Como vimos nos livros sagrados, a atuação do ministério da música era algo comum e muito bem organizado. Em nossos tempos, não deveria ser diferente. Seja em grandes assembleias, noites de louvor, grupos de oração, seminários ou outros, o canto como forma de louvor, auxílio na oração e abertura e incentivo à manifestação dos carismas do Espírito deverá estar a cargo de um ministério de vozes e instrumentos bem treinado e muito ungido.
É na Celebração Eucarística que o ministério de música atinge seu sentido mais profundo, pois é na celebração da Palavra e do Corpo do Senhor que a Igreja se reúne para celebrar sua maior alegria e mistério. A função do ministério da música aqui vai além do louvor e oração para o ministrar a música e ao mesmo tempo ensinar e incentivar o povo a participar com voz, corpo e coração dos cânticos, parte essencial da liturgia da Grande Festa que é a Eucaristia.
O momento da missa não é momento de espetáculo ou show onde os ministros de música exibem seus valores ou conquistas, mas é o Corpo de Cristo unido para louvar o seu Deus, o seu Tudo. Neste momento, quando a Igreja está reunida, o povo de Deus está em torno do altar e goza da presença maravilhosa do Senhor, é papel do ministério de música levá-lo a compreender, interiorizar e manifestar seu louvor e alegria através do cântico participado.
Durante a Celebração Eucarística, o canto do povo tem prioridade sobre o canto belo dos solistas
Durante a Celebração Eucarística, o canto do povo tem prioridade sobre o canto belo dos solistas, muito embora um canto solado também possa ser útil em determinados momentos da celebração. Devemos ter especial cuidado neste aspecto, a fim de evitarmos exibicionismos quanto ao canto ou música solados ministrado em momentos indevidos, quando seria a vontade do Senhor que todo o povo o louvasse com unidade e liberdade, edificando a Igreja, como faziam os 4000 homens de II Cr 23,5.
O papel do coordenador do ministério
Para que a assembleia reunida caminhe com ordem e discernimento deve existir um animador musical. Este animador musical ou coordenador do ministério da música é quem dirige os cantos e anima toda a assembleia para o louvor do Senhor. Seu ministério e função exigem dele uma vida de oração, escuta do Senhor e conhecimento da vontade de Deus, a fim de deixar-se levar pela unção e inspiração do Espírito e ser igualmente acessível a todos. Deve inspirar confiança aos seus irmãos e aos outros participantes do ministério e exercer sua função com paciência, principalmente quando houver falhas dos outros participantes do ministério.
É necessário ainda que o animador tenha bom ouvido musical, voz segura e afinada, sentido de ritmo, gestos apropriados para indicar com as mãos os matizes que deseja obter dos demais componentes do ministério ou da assembleia. Apesar da importância do papel do animador, ele precisa ter o apoio de um grupo de bons cantores, o coral. Este coral, dividido em grupos de pessoas com o mesmo tom de voz soprano, tenor, barítono, contralto, etc, possibilita um melhor e mais rápido aprendizado dos cantos novos e, com o animador, animará e coordenará a assembleia.
Embora na maioria das vezes o coral cante todo junto, ele deve Ter também solistas. Em momentos apropriados como por exemplo após a comunhão, um solo leva a assembleia ao recolhimento e profunda ação de graças. O solo não seria apropriados para outros momentos como o glória, ofertório, canto da entrada, comunhão, aclamação ao Evangelho, quando a participação da assembleia é fundamental dentro do sentido da celebração.
Reforçar a assembleia no louvor ao Senhor
Devemos então cuidar para que o instrumental nunca domine a voz humana, pois é ela o louvor mais agradável a Deus.
Os ministros de música devem ter sempre presente o fato de que acima de tudo têm o chamado e o ministério de alegrar e reforçar a assembleia no louvor ao Senhor, com suas vozes e também com seus instrumentos musicais. E o Senhor suscita na Igreja pessoas hábeis para louvá-lo através de todo os tipos de instrumentos musicais. É maravilhoso vermos os louvores do Senhor animados com baterias, violões, guitarras, contra-baixos, órgãos, pandeiros, etc. Embora muitos considerem isto algo novo, pela Palavra verificamos que é, na realidade, apenas um reavivamento do que vemos na época do Rei Davi que, no salmo 150 conclama todos os instrumentos musicais a louvarem o Senhor.
No entanto, por mais bonito que seja o som de um instrumento musical, sua finalidade não é substituir ou sobrepor a voz do homem, mas realçá-la e acompanhá-la. Devemos então cuidar para que o instrumental nunca domine a voz humana, pois é ela o louvor mais agradável a Deus. Foi pelo homem que Jesus deu a vida e agrada ao Pai ouvir as vozes que criou cantarem sob a unção do Espírito.
A importância do tempo litúrgico
Um ministério de música que caminhe com discernimento cuidará em conservar as músicas que são mais conhecidas a fim de atingir a assembleia e a fazer participar com maior proveito. No entanto, deve aprender a tocar novas músicas a fim de não cair na rotina e, aos poucos e oportunamente, ensinar estas novas músicas ao povo. Devemos buscar o equilíbrio e não nos deixarmos levar nem pelo afã de novidades nem pelo enfado da rotina, e cuidar especialmente no sentido de que os cânticos escolhidos guardem plena comunhão com a Igreja Católica e se não há neles erro doutrinal.
Sabemos que a Igreja celebra a cada ano o seu calendário litúrgico, composto dos seguintes tempos: Advento, Natal, Epifania, Quaresma, Páscoa, Pentecostes e Tempo Comum. É imprescindível que o ministério de música esteja atento ao tempo litúrgico e utilize cânticos que estejam de acordo com o mesmo.