Inseridos no mundo, mas não pertencentes a ele, e ao mesmo tempo comprometidos com a evangelização, isto é a vivência, é papel do Cristão o testemunho e anúncio de Jesus Cristo no meio onde se vive. Cada fiel batizado vive em Cristo o seu sacerdócio comum oferecendo todas as ações quotidianas como hóstias vivas, santas e agradáveis a Deus. (Cf. 1Ped. 2, 4 – LG 10). A ordem dada por Cristo Ressuscitado a seus discípulos ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16,15) ainda hoje é capaz de ressoar da mesma forma que outrora nos ouvidos dos seus fiéis, encorajando-os a fazer a mesma coisa que os seus primeiros Apóstolos: Sair! Vencer o medo e a covardia e anunciar as palavras e os gestos de Jesus.
Em cada tempo, o mesmo e único Evangelho de Jesus Cristo deve ser relido, readaptado em suas formas de anúncio, e assim revendo métodos e meios possibilita-se chegar ao homem contemporâneo a mensagem deste plano salvífico, pois “a Palavra de Deus é viva e eficaz” (cf. Heb. 4,12).
Os tempos modernos exigem o anúncio e evangelização de famílias das formas mais criativas como em condomínios residenciais privados, ou até mesmo pela difusão de modernas plataformas de ensino como a do Instituto Parresia, a qual dispõe de uma renomada Escola de Teologia e outra de Doutrina Social da Igreja, que fazem do ambiente comum um lugar de apostolado.
Diante de um fenômeno que vem crescendo nos grandes centros urbanos – a aglomeração de famílias em condomínios residenciais privados – onde vigoram regras e organização próprias dificulta-se o acesso de outras pessoas e consequentemente também da própria Igreja.
No passado, com o início da industrialização, as pessoas se mudavam para as cidades mais próximas das Indústrias. Este fenômeno já mudou substancialmente as formas de vivência familiar. O modelo da cidade industrial era aquele da concentração espacial da força do trabalho e da força produtiva[1]. Hoje com a superpopulação as pessoas mesmo trabalhando na cidade querem se mudar para uma área mais distante e segura, desejando propor para suas famílias bem-estar, qualidade de vida e mais privacidade. Como atualizar a presença da Igreja em relação a este fenômeno.
EVANGELIZAÇÃO, MISSÃO DE TODA A IGREJA
Jesus, o missionário do Pai, confia à Igreja, o seu corpo místico, a sua mesma missão de anúncio do Reino. Ela tem o dever de proclamar a fé em virtude do mandato de Jesus aos apóstolos, como também em virtude da vida, que Cristo infunde em seus membros, se organizando de maneira orgânica e dinâmica edificados no Amor (AG5).
É mister fazer-se presente entre todos os seres humanos e a todos os povos abrindo-lhes a oportunidade firme e segura de participar do mistério de Cristo, encaminhando-os para a fé, a liberdade e a paz de Cristo, por intermédio e testemunho de vida, da pregação, dos sacramentos e de outros instrumentos da graça (AG 6).
Partindo da nova visão e entendimento de Igreja trazida pelo Concílio Vaticano II e aprofundada nas últimas décadas, o caminho missionário evangelizador não é mais aquele do passado emergido em um ambiente colonial, que por muitas vezes, era feito através da imposição da fé por parte da Igreja europeia e dos seus ‘Enviados’ aos povos chamados de ‘pagãos’. Nem deve mais ser aquele feito somente de bispos e presbíteros que pensa e dirige sozinhos toda a vida da Igreja local.
Mas o caminho missionário – evangelizador, sem de forma alguma desmerecer toda a condução e pastoreio das Igreja local, isto é do Bispo e de seus colaboradores, acontece espontaneamente. Nasce nos corações de cada fiel batizado que se sente tocado pelo encontro pessoal com Jesus Cristo e se torna o seu discípulo missionário, como membro da Igreja se sente pertencente a uma comunidade de fé que vive em relação de reciprocidade, de intercambio de dons, de sabedoria e de espiritualidade[2].
Na verdade, o novo modelo de Igreja que emerge como fruto do Concílio Vaticano II e atualmente querido e muito incentivado pelo Papa Francisco é o caminho de uma Igreja sinodal, que caminha junto, é justamente a Igreja de um povo em caminho. Todos fazem parte deste caminho que tem como meta a vida plena em abundância prometida por Cristo a todos aqueles que o conhecem e o acolhe (homens, mulheres crianças, adultos, idosos, famílias, pessoas solteiras, religiosos e religiosas, pessoas consagradas, sacerdotes, bispos, cardeais e o próprio Papa).
Acrescente-se, ainda, todos aqueles que fazem parte deste caminho e que por algum motivo não estão presentes de modo físico no corpo de Cristo que é a Igreja, porém participam de um modo desconhecido por nós; criados pelo mesmo Deus de amor, vivendo na justiça e respeito fraterno buscam também estes a vida plena e em abundância[3].
O inteiro povo de Deus é interpelado pela sua originária vocação sinodal. A circularidade entre o sensus fidei com o qual são agraciados todos os fiéis, o discernimento operado nos diversos níveis de realização da sinodalidade e a autoridade de quem exerce o ministério pastoral da unidade e do governo descreve a dinâmica da sinodalidade. Tal circularidade promove a dignidade batismal e a corresponsabilidade de todos, valoriza a presença dos carismas difundidos pelo Espírito Santo no povo de Deus, reconhece o ministério específico dos pastores em comunhão colegial e hierárquica com o Bispo de Roma, garantindo que os processos e os eventos sinodais se desenvolvam na fidelidade ao depositum fidei e na escuta do Espírito Santo para a renovação da missão da Igreja[4].
O PAPEL DOS LEIGOS NA IGREJA CATÓLICA
Na Exortação Apostólica pós-sinodal de 1987, logo a seguir à introdução o Papa João Paulo II começa a falar com grande força da vocação e missão dos fiéis leigos: “Que escutem o chamamento de Cristo para trabalharem na Sua vinha”. O Romano Pontífice faz uma leitura da parábola descrita em Mateus 20, a dos trabalhadores na vinha. Fala da voz de Deus e recorda que essa voz ressoa na alma de cada um e nos acontecimentos do dia a dia, e que de cada fiel batizado pede uma resposta generosa. Pede a coragem de encarar este nosso mundo, que agora está – em palavras do documento -, em certo sentido, pior que nos anos do Concílio. “Ide vós também. A chamada não diz respeito apenas aos Pastores, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas estende-se aos fiéis leigos: também os fiéis leigos são pessoalmente chamados pelo Senhor, de quem recebem uma missão para a Igreja e para o mundo”[5].
Esta ordem de Jesus, este “ide vós também” que ressoa do evangelho e é repetido pela Igreja na boca do Sumo pontífice deve novamente ressoar aos ouvidos de cada cristão batizado do nosso tempo como ressoou outrora aos primeiros cristãos da Asia menor e depois foi se espalhando pelo mundo a fora. A grande institucionalização da Igreja e o seu modelo clericalizado de se organizar para fazer missão deixou, assim poderíamos dizer, por muitos anos, os leigos a margem e desprovidos de responsabilidade diante deste chamado – (ide vós também). A boa notícia do evangelho deve ser partilhada, diante das mudanças rápidas e dramáticas acontecidas na sociedade no decorrer dos séculos, “não se pode simplesmente desistir de anunciar o evangelho”[6].
Uma fé verdadeira em Jesus de Nazaré fará que anunciá-lo sempre e por todos seja fonte de alegria e vitalidade do ser cristão, uma fé vivida sozinha de forma vertical, individualista não é verdadeiramente uma fé cristã. Cristo formou uma comunidade, viveu com ela e a enviou a ir e trazer outros, a agregar novos discípulos.
[1] BUSIELLO C., La pastorale urbana. Genesi sviluppo, linee di Azione. Urbaniana University Press, Città del Vaticano 2022, p. 39
[2] RASCHIETTI, ESTÊVÃO. A missão em questão: a emergência de um paradigma missionário em perspectiva decolonial, Ed. Vozes, Petrópolis Rio de Janeiro 2022, p. 310.
[3] Constituição Dogmática Lumem Gentium, (19 de novembro de 1964),
[4] Comissão Teológica Internacional, A Sinodalidade na Vida e na Missão Da Igreja, 2 de março de 2018.
[5] JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifideles Laici. (30 de dezembro de 1988), 2–4.
[6] SEEWALD, PETER, O último testamento. Editora Planeta, São Paulo – 2017. Frase proferida pelo Papa Emérito Bento XVI, quando perguntado sobre o fenômeno de descristianização do continente europeu.
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