Formação

Nova Jerusalém

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Pe. Caetano M. de Tillesse
Fundador da Comunidade Nova Jerusalém

“Vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade santa, a Jerusalém nova, preparada como uma esposa que se enfeitou para o seu Esposo” (Ap 21,2). A Nova Jerusalém “desce do céu”, isto é, ela se manifesta aqui, agora, neste mundo. Não é uma visão par ao fim do mundo, mas é a visão da Igreja, hoje, neste mundo. Mas essa Nova Jerusalém é uma visão do futuro antecipada no presente deste mundo.

A Nova Jerusalém começou para mim no mosteiro cisterciense de Orval, na Bélgica, onde passei 22 anos. Já lá eu me apaixonei pela Bíblia e mandaram-me para Roma (Instituto Bíblico) onde conquistei o Mestrado em Bíblia em 1956. Passei 11 anos no mosteiro de Orval ensinando a Bíblia aos estudantes de teologia. Chegou então a época do Concílio e a parte jovem da comunidade cisterciense julgou que não devíamos guardar esse tesouro de contemplação enclausurado atrás de muralhas medievais e de 15 séculos de tradição monástica riquíssima (desde São Bento), mas como uma luz escondida debaixo do alqueire (cf. Mt 5,15). Por isso, pensamos vivenciar essa mesma experiência contemplativa (valiosa) no meio do povo mais pobre e marginalizado. Tentamos fazer isso em nosso humilde bairro Cristo Redentor (Fortaleza-CE).

Quando apareceu a Renovação Carismática (1975), pensei que aquilo que eu estava procurando estava acontecendo, pois a RCC quer experimentar a presença poderosa de Cristo ressuscitado hoje na Igreja reunida e no meio do povo mais humilde, principalmente. – A Nova Jerusalém brotou da RCC. Ela quer ser a manifestação de Cristo Ressuscitado no meio de sua Igreja hoje. Por esse motivo, ela não quer ser uma evangelização apenas sentimental e edulcorada. Ele quer a verdade segura da Palavra de Deus. Essa Palavra encontra-se na Bíblia. Novamente não basta uma leitura ingênua ou açucarada da Bíblia. Hoje muitos questionam a mensagem da Bíblia e da Igreja (depois de 500 anos de Evangelização e de colonização…). Uma mensagem edulcorada e ingênua não convence mais as elites intelectuais do nosso tempo, e se não convence mais a essas, as dúvidas e descrenças vão chegar depressa demais aos ouvidos e às mentes desprevenidas do nosso povo simples. O povo não está preparado para o assalto de incredulidade dos nossos tempos. Por isso, a nossa leitura da Bíblia – mesmo em ambientais populares – deve ser crítica, a par dos problemas e dos questionamentos modernos.

Eis a razão por que todos os membros da Jerusalém – homens e mulheres, pois a Nova Jerusalém é mista – estudam a filosofia e a teologia e continuam numa especialização bíblica, já que a Palavra de Deus é complexa e difícil. Ela é muito questionada pela ciência moderna. Os membros da Nova Jerusalém devem estar a par desses problemas e possuir uma formação segura e informada. A Jerusalém é mista porque a maneira feminina de ler a Bíblia é diferente da masculina e a Bíblia é essencialmente “esponsal”: o papel da mulher é vital na resposta do povo de Deus à voz do Esposo. Por isso, a presença feminina é imprescindível na Nova Jerusalém. Da mesma maneira, a presença dos leigos é constitutiva na Nova Jerusalém; por isso, ao lado da Jerusalém masculina e feminina, consagrada pelos votos religiosos, há sempre uma Jerusalém leiga, que participa da consagração e busca bíblica e contemplativa da Nova Jerusalém religiosa, no meio de seus compromissos familiares.

A Nova Jerusalém não é apenas uma Congregação (ou Instituto) piedosa e dedicada ao estudo e à contemplação; a sua finalidade própria é evangelizar, isto é, deixar que a Palavra criadora de Deus possa desenvolver todas as suas energias no mundo desnorteado de hoje. Portanto, a Nova Jerusalém não atua apenas na pastoral de uma paróquia, mas quer atingir uma (arqui-)diocese inteira e mesmo a Igreja universal. Com essa finalidade, lançou a Revista Bíblica Brasileira, para aprofundar e atualizar sistematicamente o conhecimento crítico da Bíblia, e abrir um diálogo com as outras partes do Brasil, da América Latina, da Europa, do mundo cristão principal, mas não exclusivamente.

A Nova Jerusalém (interna, isto é, religiosa) conta atualmente com 31 membros, dos quais 5 sacerdotes (sem contar o fundador). Ela tem três fundações: a Casa-Mãe em Fortaleza, cujos membros estudam no ITEP arquidiocesano; duas casas (uma feminina e uma masculina: 6 membros no total) em Belo Horizonte-MG, cujos membros cursam a pós-graduação em teologia e Bíblia no ISI e em outros Institutos; e uma em Aracaju, que conta atualmente com dois membros, um sacerdote e um estudante professo.

O órgão de comunicação do Instituto Nova Jerusalém é a Revista Bíblica Brasileira (RBB) que, desde 1984 – três anos depois da fundação do Instituto – esforça-se por expressar uma leitura da Bíblia atualizada, exigente, a par da exegese moderna mundial, numa compreensão profunda da mensagem bíblica, Antigo e Novo Testamento – e mesmo dos Apócrifos inter-testamentário), que possa se tornar o alicerce e o trampolim para uma nova evangelização para o terceiro milênio. Pensamos que, a partir de nosso bairro humilde e pobre, e a partir de um estudo e de uma meditação profunda, uma nova luz de evangelização possa irradiar para o nosso Brasil e mesmo para o mundo inteiro (assinatura pela Caixa Postal 1577, 60001-970 Fortaleza-CE).


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