Como um véu caindo lentamente, descortinando o paraíso, trazendo ondas de medo e incerteza, perguntas e ansiedades. Como quem recebe o maior prêmio, a loteria que anda de braços dados com a maior das responsabilidades. Um dom divino, antigo, primeiro. Um movimento com poder de ataque tão forte, que troca o lado de fora pelo lado de dentro, provoca mudanças drásticas. De repente, tudo muda. O corpo, os sentidos, as prioridades, os sonhos, a casa. De repente, dois humanos passam a existir: o primeiro, pequeno embrião, tecido na eternidade pra um dia conhecer a luz; o segundo, que descobre que a luz que conhecia não era tão brilhante assim. De repente, um filho e uma mãe. Quer dizer, não tão de repente assim, são meses de preparação e depois anos e décadas, até o último dia.
Não há romantismo ou sentimentalismo, mas decisão absoluta de amar, a consciência mais cristalina de que recompensas diárias e escondidas superam todas as contrariedades. Não importa se é o primeiro ou o décimo filho, se as condições são favoráveis ou não, pra um amor apaixonado, que desconhece limites, amor tão semelhante ao verdadeiro Amor, que recria e dá a vida, podemos dar nome: Amor de Mãe.
Não há romantismo ou sentimentalismo, mas decisão absoluta de amar
“Assobiar e chupar cana” não parece tão impossível, você tem direito a um super intensivo nos cursos de pedagogia, psicologia, medicina, artes plásticas e muito mais, dependendo da necessidade. Você pensa mesmo que pode qualquer coisa, e as baratas (desconfio que foram criadas após o pecado original) nem assustam mais… brincadeirinha, assustam sim!
Amor de todo dia, do dia todo. Amor que aceitou o coração que vai morar fora do corpo, aceitou que a vida está muuuuito além da saúde, beleza ou perfeição. Amor que sofre, morre, divide, se divide, se doa, se violenta, se abaixa, educa, orienta, tem mil papéis, agrega, acolhe, corrige. Colo sempre pronto, coração sempre aberto, ouvido atento, mão forte, braço firme. Lágrimas sempre. Desejo de acertar, eternamente. Culpa, amiga constante, habitualmente transformada em resiliência.
Existe um ditado popular que diz: “No coração de mãe sempre cabe mais um”. Na palavra “MÃE” também cabe. Cabe a avó, a tia, a professora, a amiga. Cabe a Co-fundadora, a formadora pessoal, a formadora comunitária, a coordenadora do ministério, a pastora…
Cabem as Santas Amigas, intercessoras no céu, cabe a Mãe Igreja. Cabe a Mãe de Jesus, minha, nossa. MÃE!
Mãe é mãe. Que este dia separado para nós, seja uma celebração e oração. Oração pelas nossas mães, pelas mães que perderam seus filhos, pela ternura daquelas mães que são mães sem ter gerado filhos, pelas mães que lutam por seus filhos, pelas mães que rejeitaram seus filhos, por todas as mamães.
Mãe, se você quer um mundo melhor, eduque, cuide, ame bem seus filhos. Neles podemos ser sempre novos, podemos dizer adeus e ainda assim permanecer.
Filhos, nossa constante continuidade…
“E é como ser sempre
E é como ser novo
E é como dizer adeus e ter como ficar”
(Filhos – Maninho)
Fabielle Gomes (Postulante Comunidade de Aliança)