Para compreender a dimensão que o Congresso de Jovens Shalom 2023 teve na minha história, temos que voltar um pouco no tempo e entender de onde Deus me tirou.
Sou natural do interior do estado do Piauí e, na minha infância, como grande parte das crianças da região, minha rotina consistia em ir para a escola e para a igreja, o que me levou a participar de grupo de jovens e ser atuante na paróquia. Porém, com meu ingresso no ambiente universitário, tive que ir morar na capital – em Teresina – e, consequentemente, afastei-me da caminhada da igreja, rompendo a amizade com Ele. Daí veio o vazio, que se tornou imenso em mim, onde nada me completava, juntamente com as dúvidas sobre a fé, e o temor de pecar – desagradar a Deus – já não existia.
Dias, meses, anos foram se passando, e quando me dei conta não havia mais nada em mim Daquele que era meu tudo. Mas a misericórdia de Deus é insondável, e Ele não desistiu de mim, e me fez conhecer uma pessoa que me convidou para participar de um Seminário de Vida no Espírito Santo, o Bruno Lopes; eu fui, e fui tocada, ouvi a Deus, mas o barulho do mundo ainda me impedia de render-me ao Amor Misericordioso de Deus. Ao fim do SVES naquele domingo, fomos direcionados à Missa no CEV Jóquei, onde Deus tinha muito mais a fazer em mim.
Vamos para o CJS?
O Bruno me fez mais um convite: ir ao CJS. Disse que eu não poderia deixar de ir, insistiu, mas eu achava uma loucura tudo aquilo, afinal a viagem já seria na quinta daquela mesma semana. Mas a providência divina tudo preparou para que eu fosse, e fui.
Durante a viagem até o CJS Belém, vieram as batalhas, sentia-me totalmente deslocada, pois não tinha amigos no ônibus e via todos interagirem entre si, as pessoas iam cantando e eu não conhecia nenhuma música e isso criava em mim um sentimento de que ali não era meu lugar, e tampouco aquilo seria minha via segura de salvação.
A Adoração que mudou a minha vida
Logo no primeiro dia de CJS, na Missa realizada na Basílica de Nazaré, tomou conta de mim um constrangimento muito grande, uma vergonha infinita, eu queria chorar e não conseguia. No segundo dia – o ápice do CJS em minha história -, durante a adoração, resolvi sair do local do evento, sentei-me lá fora, sozinha e pensava:
“O que eu estou fazendo aqui? Por que fiz essa loucura de vir para cá, apenas com quatro dias que conheci a Comunidade Católica Shalom? Eles são felizes, sabem rezar, eu não sei”.
E diante daquele sofrimento, minha decisão era: “eu não piso mais no Shalom”. E junto com toda essa confusão interna, vinha o sentimento de vergonha ao imaginar que quando os jovens do Shalom passassem por mim, iriam pensar: “olha, ela frequentou, mas desistiu”.
Depois de um tempo, resolvi voltar para dentro (o local do evento), e quando entrei, a pessoa que estava conduzindo a Adoração proclamou: “Aqui tem uma jovem que se afastou da Igreja, mas que está tentando retornar”, eu sabia que era para mim, mas no pensamento insistia em negar: “eles sempre falam isso. É para ver se cola em alguém”. E a proclamação continuou, e em cada palavra sentia e sabia que era para mim, mas continuava negando. Até que a pessoa disse:
“Essa jovem estava lá fora, sofrendo e pensando na vergonha que vai ser nunca mais frequentar o Shalom, mas Deus está dizendo para você que essa vergonha você não irá passar, porque você vai permanecer”.
Ao perceber que não havia partilhado com ninguém o que sentia e pensava lá fora, toda dúvida e incredulidade caíram por terra, e entendi que eu era aquela jovem, que as palavras proclamadas não eram mentiras, mas a verdade, a minha verdade em Deus.
Em seguida, convidaram a se aproximar de Jesus Eucarístico aqueles que achavam que precisavam de um milagre para retornar a Deus. Eu, ainda receosa, mas profundamente tocada, disse dentro de mim: eu vou! E fui. Caminhava no meio daquela multidão em direção ao Senhor, e cada vez que chegava mais perto ouvia uma voz a me dizer: Agora você fica! Alguns irmãos rezaram em mim e ali o Senhor me dizia que estava me esperando. Isso me fazia chorar e sorrir. E eu nada entendia. Mas o Amor Misericordioso de Deus me envolvia e me acolhia. Pois Ele muito esperou por mim.
Quem eu sou depois do CJS?
Me sentia como o filho pródigo, quis conhecer o mundo, mas retornei e Ele, meu Pai do Céu esteve todo o tempo me esperando, e estava ali falando diretamente comigo. Diante desse encontro com o Amor Misericordioso de Deus, as dificuldades já não tinham mais importância, eram pequenas frente ao desejo que nasceu em meu coração em estar ali e viver cada momento, cada pregação, cada louvor. Afinal, o CJS foi feito para mim.
Voltei para Teresina com o coração sedento por Deus, me engajei, e hoje sou vocacionada, núcleo do PJJ da missão Teresina e, como nunca imaginei, organizando a caravana para o CJS 2024. As dificuldades continuam, mas eu permaneço, pois reconheço a voz que falou comigo, e com gratidão e orgulho posso dizer:
“Sou Isamara, uma jovem filha de Deus, e Shalom”.
Que lindo testemunho! O CJS é uma benção!