Formação

O Escapulário de Nossa Senhora

comshalom

Na  Idade Média, o escapulário era uma espécie de avental que caía na frente e atrás  – “scapulas” – palavra latina que significa ombros, e era usado sobre uma roupa comum, pelos eremitas estabelecidos no Monte Carmelo, na Palestina, e que deu origem à Ordem do Carmo. Viviam em pequenos eremitérios, da oração e da mendicância, até que com a conquista da Terra Santa pelos mulçumanos, tiveram que fugir para a Europa. Como já existiam outras ordens também mendicantes, eles não foram bem recebidos e encontraram grandes dificuldades, passando até pelo risco de extinção.

Foi então que o Carmelita Simão Stock, homem penitente e de grande santidade, foi eleito Superior Geral da Ordem. Angustiado com a situação em que se encontravam os seus irmãos carmelitas, começou a suplicar incessantemente a Nossa Senhora que protegesse a sua Ordem.

Assim, no dia 16 de julho de 1251, quando rezava em seu convento de Cambridge, Inglaterra, Nossa Senhora apareceu-lhe com o menino Jesus nos braços e rodeada de anjos. Apresentou-lhe, então, um escapulário, dizendo-lhe: “Recebe, filho muito amado, este escapulário da tua ordem, sinal de minha confraternidade. Será um privilégio para ti e para todos os Carmelitas. Todo o que com ele morrer não padecerá do fogo eterno. Ele é, pois um sinal de salvação, defesa nos perigos, aliança de paz e de pacto sempiterno”.

 

O Padre Simon Maria Besalduch, em sua obra “Enciclopédia Del Escapulario del Carmen”, nota que São Simão pediu à Virgem “um signo, um sinal, de sua graça que fosse visível aos olhos de seus inimigos”. E que Ela, ao entregar-lhe o escapulário, “declara que o entrega a ele e a todos os Carmelitos como um signo de sua confraternidade e um sinal de predestinação”.

   Os Santos e o Escapulário

Eis aqui alguns exemplos do apreço de Santos ao Escapulário do Carmo:

– São Simão  Stock, que teve a dita de receber o Escapulário das mãos da Rainha do Céu, no mesmo dia o tocou no corpo de um moribundo impenitente, obtendo o primeiro milagre do Escapulário com a imediata conversão do doente.

– São João da Cruz,  ao perguntar muitas vezes ao frade que o assistia em sua última doença, que dia da semana era, explicou: “ Pergunto porque me veio agora  à memória quão grande benefício  é o que faz Nossa Senhora aos religiosos de sua Ordem que portaram seu hábito e fizeram o que esse privilégio pede”. Realmente faleceu na alvorada de um sábado, 14 de dezembro de 1591.

– Santa Teresa de Jesus com freqüência se gloriava de portar o escapulário “ como indigna Carmelita”. E zelava para que suas  religiosas não deixassem de dormir com ele posto. Dirigindo-se a elas, escrevia: “Só posso confiar na misericórdia do Senhor… e nos merecimentos de Seu Filho e da Virgem Maria Santíssima, Sua Mãe, cujo hábito indignamente trago e vós trazeis”.

– Santo Afonso Maria de Ligório não só usava o Escapulário, mas o recomendava  insistentemente aos fiéis. O Escapulário com o qual foi enterrado permaneceu incorrupto no sepulcro, e é hoje venerado num relicário em Marianella, sua cidade natal.

– São Pedro Claver serviu-se incessantemente do Escapulário do Carmo em seu apostolado com os negros na Colômbia. Conserva-se uma pintura representando-o no leito de morte, com um crucifixo em uma das mãos e o Escapulário sobre o peito; em volta à sua cama, muitos negros com o Escapulário ao pescoço, beijando os pés e as mãos do missionário.

– São João Bosco recebeu-o na infância  e o difundiu durante toda a vida. Enterrado em 1888 com o Escapulário, em 1929 foi encontrado o mesmo em perfeito estado de conservação, sob as vestes apodrecidas e os mortais mumificados desse grande apóstolo e incomparável educador da juventude.

– São BoaVentura dizia: “Desafoguem o peito diante da Virgem do Carmo os pecadores mais empedernidos: revistam-se do seu Santo Escapulário e Ela os conduzirá ao porto da conversão. Honrem-na com o uso do Escapulário e demais obrigações ou obséquios da Confraria.

 ———–
O significado do escapulário se resumem nestes pontos:

1. É sinal e garantia. Sinal de pertença a Maria, garantia de sua materna proteção, não só em vida, mas também depois da morte.    

2. Permite a agregação à família dos « irmãos da beata virgem Maria ».

3. Com o escapulário Maria mesma consagra o próprio filho, vestindo-o e sinalizando-o de modo especial como pertencente a ela.  « Mulher, eis aqui teu filho »! (Jn. 19,26).

4. O devoto (do latim devóvere, oferecer,consagrar) com o escapulário, « se entrega a si mesmo » à Maria. Como um homem livre na Idade Média se entregava a um senhor para prestar-lhe serviço e receber dele proteção.. « Eis aqui tua mãe »  (ibid., 27).

5. O devoto se compromete em viver seu serviço ao Senhor Jesus, através da intimidade familiar com Maria, como « irmão da beata virgem Maria ». « Desde esse momento o discípulo a recebe em sua casa » (ibidem). Para comprender o escapulário necessita pôr-se numa ótica « cavalheiresca » que era aquela do tempo na qual ha nacido, mas que pertence também aos valores inamovíveis do homem . Quem usa o escapulário, disse Pio XII, « faz profissão de pertencer a nossa Senhora, como o cavalheiro desse século XIII – ao qual se remonta a origem do escapulário – que se sentia, sob o olhar de sua “dama”, forte e seguro no    combate e que, levando suas “cores”, teria preferido mil vezes morrer antes que deixá-lo manchar » (Pio XII, discurso no sétimo centenário do escapulário carmelitano, 6 de agosto de 1950).


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.