alma, na minha e na sua. Aumenta aquela sede insaciável de felicidade que nós temos e que isso não alimenta. Mas para me doar aos outros, para servir aos pobres, servir aos jovens, às famílias, para evangelizar, para dar de graça o que de graça recebi, quando por amor eu me sacrifico, saiba que jubilo e alegria você encontrará dentro de você.
O problema é nós nos deixarmos convencer por isso, nos deixarmos convencer pela palavra de Deus e pela oração. Convencer-nos dessas palavras que o Papa diz: “Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento”. Você quer que sua vida seja cheia de jubilo e de alegria? Doe-se. Doe-se. Na doação a vida se fortalece. Mas você quer se enfraquecer, quer ficar triste, elegeu como prioridade da vida a depressão? Elegeu como prioridade da vida o fechamento em si? Então se você quer isso seja comodista, continue nesse seu comodismo. Continue na sua poltrona, continue pensando em você mesmo, e aí sim, como diz o Papa, no comodismo e no isolamento ela se enfraquece. Diz o Papa: “De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais”. Eis a receita: se apaixonar pela missão. Eis a receita da alegria: se apaixonar pela missão de dar a vida aso demais. Esta é a receita da alegria.
Na verdade o Papa nessa exortação apostólica diz que a alegria do evangelho é uma alegria missionária. Quando eu me apaixono, eu encontrei o sentido da vida. Quem aqui encontrou o sentido da vida em Jesus Cristo diga eu! E aí o Papa diz que não dá para entender alguém que encontrou o sentido da vida em Jesus Cristo e não se apaixone em comunica-lo para os outros que ainda não o conhecem. E quem se apaixona por isso, quem deixa a sua vida se envolver por isso, encontra uma alegria escondida, a alegria do evangelho, a alegria missionária, a alegria que brota da cruz e ressurreição de Cristo! A alegria do Espírito Santo! Quem se deixa apaixonar pela missão de ser doador da vida recebida, da vida de Cristo, este sabe o que é alegria. Quando é que você tem experimentado essa alegria?
Por isso que o Papa diz qual é a maior das alegrias. A maior das alegrias que o Papa diz é evangelizar: “Quando a Igreja faz apelo ao compromisso evangelizador, não faz mais do que indicar aos cristãos o verdadeiro dinamismo da realização pessoal”. Estamos sempre ouvindo “quero me realizar, quero me realizar”, e vai buscando sempre para si uma auto referência, uma auto realização. Esse nunca vai se realizar. Este daqui, o que vive buscando para si mesmo a realização saiba: nunca vai se realizar. E por isso o Papa diz que quando a igreja mostra a missão, ele está mostrando o dinamismo da realização pessoal. Eu me realizo quando realizo os outros, quando saiu de mim mesmo, quando me doo, me oferto, evangelizo, quando não penso em mim mesmo, aí Deus pensa em mim e a obra Dele, a alegria Dele, Ele me faz participar da Sua alegria, porque Deus é assim.
Você já imaginou Deus pensando em si mesmo? Deus pensando em si mesmo nem nos criado tinha, nem você existia, mas é próprio de Deus viver voltado. Deus é uma comunhão trinitária, o Pai ama o Filho, o Filho ama o Pai, e é um amor tão grande que é uma pessoa, o Espírito Santo. Deus é abertura. Deus é doação, e Ele nos fez à Sua imagem e semelhança, e presta atenção! Enquanto você não escolher viver se doando, se entregando, se ofertando, se perdendo, você vai continuar triste, acabrunhado e infeliz! Podem bater palmas porque é a verdade, e que estas palmas acordem a nossa consciência, que as palmas acordem a nossa alma, porque nós seremos felizes, alegres, quando vivermos na dinâmica do evangelho. Não pensando em nós mesmos, evangelizando, saindo, se doando, comunicando a vida recebida, comunicando Jesus. Se o encontro com Jesus é alegria, fazer os outros encontrar Jesus será a nossa alegria. É a nossa alegria!
Se isto é fonte de alegria, também o Papa nos lembra de que devemos evangelizar com alegria. Se evangelizar é fonte de alegria, a nossa evangelização deve ser marcada pela alegria. Atenção obra Shalom! Atenção obra Shalom! Ao evangelizar, por favor, com os olhos, com os lábios, com as palavras, com o coração transmita a alegria. Não um dever, não um peso simplesmente. Nós devemos evangelizar, mas não é isso que vem em primeiro lugar. A nossa evangelização tem que ser alegre. Se experimentamos a alegria, o mundo precisa experimentar a alegria que está em nós. Você não pode chegar para evangelizar com a cara fechada. Você não pode chegar para evangelizar onde as pessoas não tem acesso a você. Na sua família sempre brigando, fazendo confusão, sempre querendo impor o evangelho garganta abaixo e não de coração para dentro, porque o evangelho ninguém impõe. O evangelho nós sempre propomos, e com alegria, com sorriso nos lábios. Não com condenação, mas com misericórdia. Com misericórdia! Não constrangendo ninguém, mas despertando o interesse de alguém. Por isso o Papa nos lembra de que é preciso evangelizar com alegria. Diz ele: “Recuperemos e aumentemos o fervor de espírito, a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! E que o mundo do nosso tempo, que procura ora na angústia ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foi quem receberam primeiro em si a alegria de Cristo”.
Sabe uma das coisas mais belas quando nós evangelizamos? Às vezes quando vamos evangelizar parece que é uma tarefa maior do que nós mesmos. Vamos evangelizar ou vamos encontrar uma pessoa e evangeliza-la, e parece que estamos com uma tarefa enorme. Atenção! Quando evangelizamos, Jesus é que evangeliza conosco, na nossa frente. Isso tira um peso enorme das nossas costas. Quando vou abordar a evangelização de alguém, não vou fazer outra coisa, não tenho sobre mim uma responsabilidade de convencer aquela pessoa, de render aquela pessoa, de fazer com que… Não! Ao evangelizar é Jesus, é Jesus quem está trabalhando, eu sou um dos colaboradores da evangelização daquela pessoa. Não sou eu quem evangelizo e Jesus que colabora comigo, não! Eu vou dar um testemunho alegre da misericórdia de Deus recebida na minha vida, e vou testemunhar para esta pessoa, mas é Jesus que está fazendo a sua obra comigo e “semigo”. É Ele, Ele que vai continuar a obra na vida daquela pessoa. Ele que começou antes, que está fazendo durante e vai continuar depois. É reconfortante saber isso! Jesus está ao meu lado aqui, Ele está trabalhando na vida daquela pessoa, Ele está tocando nas áreas que nem sei e nem conheço nem experimento, e vou fazendo a minha parte, e Ele vai fazendo a Dele.
Diz o Papa: “Jesus é o primeiro e maior evangelizador. Em qualquer forma de evangelização o primado é Dele. Esta convicção permite-nos manter a alegria no meio de uma tarefa exigente”. Jesus é que está fazendo esta obra. É Ele quem faz. E lembrem-se! Quando evangelizamos, nós não evangelizamos números. Sim, às vezes precisamos saber quantas pessoas foram para o Halleluya, isso é importante. É importante sabermos quantas pessoas participaram do nosso grupo de oração. Sim, isso é importante, é interessante, mas evangelizamos pessoas. Pessoas! Pessoas! E aí ao encontro daquela pessoa tenho que acolher aquela pessoa, fazer como Jesus fazia! Acolher aquela pessoa e ouvi-la, testemunhar a misericórdia de Deus e deixar Jesus fazer a Sua obra na vida dela.
Mesmo hoje nas redes sociais pensamos que evangelizamos através das suas telas, não! São pessoas que estão ali atrás! Atrás do facebook é uma pessoa, atrás do twitter é uma pessoa, atrás do instagram é uma pessoa, são pessoas que nós evangelizamos! Não são conceitos, não são coisas subjetivas. Nós encontramos pessoas e comunicamos Jesus, e é Jesus quem faz! Quantas evangelizações nós percebemos isso? E onde você está! Por exemplo, estou muitas vezes em aviões, e é lá muitas vezes que tenho contato pessoal com aquelas pessoas. Uma vez sentei-me ao lado de uma pessoa, estávamos voltando de Roma, e era um português conversador, mas é uma pessoa amada por Jesus Cristo. Esse português começou a querer saber meu sobrenome, porque era estudioso disso. Ao perguntar-me se eu sabia de onde vinha meu sobrenome, eu disse que achava que vinha do azeite, da árvore do azeite. Ele disse que não, que Azevedo é um arbusto espinhoso, e eu disse: “então sou eu mesmo”. Ele disse: “Como?”, e eu disse: “Sou eu mesmo. este sou eu. E através do arbusto espinhoso que sou eu, nós podemos entrar num diálogo”. E aí eu fui mostrar o arbusto espinhoso, mas muito amado por Deus. Ainda hoje ele se comunica comigo por e-mail, está doido para vir à Fortaleza para conhecer esse Shalom que ele nunca ouviu falar, e Deus está fazendo a obra na vida dele. Ele não mora em Portugal não, mas no norte do Brasil, em Rondônia. Não tem Shalom lá, mas Deus está fazendo a obra Dele.
Às vezes pensamos que a nossa evangelização depende de um sucesso imediato, não! Devemos dar e com sabedoria comunicar essa alegria, essa misericórdia de Deus. Quantas vezes eu entrei no twitter para evangelizar, porque as redes sociais são sempre um desafio para mim. Todos os dias antes de colocar a minha frase rezo e me coloco diante de Deus. Os meninos lá de casa dizem assim: “ Ave-Maria Moysés, se o pessoal soubesse que você faz tudo isso para colocar uma frase dessas”, mas não é! É uma frase que digo para uma pessoa, não é que ponha na tela qualquer besteira. É para uma pessoa! Vai chegar a uma pessoa que está numa situação que não sei qual é e que pode manifestar a misericórdia e a graça de Deus para aquela pessoa. Impressiono-me quando às vezes vem uma pessoa dizendo que esta frase foi para ela. Às vezes nem rezei tão bem como gostaria e coloquei uma frase, e ela fica horrível! Como se fosse a minha frase que fosse evangelizar alguém, que presunção… Que presunção… E às vezes naquelas mais pobres Nosso Senhor faz uma obra de misericórdia, onde a pessoa diz: “Eu não poderia dormir esta noite sem esta frase”, e eu digo: “Oh meu Deus, mal sabe de onde vem, de um espinheiro, um arbusto espinhoso”, mas são pessoas.
Uma palavra que damos, um olhar, uma fotografia que tiramos, um Deus abençoe que damos. Comunicamos o que recebemos para pessoas que precisam. São pessoas, como você é uma pessoa que um dia precisou do testemunho alegre e misericordioso de Cristo, que entrou na sua vida e a mudou, mudou a sua história, porque por amor a Deus e por amor a você, alguém se doou com Cristo, se ofertou com Cristo. E evangelizar é isso, é se ofertar, se dar, se entregar e comunicar esta alegria recebida para outra pessoa que sofre, que ama, que tem desafios, tristezas, dores, que precisa da consolação de Deus, da alegria de Deus. Quando você evangeliza, você se compadece, entra no coração, percebe que não é um organismo, que são pessoas que necessitam da alegria de Deus?
A alegria do evangelho é a alegria de compartilhar a misericórdia divina. Quem foi e quem é objeto da misericórdia divina diga eu! Isso é que trouxe alegria para nossa vida. Conhecermos um Deus misericordioso, um Deus que não se cansa de perdoar, um Deus que está pronto para nos dar sempre uma nova chance. Um Deus que não só perdoa, mas nos transforma, muda a nossa história. Um Deus que se revela na face de Jesus Cristo, que dá a Sua vida por nós, e que nos enche da Sua misericórdia. E essa misericórdia precisa ser compartilhada para que possamos usufruir mais perfeitamente dela.
Sabe por que você não usufrui mais profundamente da misericórdia divina? Sabe por que eu e você não usufruímos? Porque não compartilhamos com toda a intensidade que poderíamos. Deus sempre coloca essa relação para nós, que devemos “perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos”. A misericórdia divina nós usufruirmos cada vez mais profundamente dela quanto mais nós a partilhamos. Quanto mais você dá misericórdia para os outros, quanto mais você comunica misericórdia para os outros, mais você experimenta, usufrui da misericórdia divina, e isso gera alegria. A alegria do evangelho é um compartilhar da misericórdia divina, é um dar a misericórdia divina.
Por isso que o Papa Francisco diz o seguinte, é uma convocação: “Quero dirigir-me aos fiéis cristãos para uma nova etapa evangelizadora, marcada por essa alegria”. A nova etapa evangelizadora é marcada por essa alegria! “Trata-se de um forte chamamento a todos os batizados para que com fervor e dinamismo novos levem aos outros o amor de Jesus em um estado permanente de missão”. E para isso o Papa pede uma coisa, “que todos os templos tenham as suas portas abertas, em todas as partes, para que todos aqueles que o procuram não se deparem com a frieza de portas fechadas”. O que o Papa está pedindo? Todos os templos com portas abertas, porque o mundo de hoje procura Deus, a Sua misericórdia. O mundo de hoje, o homem de hoje não pode encontrar templos de portas fechadas, tenho certeza.
Você já pensou na igreja perto da sua casa. Já a viu com as portas fechadas e disse: “Ave-Maria! Tá vendo? O padre tinha que abrir a igreja. Tinha de estar com as portas abertas para que quando as pessoas chegassem…”, e você faz um discurso eclesial sobre a importância das igrejas estarem de portas abertas. Qual é o primeiro templo de Deus? Nós. Eu e você somos os primeiros templos do Espírito Santo. Os templos construídos que devem ter suas portas abertas também são só sinais do nosso coração, aonde Deus habita. Sinais da igreja, grande corpo e tempo de Cristo.
Então o primeiro templo que tem de estar com as portas abertas sabe qual é? Levante seu dedo e aponte para o seu coração. O primeiro templo está aí. É esse primeiro templo que tem de estar com as portas abertas. Tem gente que não pôs. Levantem o dedo, repitam comigo: o primeiro templo que tem de estar com as portas abertas para não rejeitar ninguém, para acolher a todos e comunicar a misericórdia divina, seja quem for, inclusive, e aí pode pensar na pessoa que você está pensando, a pessoa que você não quer de jeito nenhum, continua com o dedo levantado! Inclusive esta pessoa, é o templo do meu coração. Este templo aqui tem de estar com as portas abertas. Tinha gente com a mão no queixo, o coração estava no queixo.
Esse coração tem de estar com as portas abertas para comunicar a misericórdia divina. Ao chato que você acha, mas amado e querido de Deus. Ao sujo para os seus olhos, mas talvez não tão sujo quanto a minha e a sua alma. Ao fedorento para o seu nariz, mas não talvez para Deus que conhece mais o cheiro das almas do que simplesmente o cheiro do corpo. Ao perseguidor que pode ser um Saulo que se transformará em Paulo. O templo do meu coração tem de estar aberto a todos e especialmente aos que mais sofrem. Um templo aberto.
Qual é o meu primeiro templo? Meu coração. O segundo templo é a minha casa, a nossa casa. A nossa casa tem de estar de portas abertas para quando as pessoas chegarem poderem experimentar o amor de Deus. O quê que as pessoas que entram na sua casa experimentam? Confusão? Discórdia? Televisão troando bem alta? Todo mundo na internet? O quê que quando as pessoas que entram na sua casa experimentam? Acolhimento? Evangelho vivo? Misericórdia de Deus? Ou frieza, indiferença? Templos não só para acolher, mas o Papa diz que nossos templos têm de estar de portas abertas para acolher e para sair, para irradiar. Por isso o meu coração tem de estar de portas abertas para eu sair. Por isso que a minha casa tem de estar de portas abertas para ser uma fonte de mandato missionário, a família que evangeliza juntos! Templos de portas abertas para acolher e para irradiar, para empurrar para a missão! Para ir ao encontro, para sair e ir ao encontro dos que estão longe de Cristo e longe da igreja. Templos que são os nossos centros de evangelização. Os nossos centros de evangelização têm de estar de portas abertas para acolher e para irradiar, para que as pessoas que ali entrem, nos nossos grupos de oração, que ali entrem, experimentem o testemunho de Cristo. E nossos grupos de oração, nossos centros de evangelização que partam, que vão ao encontro! Vão para as praças, para as ruas, para os terminais de ônibus! Aonde tem uma pessoa da obra Shalom deve ter ação evangelizadora de Cristo! As pessoas que entram em contato comigo e com você devem ser contagiadas pela alegria de evangelizar, porque a evangelização acontece por contágio.
A evangelização, dizem os Papas continuamente, ela não é proselitismo, mas é contágio! Quem entra em contato conosco deve se contagiar. Você já viu aquela pessoa espirrando, numa gripe, como dizia minha mãe, numa gripe nova. Vocês já ouviram esse termo? Mamãe dizia: “Eita, esse daí está com uma gripe nova. Nem encosta porque pega”. Contágio! Pois é! Há o contagio que leva à enfermidade e há o contagio que leva à vida. Devemos ser pessoas que contagiam o evangelho de Cristo, que contagiam o ânimo de evangelizar. Que as pessoas que chegam para nós se sintam contagiadas com a alegria de Deus, contagiadas com a misericórdia.
Como é que você vai evangelizar uma pessoa? “Fulano, para onde você vai?”, “vou para um compromisso da obra, da comunidade, porque você sabe que é todo dia, não é?”, como é? E é um peso para você? “Não, não é que seja um peso”, já foi meu filho, acabou-se. As pessoas têm de ver nos seus olhos, no seu coração, na sua palavra, no seu fervor a alegria de quem experimentou a misericórdia, e de quem dá a vida com alegria, e não dá a vida como um peso, como um fardo, como alguém sempre empurrando. Não! Mas alguém contagiado pela misericórdia, e quem chega vai pegando esse contágio, esse santo vírus novo que se espalha pelo ar, pelo contato. A misericórdia e a necessidade de evangelizar. A necessidade de evangelizar, a alegria de evangelizar.
E finalizo. O Papa indica as grandes tentações para perderemos essa alegria do nosso coração. Vou só nomear, e depois ele vai mostrar os remédios para essas tentações. Anote, porque acho que vai lhe ajudar. Muitas vezes a alegria de evangelizar é roubada do nosso coração e o Papa diz: “Não deixem que roubem a sua esperança e a sua alegria de evangelizar”. E ele vai dize como é que o inimigo faz para roubar a alegria de evangelizar do nosso coração, a alegria do evangelho no nosso coração. Ele vai dizer:
1. Individualismo: quando vou vivendo me isolando, me fechando em mim mesmo, querendo fazer os meus planos, meus projetos. Vou me afastando do grupo, da comunidade, vou me afastando da obra. “Afinal, eu já dei muito. Afinal, agora tenho outras prioridades. Afinal…” Esse afinal é a final mesmo, vai finalizar tudo para baixo. Quando você começar o afinal já está na final, em estado terminal mesmo, entenderam?
2. A crise de identidade: quando já não sei mais quem eu sou. Essa era a grande questão do povo de Deus. O povo de Deus queria ser como todos os outros povos. Perdeu a sua identidade, a sua característica própria.
Meu filho, se você quer ser igual ao mundo, você já é mundo. Quando nós perdemos a nossa identidade própria de ser cristão, de ser evangelizador, de ser Shalom, e você sabe o que é ser obra Shalom, aquele fervor! Dom Aloísio Lorscheider, no início da obra eu dizia: “Dom Aloísio, o senhor tem algum conselho a nos dar?”, e ele dizia: “Moysés, nunca percam o fervor”. Nossa crise de identidade começa quando começamos a perder o fervor, o fervor de amar a Deus, o fervor de se doar, de evangelizar, de se consumir. A crise de identidade do nosso ser Shalom, da vida de contemplação, da vida de unidade, da vida fraterna, da vida de evangelização.
3. Rotina cinzenta: quando começamos a fazer todas as coisas de uma forma no automático, “faço porque tenho de fazer”, e vou simplesmente batendo o ponto, e a nossa vida vai se transformando em medíocre. Isto rouba a alegria do evangelho do nosso coração.
Deus sempre quer nos fazer novos. Deus sempre quer nos dar ânimo novo, disposição nova. Deus sempre tem coisas novas para realizar na nossa vida.
4. Pessimismo estéril: “Ah, vamos fazer isso no nosso grupo de oração?”, “não, não vai dar certo não. É muito difícil”. Olha, se tem uma palavra que eu não gosto, isso é o Moysés, não é o evangelho mais não. Pode ser que seja igual ao evangelho. Se tem uma palavra que eu não gosto é a palavra difícil. Para mim a palavra difícil deveria ser substituída por desafiante. Porque difícil é algo que não dá para resolver. O desafiante é o que é maior do que eu, mas que com a graça de Deus eu posso superar. Esse pessimismo é estéril.
5. Comodismo espiritual: espiritualidade do bem estar que recusa os compromissos fraternos. Isso rouba a alegria do evangelho.
6. Mundanismo espiritual: consiste em procurar em lugar da glória do Senhor a glória humana. Isto destrói. Quando nós não procuramos promover a glória de Deus, mas nos autopromover. Isso destrói a alegria do evangelho.
São as tentações. E os remédios?
1. Conduzidos pelo Espírito
2. Que rezam e trabalham
3. Com parresia
4. Com paixão por Jesus e paixão por seu povo
5. Tocando a carne sofredora de Cristo
6. Com estilo mariano
O Papa diz que o primeiro remédio é sermos evangelizadores com o Espírito, conduzidos pelo Espírito. Homens e mulheres que rezam e trabalham, são embebidos pelo Espírito, pela palavra, pelos sacramentos, pela oração, pelo fervor. Rezam e trabalham, e diz o Papa, e tem parresia. Conduzidos pelo Espírito, rezam e trabalham, e agem com parresia, com fervor, com ousadia, com coragem.
Quem tem paixão por Jesus aqui diga eu! Eu não vou perguntar a segunda coisa, mas vou pedir para você refletir: quem é apaixonado por Jesus deve ser apaixonado pelo povo Dele, deve ser apaixonado pela humanidade. Deve ser apaixonado pelo grupo de oração, pela igreja, pela comunidade, pelos jovens, pelos pobres, pelas famílias.
Você quer medir sua paixão por Jesus Cristo? Meça a paixão com a qual você se dedica àqueles por quem Ele deu a vida. Paixão platônica, só da boca para fora, essas Jesus diz: “Não te reconheço”. A paixão por Jesus Cristo se mede pela capacidade que tenho de me doar por aqueles por quem Ele deu a Sua vida.
Tocando a carne sofredora de Cristo. Este mundo que está aí, que desconhece Cristo. Os jovens que estão aí que desconhecem Cristo. Vitimas das drogas, da violência. Essa cidade que está aí que desconhece Cristo. Os pobres, os que sofrem da pobreza material, da pobreza espiritual, da pobreza moral, que desconhecem Cristo. Tocar a carne de Cristo.
Quando você evangeliza, quando conversa com alguém, vai ao encontro de alguém que desconhece para evangelizar, você toca a carne de Cristo, e isso renova você. Eu tenho certeza que após um aconselhamento, após uma evangelização ou um evento, após você tocar a carne de Cristo em outra pessoa, você sai restaurado, revitalizado. Este é um remédio: tocar a carne de Cristo naqueles que sofrem por desconhecerem a Cristo. Sofrem a pobreza material, a pobreza espiritual, a pobreza moral. Consolá-los com o amor de Cristo. Tocar a carne de Cristo nessas pessoas.
E por fim, dentro de um estilo mariano. Nós não evangelizamos como as seitas. As seitas olham para você como mais um número a ser conquistado. Nós evangelizamos como Nossa Senhora, com estilo mariano, com o coração cheio de ternura, com respeito pelo outro, e gratuitamente dando Cristo. Não com falsos interesses, não com outros interesses, mas com o único interesse de dar a consolação de Cristo para aqueles que evangelizamos. Com o estilo mariano.
E o Papa termina: “Não pode haver evangelização sem o anúncio explicito de Jesus Cristo, porque Nele se encontra toda a misericórdia divina”. Que Nosso Senhor nos dê essa graça de nós vivermos esta alegria.
Meus irmãos, meus irmãos! Esta é a nossa alegria. A alegria da sua família está em você educa-la assim. A alegria da sua juventude está em você vive-la assim. A alegria da sua terceira idade, da sua vida idosa está em você consumi-la assim. Não vamos fazer como São Paulo tantas vezes nos advertia. O risco de começarmos bem, começarmos no Espírito e terminarmos na carne. Quantos de nós começamos bem, cheios de alegria e fervor, e com o tempo vamos caminhando para uma vida mundana e carnal. Não!
Aproveitemos e relembremos sempre: esta é a nossa alegria, evangelizar, dar de graça o que de graça recebemos, ofertar, consumir a nossa vida. Esta é a nossa alegria! Diga para a pessoa que está do seu lado: esta é a nossa alegria! Do outro lado: esta é a nossa alegria. E bem forte: esta é a nossa alegria! E vamos dar uma salva de palmas para Jesus, a nossa alegria! Essa alegria ninguém rouba. Não só a levamos, mas somos levados por ela para a eternidade e permanecemos com ela para sempre. Esta é a nossa alegria. Vamos juntos pedir a Deus este convencimento da alma e do coração, esta alegria de vivermos nesta alegria, e de nos doarmos com esta alegria.
Que nós, como o Papa nos pediu, recuperemos o frescor inicial. Recordemos a palavra forte do nosso na época Arcebispo: não perca o fervor! Esta é a nossa alegria! Nós existimos para isso, para usufruirmos desta alegria. Esta é a nossa alegria! Renova Senhor no nosso coração, não obstante toda a nossa fraqueza. Fortalece-nos e consola-nos com essa alegria de perder a nossa vida, de doar a nossa vida, de dar de graça o que de graça recebemos. Esta é a nossa alegria.
Transcrição: Irlanda Aguiar