Formação

E quando não ouço a voz de Deus?

Precisamos fazer como nos ensinou nosso querido Padre Léo: Rezar a vida! E assim, entender que Deus nos fala a todo instante e das mais variadas formas.

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Para respondermos a essa pergunta vamos seguir os passos daqueles que foram exímia audiência da voz de Deus: os profetas bíblicos, pois os entendemos como aqueles que por excelência estavam em contato direto com o Senhor. Para ilustrar essa experiência vejamos a história do profeta Elias.

Ao lermos os relatos sobre esse homem, não temos dúvidas de que foi um grande profeta. Realizou grandes feitos: pela sua palavra não choveu em Israel, os corvos lhe serviam pão e carne enquanto estava em fuga, multiplicou a farinha e o azeite na casa da viúva de Serepta, ressuscitou o filho dessa mesma viúva, desafiou os 450 profetas de Baal pedindo fogo do céu para queimar o holocausto oferecido a Javé…

Mas um belo dia Deus mandou Elias sair da gruta em que estava escondido porque o Senhor passaria diante dele. Nos diz o livro de Reis que um grande e impetuoso furação fendia as montanhas e quebrava os rochedos, mas Deus não estava no furação… Depois houve um terremoto, mas Deus não estava no terremoto… E depois um fogo, mas Deus não estava no fogo. (I Re 19, 9-13).  Foi então que veio o ruído de uma brisa leve e Deus estava naquele ruído! Elias chegou a cobrir o rosto com o seu manto, tamanha a presença de Deus naquele pequeno ruído.

Deus nos fala a todo instante

Da mesma maneira costuma acontecer conosco. Ficamos esperando Deus nos falar através de situações grandiosas e fantásticas. Muitos de nós nos acostumamos, inclusive, a ouvir a Deus somente no furacão dos grandes encontros e retiros, no fogo da empolgação do nosso primeiro encontro pessoal com Deus, no terremoto desse ou daquele dia em que tivemos uma experiência sobrenatural…

Ouvir a Deus nessas ocasiões é importante, mas não suficiente. Precisamos fazer como nos ensinou nosso querido Padre Léo: Rezar a vida! E assim, entender que Deus nos fala a todo instante e das mais variadas formas. São Bento já ensinava isso ao colocar como fio condutor da regra de vida dos beneditinos o par: Ore e Labore (oração e trabalho). Para São Bento, a experiência de ouvir a voz de Deus acontece cotidianamente, nas realidades mais ordinárias da nossa vida.

No trabalho, ou seja, nas situações do dia a dia, Deus nos fala. Fala-nos através de um gesto amigo, de um sorriso, de um encontro inesperado, através do cansaço de um dia puxado de trabalho, de um abraço, de um telefonema, de um carinho, de uma chuva que cai, de uma música que traz boas lembranças, de um e-mail, de uma cena que presenciamos…

Contato direto com o Senhor

E de forma mais clara ainda, Deus nos fala nos nossos momentos de oração. Mas também dou ênfase às ocasiões cotidianas de encontros com o Senhor, pois não é sempre que participamos de encontros, acampamentos ou retiros. Sendo assim, precisamos ter práticas de oração que nos levem a encontrar e ouvir a Deus diariamente.

E ainda que nosso corpo não nos impulsione à oração, pois nem sempre dispomos de entusiasmo para a oração espontânea, podemos, ao participar da Santa Missa, ao recitar o rosário ou o terço, ao meditar à Palavra, ao rezar a salmodia… Mantermos uma disciplina de oração que nos põe em contato direto com o Senhor mesmo que o corpo, os sentimentos, a cabeça não estejam dispostos a isso, pois essas e outras práticas diárias, por muitos consideradas mecânicas, têm a facilidade de nos levar à oração também quando não temos vontade de rezar.

Não fique dependente de ouvir a Deus através do furacão, do terremoto ou do fogo. Escute a doce voz do Senhor que se apresenta num pequeno ruído de uma simples brisa. A brisa suave que cotidianamente vem a nós. A brisa suave que nos transmite a voz de Deus no dia a dia do trabalho e da oração.Formação: Setembro/2013 


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