Nesses dias de reclusão são tantos pensamentos que vêm em nossa cabeça, desde memórias boas a ruins. E até mesmo conclusões de “eu quero ser uma pessoa melhor”. Parar, repensar, recalcular o trajeto vivido até aqui. E parece que Deus ouve, acalma nosso pensamento e no íntimo do coração nos responde o que nem perguntamos.
Em mim ecoa sempre o questionamento: Porque chegamos a esse ponto, Jesus? Ao ponto de nos esquecermos de ti, ao ponto de estarmos tão distantes, que o desespero invade aquilo que acreditamos: que você veio ao mundo, morreu na Cruz, ressuscitou, e o melhor, está no meio de nós.
Quanto tempo faz que não ouvíamos essa voz aqui dentro? Que precisou que todas as outras lá fora fossem silenciadas para que a sua fosse forte e então pudéssemos perceber que a rota precisa ser recalculada?!
Quanto tempo faz que não olhávamos para o nosso redor, as pessoas com que convivemos e sentíamos tão profundo amor, compaixão e carinho?! Ah, fazia muito tempo que não abríamos as nossas bíblias por querer te encontrar ali, sem ser um item da nossa lista de fidelidade. E fazia mais tempo ainda que não ríamos com alegria sincera do lado daqueles que amamos não é?!
Recalcular a rota exige olhar de onde partimos, ver o caminho percorrido, onde estamos hoje e mudarmos a direção. Mudar exige coragem, exige atenção, disposição e renúncia. Mas toda mudança é revestida da esperança.
Então como bússola temos a esperança. De que tempos melhores virão? Sim, também. Mas de que quem espera em Deus não é decepcionado, pois um Pai não pode dar coisas ruins aos seus filhos.
A esperança recalcula nossa rota e nos aproxima daquele que está no meio de nós. É possível que tudo seja diferente, é possível amar novamente, perdoar quem precisa do nosso perdão. É possível termos um novo coração.
É possível encontrarmos coisas boas nos outros e em nós mesmos. É possível parar, esperar, ser paciente, mesmo com o coração ansioso. É possível olhar ao nosso redor e deixar os medos virem, enfrenta-los com a força de Deus, e eles passarão.
É possível termos um mundo novo, que escolhe Deus. É possível acreditar que nossa imperfeição é capaz de amar. É possível retornar e confiar novamente. Acreditar que Deus não muda, que tudo passa e ele permanece. E com ele vencemos os obstáculos da nova jornada, uma jornada rumo ao novo tempo, nova vida, nova esperança, novo céu. Mesmo em meio às tempestades do agora, é possível ser santo.
Por Bruna Miranda