Formação

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Nossa Mãe e Rainha

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Quem é essa que atrai milhares e milhares de peregrinos, cujo grande Santuário tornou-se nacional, situado numa pequena cidade chamada Aparecida, no Estado de São Paulo?

Quem conhece a sua história? A história da pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, encontrada no rio Paraíba há 283 anos… Ela é a nossa Mãe e Rainha. Nunca abandona os seus filhos, procurando sempre meios e modos para revelar-se, a fim de que cada um possa acolher as suas mensagens, e através delas converter-se ao seu Filho Jesus.
O que mais me chama a atenção é o seu amor exclusivo, maternal, por cada um, não excluindo ninguém. Podemos perceber isso também em suas aparições reconhecidas pela Igreja, como em Fátima, Guadalupe e em Lourdes.
Para ser melhor compreendida Ela faz-se “um” conosco, adaptando as suas características físicas ao vidente, ou a um povo. Assim aconteceu também aqui, quando encontraram a sua imagem no rio Paraíba. Em sua tonalidade escura, quer identificar-se com o povo brasileiro em suas características raciais. Naquele momento histórico da escravidão, Maria surgiu como Rainha em forma de escrava, para que os escravos se tornassem livres.

Quanto amor! A Mãe que vem ao encontro dos filhos, principalmente dos mais sofredores, derramando as suas graças com poder e majestade. Maria está viva e glorificada no céu, intercedendo por nós junto de Deus, e está representada em seu Santuário, pela pequena imagem negra da Virgem da Conceição Aparecida.

Como tudo aconteceu?
Vejamos o que narram o livro do Tombo da Arquidiocese de Aparecida e outros escritores.
Era o ano de 1717. Corria o mês de outubro. Dom Pedro de Almeida e Portugal, conde de Assumar, depois de tomar posse do governo da Capitania de São Paulo, dirigia-se para as Minas Gerais. Seguindo o curso do Rio Paraíba, deveria chegar o conde à Vila de Guaratinguetá. A Câmara Municipal, que estava se preparando para receber o ilustre visitante, decidiu que ele e sua comitiva precisavam provar dos peixes do rio Paraíba; mesmo porque existia a possibilidade deles chegarem numa sexta-feira, dia de abstinência de carne.

Assim, todos os pescadores saíram a pescar. Entre eles estavam Felipe Pedroso, Domingos Martins Garcia e João Alves, que saíram para a pesca no Porto de José Corrêa Leite. O rosado da aurora já tingia os horizontes quando pela milésima vez lançaram suas redes, e elas voltaram vazias. Já estavam desanimados. Tentariam mais um pouco? João Alves, ao recolher sua rede, percebeu que ela havia apanhado alguma coisa. Surpresos, os três pescadores viram que se tratava do corpo de uma pequena imagem de barro, à qual faltava a cabeça. Tornando a lançar a rede um pouco mais abaixo, o mesmo pescador recolheu a cabeça da imagem. Isso deixou a todos maravilhados. Logo reconheceram que se tratava de uma representação de Nossa Senhora da Conceição, pois a Virgem calcava a lua debaixo dos pés. Estava enegrecida pelo lodo do rio. Pela primeira vez, era vista e reverenciada a imagem daquela que mais tarde seria proclamada Rainha e Padroeira do Brasil.

Logo que os pescadores colocaram a imagem no barco, e lançaram novamente as redes, grande quantidade de peixe foi pescada.

Um dos pescadores, Felipe Pedroso, levou consigo a imagem “aparecida”, como diziam, que permaneceu em sua pobre casa por cerca de quinze anos. E a imagem ficou designada como imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Foi milagrosamente encontrada

Podemos dizer que a imagem foi encontrada milagrosamente, levando em consideração o seguinte: (1) O próprio achado da imagem; sua retirada das águas do Paraíba, sem que se saiba como fora parar lá – A região não era povoada, como teria aquela imagem aparecido ali onde foi encontrada? –, e como não afundara no lodo do rio. (2) A cabeça da imagem: tão pequena, que admiramos não ter escapado pelas malhas da rede; e como poderia ter se conservado mais ou menos perto do corpo, sendo seu peso tão inferior? (3) Em seguida, veio a pesca abundante, que antes era infrutífera.

A imagem, na casa de Felipe Pedroso, foi colocada no oratório, onde reuniam-se os vizinhos e sua família para rezar o terço e cantar ladainhas. Numa dessas ocasiões em que um grupo de devotos rezava o terço diante da imagem, as velas se apagaram, sem que houvesse vento, pois a noite estava serena. Silvana Rocha levantou-se para ir acendê-las, mas todos, maravilhados, viram que as mesmas se acederam novamente sozinhas. Este foi, segundo as antigas crônicas, o primeiro dos prodígios operados pela Senhora Aparecida.
Várias vezes ouviram-se ruídos e estrondos onde se achava a imagem, e o altar tremia, sem que ninguém tocasse nele. Esses fatos repetiram-se com insistência. Compreenderam então que a Virgem queria ser especialmente venerada naquela imagem retirada das águas. Para atender a esse desejo, Atánasio, filho de Felipe Pedroso, com apoio do Pe. José Alves Vilela, o piedoso Vigário da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá, constrói uma capelinha de sapé, no Porto Itaguaçu, e o culto vai se tornando público.

Em 1741, o Pe. José Alves Vilela consegue do Bispo a permissão para oficializar o culto a Nossa Senhora da Conceição Aparecida e construir-lhe uma nova capela. Escolhe o Morro dos Coqueiros. Com a colaboração de todos, a nova capela é construída de 1741 a 1745.
A libertação do escravo Zacarias

Um grande milagre, que muito contribuiu para a divulgação da devoção à Senhora Aparecida, foi o acontecido com o escravo Zacarias. Ele havia fugido de uma fazenda no Paraná e foi capturado no Vale do Paraíba. Estava sendo levado de volta, preso por correntes e argolas em torno dos pulsos e do pescoço, quando passaram perto da capelinha da Aparecida. Zacarias, cheio de confiança no poder e na bondade de nossa Mãe, pediu para rezar diante de sua imagenzinha. Rezou com tanta fé, que as argolas e a corrente lhe caíram milagrosamente aos pés! Seu senhor, quando soube do milagre, deu-lhe logo a liberdade. Ele tornou-se um dos maiores devotos da Senhora Aparecida.

A fama dos milagres e das graças alcançadas foi ganhando regiões cada vez mais distantes, e começaram a vir peregrinos em romaria, venerar a imagem da Virgem Aparecida. Entre os peregrinos, havia nobres e plebeus, ricos e pobres, senhores e escravos, todos irmanados na mesma devoção à Mãe de Deus e nossa.

A festa de Nossa Senhora Aparecida se realizava então no dia 8 de dezembro, celebração da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Mais tarde, passou para o mês de maio e, posteriormente, para o dia 7 de setembro, coincidindo com a comemoração da independência. A partir de 1933, a festa fixou-se no dia 12 de outubro, data em que é celebrada até hoje.
O Brasil tornou-se independente sob a maternal proteção de Nossa Senhora Aparecida. Dom Pedro, então Príncipe Regente, recebia muitas solicitações dos patriotas para que proclamasse a nossa independência de Portugal. Viajando do Rio de Janeiro para São Paulo, ele quis deter-se diante da imagem da Aparecida, para pedir sua proteção. Preocupado com a situação política, prometeu consagrar o Brasil à Senhora da Conceição, caso as coisas corressem favoravelmente. Isso ocorreu no dia 22 de agosto de 1822. Quinze dias depois, a 7 de setembro, na colina do Ipiranga, nascia o Brasil independente.

Em 1845, sobre a antiga capela, é construída em várias etapas a atual Basílica velha, inaugurada solenemente em 24 de junho de 1888, por Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo de São Paulo.

Outro grande milagre
Era uma manhã de 1866. Um homem sem fé e inimigo da religião veio de Cuiabá com a sacrílega intenção de entrar a cavalo na igreja e derrubar a milagrosa imagem. A Virgem, porém, não permitiu o sacrilégio. Diante da escadaria da capela, o cavaleiro puxa as rédeas e empina. O chicote estala na anca do animal. A cabeça do cavalo e o corpo do cavaleiro se lançam para a frente. As patas dianteiras, inutilmente, arrancam fagulhas das ferraduras que batem nas pedras. As esporas cortam a barriga do cavalo. Porém, a capela permanece inacessível para cavalo e cavaleiro.

O cavaleiro, vendo a inutilidade se suas tentativas, desce do cavalo, examina-o. Tenta levantar a pata traseira. Não consegue. Está presa ao chão. Tira o chapéu e cai de joelhos. Após um instante de contrição silenciosa, clamando perdão a Nossa Senhora, entra na capela, seguido de devotos e de curiosos. Ainda hoje, podemos ver as marcas da ferradura na pedra, que foi recolhida e colocada na sala das Promessas na Basílica nova.

As graças e favores que a Senhora da Conceição Aparecida vem derramando sobre o Brasil são atestados por documentos dignos de todo crédito. Se fôssemos relatar todos aqui não terminaríamos mais. Mas posso relatar um dos milagres acontecidos na Basílica há dois anos, na presença de alguns dos nossos da Comunidade Católica Shalom de Aparecida.

Fomos convidados para ajudar os padres Redentoristas na acolhida dos romeiros, animando com cantos e celebrações. Em uma da manhãs de domingo, no auditório da Basílica, juntamente com dois irmãos Redentoristas, preparamos uma celebração em que os romeiros deveriam caminhar sobre algumas pedrinhas que simbolizavam as dificuldades que cada um trazia, e que deveriam ser oferecidas a Nossa Senhora. A imagem de Nossa Senhora aguardava no final da trilha, e chegando ali o romeiro recebia uma flor, como sinal da graça recebida das mãos de Nossa Senhora. Foi nesse trajeto que aconteceu o milagre. Um pai, quase desesperado, havia trazido o seu pequeno filho, de aproximadamente seis anos, que precisava fazer uma cirurgia no pé que estava torto, não conseguindo apoiá-lo com facilidade no chão. A cura, segundo o médico, só poderia acontecer com a cirurgia. A família era bem pobre e não tinha condições financeiras para custeá-la. Enquanto os nossos cantavam, ouviram em meio aos presentes um choro assustador. Era a criança, pois conseguia apoiar seus pés normalmente no chão, caminhando com facilidade. O pai não continha-se de emoção; o mesmo acontecia com todos os presentes. Lágrimas e sorrisos se misturavam dando glória a Deus, através da nossa Mãe e Rainha.

Um pouco mais de história
Em 1930 Nossa Senhora Aparecida recebe de Pio XI o título de Padroeira Principal do Brasil, cuja proclamação nacional acontecerá no Rio de Janeiro no dia 31 de maio de 1931.
Em 11 de novembro de 1955, inicia-se oficialmente a construção da nova Basílica. Seu estilo é neo-românico, em forma de cruz grega, em cuja interseção ergue-se uma imensa cúpula. Ocupa uma área construída de 23 mil metros quadrados e possui uma área coberta de 18 mil metros quadrados. Tem 170m de comprimento e 140m de largura. Sua cúpula mede 78m de altura e 40m de diâmetro. Sua torre tem 107m de altura.

Em 17 de maio de 1978 a imagem de Nossa Senhora Aparecida é quebrada por um jovem protestante, na Basílica velha. Restaurada no MASP (Museu de Arte de São Paulo), em 19 de agosto de 1978 retorna a Aparecida. Hoje a imagem encontra-se na Basílica nova em Aparecida, onde é venerada por milhares de romeiros durante o ano. São cerca de sete milhões de peregrinos que anualmente acorrem a Aparecida, e as graças recebidas por seu intermédio são abundantes.

Cresça a devoção e o amor a nossa Mãe do Céu. Peçamos com fervor a graça de revivê-la em suas virtudes, dando glórias e louvores ao Pai por tê-la dado a nós como Mãe, Protetora e Salvadora. Que Maria, nossa Mãe e Rainha, Conceição Aparecida, nos abençoe e proteja agora e sempre. Amém.

Janua Spínola Pinheiro


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