Na noite de terça-feira, 14 de agosto, milhares de pessoas saíram em passeata pelas ruas de São Paulo em ato contra o Projeto de Lei que legaliza o aborto no Brasil. A manifestação nomeada “Marcha pela vida” saiu da Praça Adolpho Block, no bairro Jardim América, em direção à Praça da Paz, no parque Ibiraquera.
“A marcha foi silenciosa, então a princípio me pareceu meio estranho, porque achei que seria mais interessante se fossemos gritando algo do tipo: vida sim, aborto não; viva a vida”, contou Talita Guido, consagrada da Comunidade de Aliança da Comunidade Católica Shalom, que junto com outros membros participou do ato. “Mas logo percebi que o silêncio era propício; no silêncio vi que inúmeras pessoas (famílias, idosos, muios jovens), iam debulhando as continhas de seus terços, rezando”, completou.
Embora tenha originado dentro do movimento Terço dos Homens da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, também no Jardim América, o convite para participar da marcha estendeu-se a cristãos e não-cristãos, conforme explicou os organizadores nas redes sociais e no início do ato. A manifestação tomou conta de faixas da Avenida Brasil, dividindo o trajeto com os carros.
“A cada canto havia uma parada da marcha, e em uma dessas paradas os carros que passavam ao nosso lado também pararam pelo trânsito, e o silêncio foi rompido por uma mulher que dentro do seu carro esmurrava o banco e gritava: sim ao aborto, sim ao aborto, é nosso direito, sim ao aborto”, relatou Talita.
“Nunca presenciei alguém tão perto de mim gritar tão forte: sim ao aborto. E logo em seguida, em meu coração, recordei um outro grito na história lançado também contra um inocente: CRUCIFICA-O, CRUCIFICA-O”, desabafou. “Que o nosso grito em favor da vida seja mais forte que as vozes que mais uma vez tentam dizer: crucifica-o”, exclamou.
A descriminalização do aborto está em votação no Supremo Tribunal Federal. No começo do mês a CNBB apresentou argumentos quanto à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 durante audiência pública. Na mesma semana, o Senado da Argentina rejeitou a legalização do aborto até a 14ª semana da gravidez.
Amanda Pereira