Igreja

Neste Natal, Papa Francisco convida a ‘admirar’ o mistério da encarnação

No Ângelus deste domingo, 24 de dezembro, o Santo Padre trouxe recomendações para o Natal. Veja esse e outros destaques da Semana do Papa.

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FOTO: VATICAN MEDIA

Ao longo desta semana, o Papa Francisco deixou uma série de meditações sobre o verdadeiro sentido do Natal. Na Audiência Geral ele frisou a importância da admiração do presépio, seguindo os ensinamentos do inspirador dessa tradição: São Francisco de Assis.

Nos últimos dias ele também proferiu uma mensagem de felicitações a Cúria Romana onde ressaltou a importância de se escutar a Deus com o coração. E no Ângelus deste domingo, 24 de dezembro, o Pontífice revelou que Deus, em seu desígnio de amor à humanidade,  age com gentileza.

Confira os destaques da Semana do Santo Padre.

Sobriedade e Alegria

Na sua catequese da Audiência Geral da última quarta-feira, dia 20 de dezembro, o Papa Francisco meditou sobre o tema Presépio de Greccio, escola de sobriedade e de alegria.

O Pontífice iniciou recordando a intenção de São Francisco de Assis com essa tradição da Igreja, que neste Natal completa oitocentos anos.

Ele dizia assim «Gostaria de representar o Menino nascido em Belém e, de certo modo, ver com os olhos do corpo as dificuldades em que se encontrou por falta das coisas necessárias para um recém-nascido, como foi colocado numa manjedoura e como se deitava sobre o feno entre o boi e o pequeno burro» (TOMÁS DE CELANO, Vita prima, XXX, 84: FF 468).
Francisco não quer realizar uma bela obra de arte, mas suscitar, através do presépio, a admiração pela extrema humildade do Senhor, pelas dificuldades que padeceu, por amor a nós, na pobre gruta de Belém. Com efeito, o biógrafo do Santo de Assis observa: «Naquela cena comovedora resplandece a simplicidade evangélica, louva-se a pobreza, recomenda-se a humildade. Greccio tornou-se como uma nova Belém» (ibid., 85: FF 46).

Da frase de Tomás de Celano, o Santo Padre destacou uma: admiração. O Papa afirmou que não é bastante olhar para o presépio “como uma coisa bonita, como algo histórico, até religioso, e rezarmos“.

“Perante o mistério da encarnação do Verbo, diante do nascimento de Jesus, precisamos desta atitude religiosa da admiração. Se face aos mistérios eu não tiver esta admiração, a minha fé será simplesmente superficial; uma fé ‘informática’. Não o esqueçais!”, declara o Pontífice.

 
 
 
 
 
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E nesse convite de admirar o presépio, está a contemplação de dois ensinamentos, que segundo ele são: a sobriedade e a alegria.

Papa Francisco chamou atenção para os risco que se corre de perder “o que conta na vida é grande e, paradoxalmente, aumenta precisamente no Natal – a mentalidade do Natal altera-se – imersos num consumismo que corrói o seu significado. O consumismo do Natal.”  Sem discriminar o ato de doar presentes, ele aponta que o “frenesim de ir fazer compras chama a atenção para outro lado e não há aquela sobriedade do Natal”. E ainda que por conta da organização de festas se perde a oportunidade de dedicar um tempo interior para admiração do mistério do Natal.

“E o presépio nasce para nos restituir ao que conta: a Deus que vem habitar no meio de nós. Por isso é importante olhar para o presépio, porque nos ajuda a compreender o que conta e também as relações sociais de Jesus naquele momento, a família, José e Maria, e os entes queridos, os pastores. As pessoas antes das coisas. E muitas vezes colocamos as coisas à frente das pessoas. Isto não funciona!”

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‘Um dia inesquecível’ 

Ao fim do seu discurso, como de costume o Papa foi cumprimentar os fiéis da Sala Paulo VI. Um deles foi o jogador brasileiro de vôlei e campeão olímpico e mundial, Bruno Mossa de Rezende, mas conhecido como Bruninho. Na oportunidade, ele entregou ao Pontífice um camisa com o nome do Santo Padre e o livro ‘Da escuridão ao ouro’, no qual relata sobre a depressão que enfrentou e o caminho para o renascimento através do esporte.

Jogador brasileiro de vôlei entrega camisa ao Papa Francisco Foto: Vatican Media

O campeão publicou em suas redes sociais o encontro e comentou sobre a experiência:

“Que dia inesquecível!!! Ainda sem palavras por ter a oportunidade de escutar e conhecer o Papa Francisco. Suas palavras entram direto no nosso coração e nos fazem refletir em como estamos vivendo nos dias de hoje. Pensar menos em coisas e focar no que é realmente importante: Pessoas. Nossas famílias, amigos e no próximo. Proximidade, ternura e compaixão. Gratidão por esse momento especial.”

Escutar, discernir e caminhar 

Na quinta-feira, 21 de dezembro, o Papa se encontrou com a Cúria Romana e proferiu um discurso sobre o mistério do Natal. 

Diante da atualidade do mundo em que ainda é “marcado tristemente pelas violências da guerra, pelos riscos epocais a que estamos expostos devido às alterações climáticas, pela pobreza, pelo sofrimento, pela fome (há fome no mundo!) e por outras feridas que habitam a nossa história, ele ressaltou a importância de “sempre” ouvir e receber este anúncio do mistério do Senhor que “vem, Deus está aqui entre nós e a sua luz rompeu para sempre as trevas do mundo.” 

“Consola descobrir mesmo nestes «lugares» de dor, como aliás em todos os espaços da nossa frágil humanidade, que Deus Se torna presente neste berço, na manjedoura que escolhe hoje para nascer e levar a todos o amor do Pai; e fá-lo com o estilo de Deus: proximidade, compaixão, ternura”, afirma o Bispo de Roma. 

Ele ressalta a importância de escutar o anúncio da vinda do Senhor e discernir os sinais da sua presença e decidir-nos pela sua Palavra caminhando atrás d’Ele. O Pontífice apresente três verbos para um itinerário de fé: escutar, discernir, caminhar, aos membros da Cúria. 

Dos três, ele exprimiu que sobretudo escutar a Deus requer o envolvimento do coração e consequentemente da própria vida:

“Escutar com o coração é muito mais do que ouvir uma mensagem ou trocar informações; trata-se duma escuta interior capaz de interceptar os desejos e as carências do outro, duma relação que nos convida a superar os esquemas e vencer os preconceitos com que às vezes classificamos a vida daqueles que nos rodeiam. Escutar é sempre o início dum caminho. O Senhor pede ao seu povo esta escuta do coração, uma relação com Ele que é o Deus vivo.”

A sombra do Altíssimo

Neste quarto domingo do Advento, 24 de dezembro, o Santo Padre em seu discurso meditou sobre a anunciação do Anjo a Maria. 

“O anjo respondeu: ‘O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus.” (Lc 1, 35)

Sobre a fala do anjo Gabriel o Papa explica que “numa Terra como a de Maria, perpetuamente ensolarada, uma nuvem passageira, uma árvore que resiste à seca e oferece abrigo, uma tenda hospitaleira traz alívio e proteção.”

“A sombra fala sobre a gentileza de Deus.É como se ele dissesse a Maria, mas também a todos nós, hoje estou aqui para você. Estou aqui para você,  me ofereço como seu refúgio, seu abrigo. Vem sobre a minha sombra, fica comigo.”

Para o Pontífice a “sombra é um dom que restaura” e o anjo ao comentar sobre ela descreve o modo de Deus realizar as coisas: “Deus sempre age com amor gentil ue abraça, segura protege sem fazer violência, sem em ferir a Liberdade.Esta é a maneira de fazer de Deus.”

“Irmãos e irmãs, assim, o amor de Deus se comporta como algo que, de uma certa maneira, podemos também experimentar entre nós, por exemplo, quando entre amigos, namorados, cônjuges, pais e filhos somos delicados e respeitosos, cuidando dos outros, com gentileza. Vamos pensar na gentileza de Deus. Deus ama assim e nos chama a fazer o mesmo acolhendo, protegendo e respeitando os outros.”

O Bispo de Roma pediu aos fiéis que estavam na Praça de São Pedro que pensassem ‘com gentileza” naqueles que neste Natal estão marginalizados e distantes da alegria desse tempo. No início da semana ele já havia publicado no X um comentário sobre o sofrimento daqueles que sofrem com a guerra. 

 


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