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O Celibato na Vocação Shalom

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“Com efeito, há eunucos que nasceram assim, desde o ventre materno. E há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade para compreender, compreenda!” (Mt 19,11-12).

Baseados nestas palavras de Jesus, muitos homens e mulheres se propuseram desde os primórdios da Igreja a abraçar voluntariamente uma virgindade ‘por causa do Reino’. Testemunhas disso são as chamadas “virgens consagradas”, presentes já na Igreja Primitiva, e o próprio apóstolo Paulo, que em 1Cor 7,25-40 testemunha e aconselha o celibato aos seus discípulos.

Com o caminhar da Igreja ao longo dos séculos, o “celibato consagrado” foi tomando corpo nas diversas formas de vida consagrada. Assim, surgiram os eremitas, os monges cenobitas, os Institutos de Vida Religiosa, os Institutos de Vida Secular, as Sociedades de Vida Apostólica, entre outras.

Também na vocação Shalom, “o Senhor chama muitos à doação total do seu coração, corpo e tempo a Ele, à Obra e aos irmãos, através do celibato consagrado. Estes irmãos são membros legítimos da Comunidade e têm os mesmos direitos e deveres dos outros membros. Assumem o voto de castidade através do celibato vivido na continência perfeita, abraçada voluntariamente em favor do Reino de Deus. Esta é uma oblação, um sacrifício de louvor agradável a Deus, que gera grande fecundidade espiritual e apostólica no interior da Comunidade” (ECCSh, 157).

O celibato consagrado encontra sentido no fato de ser abraçado ‘pelo Reino’. Assim, ele não é de forma alguma algo negativo. O celibatário não é alguém que simplesmente renuncia ao amor conjugal, mas é antes alguém que se propõe a amar mais a Deus e aos seus irmãos, abrindo mão de um amor exclusivo por uma pessoa. Dessa forma, o celibato não é a negação da afetividade e da sexualidade, antes, ele constitui um redirecionamento dos mesmos.

No interior da Comunidade, o celibato consagrado é o reflexo da Pessoa do Espírito Santo, e atua “como instrumento de fecundidade e poder espiritual para toda a Comunidade (amor-santificação)” (ECCSh, 144). A oferta silenciosa da vida de um celibatário é fonte de vida no Espírito para a Comunidade e para a humanidade inteira. Os frutos muitas vezes são imperceptíveis aos olhos humanos, mas sabemos na fé que não é vã a vida de alguém que se entrega plenamente a Deus e ao serviço da sua vinha, não buscando nada em troca, a não ser o próprio Deus.

“Os irmãos chamados a esta graça, privilegiem em suas vidas o amor e a dedicação ao Senhor, por quem, renunciando a tudo, se entregaram. Busquem provar este amor por uma fecunda dedicação aos outros, transbordando o amor universal devido a todos os homens. Por força do chamado que o Senhor lhes fez e em razão de sua generosa resposta, sejam sinais desta doação total a Deus e aos irmãos, na caridade fraterna e no apostolado, não buscando privilégios nem comodidades, mas almejando ser uma oferta agradável ao Senhor” (ECCSh, 158).

“De uma maneira particular sejam os celibatários um sinal e exemplo de uma adesão incondicional aos conselhos evangélicos da pobreza, da obediência e da castidade, abraçando-os pela profissão dos votos e vivendo-os no espírito da vocação. Sejam para todos os irmãos um sinal escatológico, manifestando desta forma a supremacia das realidades eternas sobre as transitórias deste mundo” (ECCSh, 159).

Fonte: Comunidade Católica Shalom


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