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O aborto provocado e suas consequências

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O aborto provocado é a interrupção intencional da gravidez, resultando na morte do nascente. É uma prática clandestina por excelência e carrega a marca da reprovação. Às vezes, pretende-se justificar o aborto como a única saída para situações angustiantes que uma gravidez não desejada pode trazer. No entanto, a pior angústia vem depois do aborto.

AS CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS,

PSICOLÓGICAS E SOCIAIS DO ABORTO

Pode-se constatar que, originadas sob inspiração cristã, as legislações contrárias ao abortamento sempre contaram com o apoio de diferentes igrejas, que se opuseram tenazmente a todas as tentativas de legalizá-lo.

A vasta transformação das idéias e dos costumes que se operou na segunda metade do século XX em grande parte do mundo, principalmente o industrializado, levou à novas posturas, baseadas no entendimento de que a mulher tem o direito de controlar o próprio corpo e, portanto, deveria ser livre para decidir a interrupção da gravidez. E o direito ao corpo do bebê, a mãe teria? O direito à vida é inviolável e inalienável. A mãe é guardiã da vida e não proprietária absoluta da mesma.

Será observado que, em mulheres suscetíveis, a interrupção da gravidez pode precipitar uma reação psiconeurótica ou mesmo psicótica. Alguns psiquiatras afirmam que cada aborto é uma experiência carregada de riscos sérios para a saúde mental.

A Síndrome Pós-Aborto (SPA)

Recentemente, terapeutas têm observado pavores irracionais e depressões ligadas às experiências abortivas, e rotularam o problema como “Síndrome Pós-Aborto”.

O aborto é, antes de tudo, um procedimento físico, o qual produz um choque no sistema nervoso e que deve provocar um impacto na personalidade da mulher, uma vez que somos um todo, cujas partes não existem separadas, mas integradas: corpo e psiquismo. Além das dimensões psicológicas, cada mulher que se submeteu a um aborto deve encarar a morte de seu filho que não nasceu como uma realidade social, emocional, intelectual e espiritual.

Alguns terapeutas trabalharam com mulheres que tentaram ignorar os efeitos do aborto, e acreditam que quanto maior a rejeição, maior a dor e a dificuldade quando a mulher resolve finalmente enfrentar a realidade da experiência abortiva.

Admite-se que, mesmo mulheres lesadas pelas suas experiências abortivas,  podem, de boa fé, alegar não terem sofrido reações adversas já que os sentimentos foram reprimidos, não havendo noção consciente dos mesmos. Além disso, nessa perspectiva, quanto maior a repressão, maior a rejeição e maior pode ser o dano à personalidade da mulher.

Os defensores do aborto advogam que somente as mulheres com problemas psicológicos anteriores têm dificuldade em suportar as experiências abortivas. As próprias mulheres discordam dessa proposição. Contudo, pode ser verdade que mulheres com problemas prévios sejam mais susceptíveis às reações mais graves.

Quais são os problemas que uma mulher que provocou um aborto deve encarar? Principalmente, a necessidade de enfrentar a realidade sobre o ato de provocar um aborto. A verdade é que, quando uma mulher aceita submeter-se a um aborto, ela concorda em assistir a execução de seu próprio filho. Isso também vai contra a realidade biológica da mulher, que é plasmada precisamente para cuidar e nutrir o seu filho ainda não nascido. O aborto é tão contrário à ordem natural das coisas que, automaticamente, induz uma sensação de culpa.

Defensores da prática do aborto sustentam que se uma mulher se sente culpada é porque alguém “colocou a culpa nela”. Ao contrário, as mulheres pertencentes ao movimento de Mulheres Vitimadas pelo Aborto relatam que a culpa se manifestou e cresceu com a própria experiência abortiva;  foi parte da reação própria ao aborto e não infundida nelas por outras pessoas.

A maioria das mulheres que se submeteram a abortos teria preferido outra solução para o problema. O aborto não é definitivamente uma solução fácil de um grave problema, mas um ato agressivo que terá repercussões na vida da mulher e é nesse sentido que ela é vítima do seu próprio aborto.

Consequências físicas e psicológicas do aborto

Segundo o Dr. L. Clemente de S. Pereira Rolim (especialista em Clínica Médica pela AMB e pós-graduado da Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, UNIFESP-EPM), basicamente, três tipos de fenômenos psíquicos podem  ocorrer nas mulheres ao fazer aborto:

– Sentimentos de remorso e culpa;

– Oscilações de ânimo e depressões;

– Choro imotivado, medos e pesadelos.(1)

Quanto ao sentimento de culpa, já tentaram atribuí-lo à crenças religiosas. Certamente, há sentimentos de culpabilidade originados por convicções religiosas, mas a maior parte destes sentimentos posteriores ao aborto tem muito pouco que a ver com a crença religiosa. O aborto viola algo de muito profundo na natureza da mulher. Ela é naturalmente a origem da vida e é normal que a mulher grávida esteja consciente de que cresce uma criança dentro dela. A mulher que aborta voluntariamente sabe que matou o seu filho. Podem surgir neste contexto sentimentos de auto-defesa: “ainda não estava formado”; “eu não tinha condições de educar como eu deveria”; “nasceria para sofrer”, etc”.

A maioria das mulheres pratica o aborto em uma situação desesperadora de medo ou insegurança. Por mais liberta que a mulher esteja dos padrões morais e religiosos, por mais consciente da impossibilidade de levar a termo sua gestação, por mais indesejada que tenha sido a gravidez, abortar é uma decisão que, na grande maioria das vezes, envolve angústia.

Para alguns psiquiatras, cada aborto representa uma experiência carregada de riscos sérios para a saúde mental, devendo ser proibido. Por outro lado, há estudiosos que afirmam que a reação psicológica adversa acarretada pelo aborto provocado é menos grave frente à reação ao nascimento de uma criança indesejada. Mas, como comprovar essa afirmação?  Sabe-se que muitas mães, ao verem seu bebê, passam a acolher, proteger e amar aquele filho. Outras que resolveram doar seus filhos a alguém se arrependem disso antes mesmo dele nascer ou após seu nascimento. Assim, o que é o natural nas diversas manifestações de vida no planeta é o instinto de sobrevivência que luta para continuar a viver. Creio que uma criança, se pudesse falar, pediria para não ser sacrificada.

Consequências psicológicas para a mãe:

– Queda na auto-estima pessoal pela destruição do

próprio filho;

– Frigidez (perda do desejo sexual);

– Aversão ao marido ou ao amante;

– Culpabilidade ou frustração de seu instinto materno;

– Desordens nervosas, insônia, neuroses diversas;

– Doenças psicossomáticas;

– Depressões;

– Conseqüências psicológicas nos demais membros da família:

– Problemas imediatos com os demais filhos, tais como: agressividade dos filhos e medo destes de que os pais se separem; sensação de que a mãe somente pensa em si (insegurança e desconfiança do amor gratuito da mãe).

Consequências psicológicas sobre o pessoal médico envolvido:

– Estados patológicos que se manifestam em diversas formas de angústia, sentimento de culpa, depressão, tanto nos médicos quanto no pessoal auxiliar, por causa da violência contra a consciência;

– Os abortos desmoralizam profissionalmente o pessoal médico envolvido, porque a profissão do médico é a de salvar a vida, não a de destruí-la.

Consequências sociais do aborto

– O relacionamento interpessoal entre os esposos ou futuros esposos, frequentemente, fica comprometido depois do aborto provocado;

– Antes do matrimônio: muitos jovens perdem a estima pela jovem que abortou, diminuindo a possibilidade de casamento;

– Depois do casamento: hostilidade do marido contra a mulher, se não foi consultado sobre o aborto; hostilidade da mulher contra o marido se foi obrigada a abortar. Culpabilização mútua também pode ocorrer;

–  Perigo de filhos prematuros e excepcionais, com todos os problemas que isso representa para a família e a sociedade;

Numa perspectiva espiritual, temos consciência de que recebemos do Criador de forma gratuita e amorosa o dom precioso vida. Portanto, viver é condição para usufruir do amor humano e divino. A vida é a oportunidade única e irrepetível para cada pessoa que é sabiamente tecida no ventre materno  e destinada à usufruir e participar ativamente da felicidade de amar e ser amado. No seu desígnio amoroso, o Pai tudo fará para que seus filhos resgatados da sombra da morte por Seu Filho unigênito conheçam, experimentem e escolham livremente esse Amor que reconstrói e cura todas as feridas humanas.

Interromper a vida é, portanto, contrariar  um desígnio divino de felicidade para a humanidade e para cada ser humano. Justificar essa interrupção por causa de circunstâncias desafiantes de qualquer natureza é reduzir nossa capacidade de intervir na realidade e de construir as condições adequadas para acolher a vida nascente e favorecer em tudo que ela se desenvolva e se realize.

REFERÊNCIA: BIBLIOGRÁFICA:

  1.   Artigo Científico. Acesso em 9 de dezembro de 2016. Disponível em:

http://www.unisa.br/graduacao/biologicas/enfer/revista/arquivos/2003-13.pdf – Universidade de Santo Amaro – SP

Laura Martins


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