O fundador da Comunidade Católica Shalom, Moysés Azevedo, pregou na manhã deste domingo (10), no Fórum Shalom trazendo aos participantes uma nova oportunidade de refletir sobre a virtude da esperança. Com o tema da ‘esperança viva’, Moysés, falou da esperança como força de ressurreição e de testemunho.
“A esperança não é algo, a esperança é alguém, é uma pessoa. Sabemos que ela é uma virtude teologal, mas ela vem de uma pessoa e é uma pessoa. A esperança é Jesus Cristo”.
Ao falar da esperança que é Jesus, Moysés afirmou que , “desde a criação existia em nós a esperança em potência” e que foi o caminho da salvação que nos permitiu transformá-la em ato: “Jesus ressuscitado é a nossa esperança, ele nos abriu as portas da plena felicidade“.
“A esperança é a mais humilde das virtudes, mas é a mais forte. A nossa esperança tem um rosto, o rosto do Senhor ressuscitado que vem com grande poder na glória” – Papa Francisco
Além de manifestar grande poder, podemos experimentar também uma grande ternura e doçura da parte de Deus. Ele é onipotente, nos ama de forma incondicional e é fiel. Diante de tanto amor derramado sobre nós por esses atributos de Deus, somos convidados e não olhar o mundo de forma natural, porque o Senhor ressuscitado nos dá uma nova forma de olhar o mundo. Como não nos alegrar e encher de esperança diante do cuidado de um Deus tão grandioso? Por isso podemos afirmar que não fomos destinados à morte e a desesperança, podemos afirmar: “eu não sou só, nem inútil, nem abandonado“.
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Nossa âncora
Utilizando a figura da âncora para falar da esperança, Moysés citou a Carta aos Hebreus e o catecismo da Igreja, para dar um caminho vivo e progressivo ao cristão que cultiva essa virtude. O Catecismo da Igreja diz que “a esperança é a ancora da alma, inabalável e segura que penetra onde entrou Jesus como nosso precursor”. Podemos então nos perguntar: onde Jesus entrou? Ele entrou na eternidade, no céu, por isso a nossa âncora não se fixa no fundo do mar, como naturalmente se poderia pensar; nossa âncora vai fixar-se no céu, porque nossa esperança viva nos faz enxergar nossa vida de forma sobrenatural.
“A esperança faz com que eu traga a eternidade para o meu hoje. Eu trago a potência da ressurreição para a vida ordinária“. Olhar a vida sob a ótica da esperança cristã, nos ajuda a ter uma nova atitude em relação ao nosso cotidiano, os pequenos acontecimentos podem ser preenchidos pela eternidade, porque se estou ancorado no céu, eu trago o céu para a minha vida.
A esperança também nos dá um caminho seguro para a alegria. É necessário testemunhar que nossa esperança está fixa na vida eterna de forma alegre, transparecendo a todos que estão ao nosso redor que a nossa busca é feliz, que nossa esperança não é vã: “Você não é dono das suas emoções, mas é dono dos músculos da sua face. Sua face não é sua, é dos outros. Isto não é falsidade, é caridade”.
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Moysés trouxe o exemplo do mártir vietnamita Paulo Le-Bao-Thin, que foi preso e, mesmo vivendo em um contexto terrível, conseguia encontrar esperança:
“Este cárcere é realmente a imagem do inferno eterno: além de suplícios de todo o gênero, tais como algemas, grilhões, cadeias de ferro, tenho de suportar o ódio, as agressões, calúnias, palavras indecorosas, repreensões, maldades, juramentos falsos, e, além disso, as angústias e a tristeza. Mas Deus, que outrora libertou os três jovens da fornalha ardente, está sempre comigo e libertou-me destas tribulações, convertendo-as em suave doçura, porque é eterna a sua misericórdia. […] Escrevo todas estas coisas, para que estejam unidas a vossa e a minha fé. No meio da tempestade, lanço a âncora que me permitirá subir até ao trono de Deus: a esperança viva que está no meu coração” – Paulo Le-Bao-Thin.
“O grande segredo da vida é fixar a esperança no Senhor. Ela nos faz ter a força e a potência para viver os desafios da vida, já com a certeza da vitória. Pela esperança, a vitória já nos foi dada”, afirma o fundador. Devemos olhar os desafios da vida com os óculos da esperança cristã e nos lembrar que só Deus pode transformar o mal em bem pela fé em Cristo.
Oração, perseverança e caridade
O Catecismo também nos ensina que “a esperança exprime-se e nutre-se na oração”. Pela oração sou introduzido no céu e eu levo ao céu aqueles por quem eu rezo. Só reza quem tem esperança. Eu lanço meu olhar para o céu e minha esperança se nutre. Quanto mais eu rezo, mais aumenta a minha esperança, mais desejo o céu, mais o meu coração se dilata e enche de amor divino. “A oração é a esperança em ato”, afirmou Moysés. Eram esses os ‘desejos imensos’ que Santa Teresinha trazia em seu coração, a sua esperança na santidade a fazia aspirar grandes coisas. “A esperança torna-se sinônimo de desejo de santidade quando compreendemos que Deus nos comunica sua santidade”. Quanto mais entramos na presença de Deus, mais aumenta em nós o desejo de santidade. É o próprio Deus que faz este desejo crescer. A esperança na santidade nunca é vã, devemos tomar cuidado com a ausência desta virtude, pois o desespero e a desesperança na santidade é obra do demônio.
Devemos nos lembrar sempre que a esperança cristã não é aquela natural, ela não engana! E como ela não engana e é viva, algo pode mudar em nossa vida a qualquer momento, hoje, agora! A esperança protege contra o desânimo e o abatimento. Ela não é passiva, porque se nós cremos na potência da vida, não somos nós que fazemos crescer, mas cooperamos com a ação da graça. Contando o testemunho de conversão de Charles Péguy, que era ateu e se converteu, Moysés falou sobre a esperança que nos faz perseverar. Charles, após sua experiência com Deus, intercedia pela conversão de sua esposa e para que ela permitisse que seus filhos fossem batizados. Ele continuou intercedendo e a graça só foi alcançada após a morte dele. No tempo de Deus, o fruto de perseverar na esperança sempre vem! É esta perseverança que não nos permite desistir, que nos faz continuar: “A vida cristã é isso, recomeçar todos os dias. Porque eu espero na graça de Deus, e posso sempre recomeçar”.
A esperança traz um estilo divino para a nossa vida, isso significa não viver para si mesmo e sim viver para Deus e para os outros: “Antecipamos a caridade do céu na nossa vida”. Vivemos em um mundo desesperado, que investe no que passa. Precisamos anunciar a razão da nossa esperança. Quem sabe em quem colocou a esperança não é indiferente a alguém, sente-se um distribuidor da esperança. Não podemos perder a esperança em ninguém, porque Deus não perde a esperança em nós. Devemos olhar os jovens, os pobres, cada um, com a esperança do Ressuscitado. “Devemos dar a esperança que recebemos”.
Acompanhe trecho da pregação “Uma esperança viva”, com Moysés Azevedo:
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