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O Jesus Cristo histórico

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Algumas pessoas afirmam que JesusCristo nunca existiu. Alegam que a vida de Jesus e os evangelhos sãomitos criados pela Igreja. Essa lamentável afirmação se baseia,principalmente, na crença de que não existem registros históricos deJesus.

Tal carência de registros seculares (isto é, nãoligados à esfera religiosa) não deve surpreender os cristãos de hoje.Primeiro, porque apenas uma pequena fração dos registros escritossobreviveram ao tempo (nada, nada, são 20 séculos!). Segundo, porqueexistiam poucos – se é que de fato realmente existiam – "jornalistas"na Palestina do tempo de Jesus. Terceiro, porque os romanos viam o povojudeu como apenas mais um dos grupos étnicas que precisavam tolerar; osromanos tinham pouquíssima consideração para com o povo judeu.Finalmente, porque os líderes judeus também anseiavam esquecer Jesus.Assim, os escritores seculares somente começaram a se referir sobre oCristianismo quando este movimento religioso tornou-se popular ecomeçou a incomodar o estilo de vida que tinham.

Ainda que ostestemunhos seculares sobre Jesus sejam raros, existem alguns poucosque sobreviveram ao tempo e faz referências a Ele. Não é de sesurpreender que os registros não cristãos mais antigos tenham sidofeitos por judeus. Flávio Josefo, que viveu até 98 dC, era umhistoriador judeu romanizado. Ele escreveu livros sobre a História dosJudeus para o povo romano. Em seu livro, "Antiguidades Judaicas", elefaz algumas referências a Jesus. Em uma delas, ele escreve:

"Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio, que praticouboas obras e cujas virtudes eram reconhecidas. Muitos judeis e pessoasde outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou a sercrucificado e morto. Porém, aqueles que se tornaram seus discípulospregaram sua doutrina. Eles afirmam que Jesus apareceu a eles três diasapós a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o Messiasprevisto pelos maravilhosos prognósticos dos profetas" (Josefo, "Antiguidades Judaicas" XVIII,3,2).

Muitoembora diversas formas deste texto em particular tenham sobrevividonestes vinte séculos, todas elas concordam com a versão citada acima.Tal versão é considerada a mais próxima do original – reduzindo assuspeitas de adulteração do texto por mãos cristãs. Em outros lugaresde sua obra, Josefo também registra a execução de São João Batista(XVIII,5,2) e o martírio de São Tiago o Justo (XX,9,1), referindo-se aeste como "o irmão de Jesus que era chamado Cristo". Deve-se notar queo emprego do verbo "ser" no passado, na expressão "Jesus que ERAchamado Cristo" testemunha contra uma possível adulteração cristã jáque um cristão certamente escreveria "Jesus que É chamado Cristo".

Umaoutra fonte judaica, o Talmude, faz algumas referência históricas aJesus. De acordo com o Dicionário da American Heritage, o Talmude é "acoleção de antigos escritos rabínicos que consiste da Mishná e daGemara, e que constitui a base da autoridade religiosa para o Judaísmotradicional". Ainda que não faça referência explícita ao nome de Jesus,os rabinos identificam a pessoa em questão com Jesus. Essas referênciasa Jesus não são simpáticas nem a Ele nem à sua Igreja. Esses escritostambém foram preservados através dos séculos pelos judeus, de maneiraque os cristão não podem ser acusados de terem adulterado o texto.

OTalmude registra os milagres de Jesus; não é feita nenhuma tentativa denegá-los, mas relaciona-os como frutos de artes mágicas do Egito.Também sua crucificação é datada como tendo "ocorrido na véspera daFesta da Páscoa", em concordância com os evangelhos (Luc 22,1ss; Jo19,31ss). Também de forma semelhante ao evangelho (Mat 27,51), oTalmude registra a ocorrência do terremoto e o véu do templo que sedividiu em dois durante a morte de Jesus. Josefo, em sua obra "A GuerraJudaica" também confirma esses eventos.

No início do séc. II,os romanos começaram a escrever sobre os cristãos e Jesus. Plínio oMoço, procônsul na Ásia Menor, em 111 dC escreveu em uma carta dirigidaao imperador Trajano:

"…[os cristãos] têm como hábito reunir-se em uma dia fixo,antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosseum deus; eles mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime,nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, enem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto, despedem-se ese encontram novamente para a refeição…" (Plínio, Epístola 97).

Umaatenção especial deve ser dada à frase "a Cristo como se este fosse umdeus"; trata-se de um testemunho secular primitivo atestando a crençana divindade de Cristo (Jo 20,28; Fil 2,6). Também é interessantecomparar esta passagem com At 20,7-11, que é uma narração bíblica sobrea primitiva celebração cristã do domingo.

Um outro historiadorromano, Tácito, respeitado pelos modernos pesquisadores por causa desua precisão histórica, escreveu em 115 dC sobre Cristo e sua Igreja:

"O fundador da seita foi Crestus, executado no tempo deTibério pelo procurador Pôncio Pilatos. Essa superstição perniciosa,controlada por certo tempo, brotou novamente, não apenas em toda aJudéia… mas também em toda a cidade de Roma…" (Tácito, "Anais" XV,44).

Mesmodesprezando a fé cristã, Tácito tratou a execução de Cristo como fatohistórico, fazendo relação com eventos e líderes romanos (cf. Luc3,1ss).

Outros testemunhos seculares ao Jesus históricoincluem Suetônio em sua "Biografia de Cláudio", Phlegan (que registrouo eclipse do sol durante a morte de Jesus) e até mesmo Celso, umfilósofo pagão. Precisamos manter em mente que a maioria dessas fontesnão eram apenas seculares mas também anti-cristãs. Esses autoresseculares, inclusive os escritores judeus, não desejavam ouintencionavam promover o Cristianismo. Eles não tinham motivação algumapara distorcer seus registros em favor do Cristianismo. Plíniorealmente punia os cristãos pela sua fé. Se Jesus fosse um simples mitoou sua execução uma mentira, Tácito teria relatado tal fato;certamente, ele não teria ligado a execução de Jesus com líderesromanos. Esses escritos, portanto, apresentam Jesus como um personagemreal e histórico. Negar a confiabilidade dessas fontes que citam Jesusseria negar todo o resto da história antiga.

Não é intençãodeste artigo provar que esses antigos escritos seculares testemunhamque Jesus seja o Filho de Deus ou o Cristo. Porém, esses registrosmostram que um homem virtuoso chamado Jesus viveu nesta Terra no iníciodo séc. I dC e fundou um movimento religioso que perdura até os nossosdias. Esse Homem foi chamado de Cristo – o Messias. Os cristãos doprimeiro século também O consideravam como Deus. Por fim, essesescritos suportam outros fatos encontrados na Bíblia a respeito da vidade Jesus. Logo, afirmar que Jesus nunca existiu e que sua vida é ummero mito compromete a confiabilidade de toda a história antiga.

A Catholic Response Inc.


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