Já imaginou ser missionário mesmo depois de casado e com filhos? Acha que é impossível conciliar o serviço a Deus e o ser família? E se eu te disser que na Comunidade Católica Shalom existem pessoas que ingressaram na Comunidade de Aliança vivendo essa realidade?
Ofertar a vida de modo específico e ser família não são realidades que precisam caminhar de lados opostos, muito pelo contrário. É possível caminharem lado a lado. Claro que existem desafios, mas em qual lugar eles não estão presentes?
A diferença é que a certeza de estar fazendo a vontade de Deus e sendo sustentado por sua graça dá forças para continuar um dia de cada vez.
Na Missão Shalom de Belo Horizonte existem missionários que vivem essa realidade, como é o caso do Gleison e da Letícia, consagrados da Comunidade Shalom, que são casados e pais do Gabriel e do João Paulo.
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“Somos casados há 18 anos e temos dois filhos, Gabriel Francesco Pio da Silva, de 17 anos e João Paulo Ribeiro da Silva, de 11 anos.
Somos consagrados da Comunidade de Aliança há 4 anos. Nossa família conheceu o Carisma Shalom há 12 anos, o que transformou nossas vidas. Só que antes de partilharmos sobre essa experiência é importante contarmos o caminho que trilhamos até chegar aqui. Nos conhecemos dentro de um centro espírita. A família do Gleison era toda espírita e isso me atraia.
Eu, Gleison, cresci neste ambiente. Até os 24 anos eu era espírita. Era a única ‘religião’ que eu conhecia. Apesar de na minha casa ter um centro espírita, Letícia e eu nos encontramos em um outro centro, que punha cartas e ela foi atraída por isso. E assim começou a nossa história.
Amizade e dificuldades
Com essa amizade começamos a nos gostar e do gostar, vimos que era amor. Sobre o namoro não temos muito a dizer, pois pulamos várias etapas. Tivemos um namoro mundano e em pouco tempo eu engravidei do nosso filho Gabriel. Hoje, sabemos que ele veio para mudar a nossa vida, pois com a gravidez e as dificuldades que vivenciávamos naquele tempo fomos abandonando o espiritismo e procurando a Igreja Católica.
Fomos acolhidos pela paróquia Maria Estrela da Evangelização, em Belo Horizonte. Neste processo de acolhida que recebemos, Gleison fez a primeira comunhão e crismou.
Ao receber estes sacramentos por volta dos 24- 25 anos, experimentei o início de uma grande conversão, pois fui experimentando do Senhor um amor que até então eu não conhecia. A partir dessa experiência com a pessoa de Jesus, eu larguei o espiritismo, me confessei e fui acompanhado por algumas pessoas e permaneci na Igreja Católica.
Início da vida católica
Depois do Gleison receber os sacramentos, nos casamos. Nesta época eu já estava há poucos meses de ganhar o Gabriel. Durante todo o pré-natal os exames mostravam que nosso filho seria uma criança sem nenhum tipo de deficiência. Só que por um erro médico durante o parto, o Gabriel se tornou uma criança com deficiência.
Depois disso, continuamos um tempo na paróquia que nos acolheu. Por causa desse erro médico eu tinha muito medo de engravidar novamente. É nesse momento que o Shalom entrou em minha vida, pois eu engravidei do João Paulo.
A nossa Família e a Comunidade Shalom
Conhecemos a Comunidade por acaso. Eu, Gleison, tinha costume de ir a Canção Nova e em uma dessas minhas idas, fui pensando que seria um acampamento de Cura e Libertação. Quando cheguei lá era o PHN (por hoje não vou mais pecar). Por uma providência de Deus quem fez uma das pregações foi o Moysés Azevedo, fundador da Comunidade. Pesquisando um pouco sobre a Comunidade Shalom vi que ela também trabalhava a questão de cura interior. Então percebi que poderia ser um auxílio para a Letícia e o medo que ela tinha de engravidar novamente.
Já tinha visto a placa do Shalom em Belo Horizonte, mas nunca tinha me interessado, pois perto da minha casa, tinha uma igreja evangélica com este mesmo nome. Até que um dia na volta do trabalho, depois do PHN, parei no centro de evangelização, conversei com uma missionária que estava na porta e ela passou a acompanhar a Letícia durante a gestação.
Começamos a frequentar o grupo de oração da comunidade aos domingos, o João Paulo nasceu e fomos nos encantando pela comunidade, mas por causa das muitas atividades que o Gleison tinha na paróquia, a distância, o fato de termos dois filhos e não termos carro levou um tempo para que fossemos mais ativos na Comunidade. De 2009 até 2013 só participávamos dos eventos do Shalom como Réveillon da Paz, Renascer e Arraiá da Paz.
Um testemunho que alcançou
Até que, no Renascer de 2013, ouvi uma pregação sobre vocação. O pregador era um missionário da Comunidade de Aliança que estava com um filho de 3 meses e a esposa participando. Quando ele ia dizendo que tinha mais duas filhas além daquele bebê, que a sogra dele também havia entrado para a Comunidade depois dos 50 anos foi como se uma flechada tivesse atingido meu coração.
Depois da pregação fui até ele e perguntei: ‘Vejo em outras comunidades que, quando os missionários vão em missão, os filhos ficam em casa com babás, ou então vão mas tem quem os ajude. Como acontece com vocês? Por que eu não tenho condições de pagar uma babá para ficar com meus filhos.’ Foi quando ele me explicou que na Comunidade Shalom existiam outros casais que viviam essa realidade e que onde eles iam os filhos também iam junto.
Neste mesmo ano fomos convidados a participar do vocacional aberto. Ainda sem entender muito bem, fomos. Na verdade só eu, Letícia, conseguiu ir, pois não conseguimos quem ficasse com os meninos e o antigo espaço do centro de evangelização era pequeno e foi pedido para não levar as crianças.
Vida vocacional
Letícia fez o plantão vocacional e eu só consegui fazer na segunda-feira, quando fui ao grupo de oração. Nesta época voltamos a participar do grupo de oração do Shalom, só que dessa vez voltado para casais. Quem conduzia era o Alexandre Rabello e Márcia Rabello, que eram da Comunidade de Aliança e tinham filhas.
Fiz o plantão vocacional, mas achei que não fosse ser aceito na Comunidade por não ter conseguido participar do vocacional aberto. Tempo depois, quando a Letícia ligou para saber se tinha sido aceita no vocacional, a resposta positiva. Antes de ligar pensei: – ‘não vou ser aceito. Deus quer jovens como missionários’. Para minha surpresa também tinha sido aceito no vocacional.
Nós trilhamos dois anos de caminho vocacional. A cada encontro era um desafio, pois nem sempre conseguíamos alguém que ficasse com as crianças e muitas vezes era necessário levá-los de ônibus. João Paulo era pequeno e tinha muita energia correndo de um lado para o outro no centro de evangelização. Para nossa providência tinha um irmão da Comunidade que ficava por conta dele durante os encontros. Já o Gabriel como é mais tranquilo ficava sentado participando, gritando durante a adoração ao Santíssimo. É que sempre que ele está diante de Jesus Eucarístico ele grita, ou seja, foi um tempo bem desafiante. Cada domingo do vocacional, de missa, de eventos da Comunidade eram desafiantes.
Fomos vivendo essas lutas confiando na graça e misericórdia de Deus. Certo dia, quando fui fazer experiência na célula, fui com essa preocupação. Comecei a ficar inquieto e me questionar: ‘- Senhor como vou expor meus filhos a essa realidade?’. Então o Senhor me deu uma moção muito forte de ciência e sabedoria do que pelas minhas próprias forças eu poderia acrescentar, porque quando eu ingressasse ali entraria toda a minha família. Meus filhos seriam da Comunidade. Minha vida seria de Deus e meus filhos também.
Guardei essa moção pra mim. Uma semana depois, Letícia e eu estávamos conversando com a Mônica, uma irmã da Comunidade de Aliança, ela nos disse que nossos filhos eram da Comunidade a partir do vocacional, que estávamos querendo viver como se os filhos fossem só nossos. A partir do momento que o Senhor tinha nos escolhido e levado até ali, eles também eram da Comunidade.
Novos desafios
Depois de dois anos de vocacional, por graça e misericórdia de Deus, ingressamos como postulantes da Comunidade de Aliança. Então começamos a viver aquilo que nos era pedido como carisma: célula, ministério, vigília, eventos, tudo com nossos filhos. Era um desafio. Tinha dia que tínhamos condições e pagávamos para minha sobrinha cuidar das crianças para ir para a célula. Outras vezes não conseguíamos e era preciso levá-los.
Na vigília, quando os meninos eram pequenos, eles iam e dormiam no Shalom. A medida que foram crescendo, fomos conversando com nossos formadores e um fazia em um dia e o outro no outro, para não levar as crianças. Nos eventos era mais ou menos do mesmo jeito. As vezes conseguimos carona, outras a providência de Deus nos permitia pagar um carro por aplicativo.
Durante todo este tempo, nunca nos faltou o auxílio de Deus. Fácil, não foi e não é. Mas, assim como o ouro precisa passar por altas temperaturas para chegar a sua forma final, assim também é conosco na vocação. Vemos que todas esses desafios são e foram purificações para nós, que nos permitiram crescer. Quando olhamos para tudo que vivemos, até hoje imaginamos que não daríamos conta, se não fosse a graça de Deus através da vivência do Carisma Shalom, que alcança a nossa família e a criação dos nossos filhos.
Shalom, uma parte de nós
Certa vez, fomos questionados pela diretora da escola do João Paulo, quando ele tinha cerca de 5-6 anos, para saber o que era o Shalom, pois nosso filho falava o tempo todo que ia para isso do Shalom, que gostava do Shalom e etc. Explicamos o que era e acreditem, por causa desse amor do nosso filho pela Comunidade, essa diretora participou do Renascer uma vez.
Levar o Gabriel para os eventos é sempre um desafio, ainda mais agora que ele está crescendo, mas ele sempre gosta. Em dia de Renascer, por exemplo, ele acorda cedo e feliz para participar. No dia seguinte sempre achamos que ele estará muito cansado para participar de novo e, pelo contrário, muitas vezes ele está mais animado do que nós mesmos. Ele vai firme e fica. Além disso, sempre tem quem nos ajude.
Percebemos que um dos diferenciais da vocação é que não caminhamos sós. Temos formadores que nos auxiliam. No primeiro ano de postulantado eu, Letícia, tive como formadora pessoal uma missionária da Comunidade de Aliança que era mãe de 5 meninas. Isso foi cuidado de Deus para mim, pois ficava pensando que era impossível ser missionária da Comunidade de Aliança, mãe, esposa, dona de casa e etc. Ter a Márcia Rabello como formadora me ajudou a dar passos em todas essas áreas da minha vida.
Cada desafio desses que nós vamos vivendo confiamos na graça e misericórdia de Deus, porque se essa graça nos faltar, nos faltará tudo. É com confiança que vamos trilhando este caminho.
Até aqui o Senhor nos sustentou. O Carisma Shalom é muito belo e nos alcança em todas as realidades. Basta abrirmos nosso coração e nos deixar ser formados.”
Gleison Antônio da Silva e Maria Letícia Ribeiro da Silva
Consagrados da Comunidade de Aliança e pais do Gabriel e João Paulo
Serviço
Congresso Shalom das Famílias 2022 – O amor na família: vocação e caminho de santidade
Quando: 25 e 26 de junho de 2022
Local: Fortaleza – CE
Inscrições: [link]
Valor: R$60,00 (1º lote promocional)
Você pode seguir o Instagram @familia.shalom e acompanhar as novidades.