Primeiro, eu estou aqui só, somente só, pela intercessão da Virgem Marajoara. Se não fosse ela, eu não estaria aqui. E ela mesma A Virgem Marajoara.
Eu me ordenei Padre no dia de Nossa Senhora de Guadalupe (12 de dezembro), não escolhi foi ela que escolheu. E ela traz os traços indígenas e eu não tinha percebido isso, e a Marajoara a mesma coisa, e eu pensei “rapaz”, essa relação eu não tinha associado. E aqui tocar de forma muito mais concreta nas pessoas que são bem próximas dos índios, vamos dizer assim. Para mim eu estou conhecendo o Norte, não é só o Marajó não. Marajó é tipo a porta, né? Chaves é a porta de entrada para o povo. Então, pra mim eu tô conhecendo o norte, poder ter ido em Macapá-AP, passar uns dias lá, em Santana-AP. Aqui tem sido tudo novo. E Nossa Senhora que me conduziu e ela tem um papel fundamental na minha vida.
E fui rezando, e perguntando, Senhor qual a obra?
Eu na missão de Brasília vivo um ritmo muito intenso, muito acelerado, eu estava entrando para um ritmo, não vou dizer um ativismo, mas realmente muito acelerado, eu não parava de fazer coisas, não parava de resolver. E aí quando veio esse convite para Chaves, eu pensei “será”?.
E eu morei na Suíça, lá eu aprendi um valor que é planejar o seu dia a dia, seu mês, seu ano, tudo lá é bem organizado e eu também sou muito organizado e quando veio esse convite para Chaves eu pensei, “agora bagunçou tudo”. E eu disse, vou confiar a Deus. Se Ele quiser, Ele vai organizar.
Finalmente eu vim organizando tudo, e deu certo.
Aí eu percebo hoje que foi Nossa Senhora que me tirou, assim, por um tempo da missão de Brasília pra viver essa experiência aqui e depois me colocar de novo lá. Só que agora com um novo olhar.
Nossa Senhora me fez vir aqui, ela A Virgem Marajoara que aponta pro Divino Semeador, pra Cristo.
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O mistério de Cristo
E aí entra o mistério de Cristo, a missão, o mistério do Semeador. E eu vou rezando, eu vou percebendo. Quando a Dilma no começo diz assim, o que conduz o povo é Deus e a maré, se a maré dá certo vai dar certo. E eu pensei assim: meu Deus essa maré é importante então, senão o povo não passa. Mas, imagine isso para uma pessoa que morou na Suíça, que programa tudo, e agora a maré definindo tudo. Aí quando a gente veio também, veio mas não veio, uma desconstrução e eu aqui “meu Deus do céu realmente eu ia ficar louco aqui” e organização, né?
Tem que ter um coração muito confiante e aquilo que Deus quer, no tempo que ele quer na hora que ele quer, do jeito que ele quer.
E no ícone do Divino Semeador, na auréola de Jesus não é só auréola, mas ao redor é como se tivesse ali, todo o tempo está voltado à centralidade do rosto de Cristo. Ele é o centro do tempo, da chuva, do mar, de tudo, dos animais.
Aí eu fui entendendo, meu Deus, Jesus é o sol, é Dele que vem toda fonte, é dele que vem todo o chronos, podemos dizer assim. E a semente só vai frutificar porque tem o sol, tem a chuva tem um tempo, e por aí vai.
E pensando no mistério da capela de Brasília, aqui é o mistério do Divino Semeador de Chaves, o mistério de Brasília é o Kyrios, é o Senhorio de Cristo, Ele é o centro.
Então Deus, por meio de Nossa Senhora me tirou de Brasília pra poder viver aqui essa experiência do sol, do Divino Semeador, pra me fazer centralizar em Cristo, pra voltar. Não sou eu, eu não me basto.
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Eu estava aqui preocupado, em relação ao Economato de Brasília, das coisas que estão acontecendo lá, enfim. Mas essa confiança total no Senhor, foi até pra me salvar, vamos dizer assim, né? Pra eu saber que eu não me basto, que Deus que é o centro, que é Ele.
E eu vou voltar e dizer assim:
“Senhor eu sou um instrumento e tu realizas.”
Falando agora da nossa Expedição, esse tempo aqui, que teve muitos Santos, uma obra de fé, aí teve Tomé, “combater o combate”, “perseverar na fé”, Maria Goretti, Aniversário da Vocação, São Bento, foi assim quase todo ano litúrgico. Mas enfim, foi muito renovador, né? E poder tocar na oferta de vocês.
Eu nunca vi um ícone que mostra Jesus no sentido sem ser a paixão, Jesus sangrando, caminhando, ressuscitado. Outro ponto é que Jesus pisa e o sangue de Cristo está na terra, está no chão, está no caminho bom. É como ele vai derramando o sangue dele ali. E aqui poder tocar na oferta dos irmãos que moram aqui, poder também derramar minha oferta aqui e testemunhar pelos frutos que estão por aqui. A gente talvez não vai ver. Mas pode acontecer, eu velhinho ter uma pessoa de Chaves cuidando de mim na Comunidade de Vida, na Comunidade Aliança, me sustentando. Então a gente vai colher os frutos bem além.
Padre Rafael Silva – Consagrado da Comunidade de Vida de Brasília (DF)
É uma experiência única. Não sou da comunidade vida nem aliança, mas tive oportunidade de conviver três anos com essas pessoas que aí vivem. Sempre disse: esse lugar tem muito o amor de Jesus e de Nossa Senhora. Aprendi tanta coisa importante de espirualidade, Que até hoje coloco em prática batido que aprendi. Sempre nos encontros de grupo dizia que Deus não tinha me levado a um lugar tão longe para ser em vão. Ele tinha algo a me ensinar. E confesso, aprendi a amar mais, me doar mais , orar mais, me conhecer mais e conhecer meus irmãos em Cristo com gestos fraternos e digo mais, vim embora, mas meu coração ficou em Chaves ,pois este lugar é cheio do amor de Deus.