A fé é condição insubstituível para alcançar a terra prometida. Na vida de muitos de nós Deus nos fez promessas, assim como fez ao povo de Israel, de que eles iriam tomar posse da terra prometida. No entanto, para tomarmos posse dela, é preciso ter fé de que Aquele que deu sua palavra é fiel para cumprir.
Na vida de muitos de nós, acostumados com o jeito “natural” de olharmos as situações, corremos o risco de sermos como aqueles espiões que se desesperaram ao verem o tamanho do então povo nativo de Canaã e perderam a fé. Nos deixamos levar pelas dificuldades que se apresentam, e nos esquecemos da palavra que Deus deu, e que Ele é poderoso para cumpri-la.
Porém, a fé tem um outro aspecto muito importante: o abandono. Abandonar-se nas mãos de Deus é deixar que Ele faça tudo na forma e no tempo que Ele quer. É confiar tanto naquilo que uma vez ele prometeu que, mesmo quando as circunstâncias parecerem ser contrárias, DECIDIR continuar acreditando que Deus vai cumprir o que Ele disse, ainda que não saibamos COMO. Abandono, confiança, é aceitar que não precisamos saber o COMO, só precisamos DECIDIR ACREDITAR – porque a fé é decisão, e não sentimento.
É isso tudo que podemos ver no testemunho da Responsável Local da missão de Juazeiro do Norte, falando sobre o período de deserto que foi para a missão local: a procura por uma nova casa que pudesse servir como novo Centro de Evangelização.
Promessa de Deus: o tempo de espera e a provação
“Nós já vínhamos procurando há muito tempo, desde quando nos mudamos para aquele CEV menor, provisório. Tínhamos o desejo de procurar uma casa maior, mas as nossas procuras foram todas frustrantes: fomos para um lado e para outro, e nenhuma tentativa tinha dado certo.” declara a responsável local (RL) Maria Carine.
Quando a comunidade se uniu muito no desejo de procurar e encontrar uma casa nova, surgiu essa casa, em que o próprio inquilino veio nos procurar dizendo que estava prestes sair, e que queria nos indicar de forma preferencial para a proprietária.
Nós ficamos super animados, visitamos a casa, e seguimos todos os passos do processo. Então veio o tempo da espera: a casa demorou muito a sair, e nós ficamos nessa expectativa de nos mudarmos logo. Quando o então inquilino finalmente saiu, Deus nos deu outra grande prova, a qual nos purificou mais ainda: a proprietária tinha desistido de nos alugar a casa porque havia conseguido outra proposta melhor. No início, quando recebemos essa notícia, nós ficamos muito abalados.
Porém, o tempo passou, chegou o dia do Arraiá, e para mim esse evento foi uma manifestação de Deus já em vista do novo da missão – mesmo sem nós sabermos de nada. O Arraiá foi muito bom, nós vimos o grande sucesso que foi o evento, e no meu coração brotou essa expectativa de que ali era o marco de um novo tempo – que eu ainda não sabia como seria, mas que com certeza seria um novo tempo”.
Cumprimento da promessa
“E aí, quando nós pensávamos que a casa não iria dar certo e já estávamos decididos a arregaçar as mangas e procurar outras casas, veio a grande surpresa. Eu estava de folga e estava rezando como a Comunidade de Vida sempre reza, na parte da manhã, quando a Duda (Coordenadora Apostólica da missão) me mandou uma mensagem dizendo que precisava falar comigo com urgência. Eu fiquei muito preocupada pensando que seria algum problema.
Quando eu atendi, a Duda me deu a grande notícia: me disse que a dona da casa tinha nos ligado dizendo que ia nos oferecer a casa novamente, porque ela via como um sinal de deus, e mesmo que aparecesse outra pessoa interessada ela ia dizer que não, que agora a preferência ia ser do Shalom.
Eu experimentei uma profunda alegria, felicidade. Durante a primeira negociação não havíamos anunciado nada publicamente, mas dessa vez eu decidi que íamos falar para todo mundo: agora nós íamos proclamar as maravilhas de Deus. Foi muito bom ver a alegria dos irmãos, muitos já se movimentando para ver o que precisava ser feito para mudanças, reformas, etc”.
Detalhe que na frente da casa havia uma imagem enorme de São José e nós vimos isso como um sinal – tanto que chamávamos ‘a casa de São José’. Decidimos então rezar a novena de São José todos os dias, ininterruptamente. Quando fomos conversar novamente com os proprietários, eles nos perguntaram qual santo nós tínhamos nos apegado. Disseram que tinham achado muito forte a forma como os acontecimentos se desenrolaram, e queriam se apegar a esse santo também. Em todos esses fatos nós sentimos a intercessão poderosa de São José.”
Confiança: o abandono à vontade de Deus
“Eu acredito muito que foi o poder da oração que nos proporcionou isso, porque na segunda-feira Deus falava da tempestade acalmada e eu compreendia que a tempestade era o não ter o nosso lugar. Nós não sabíamos o que fazer, e Jesus poderia parecer estar dormindo, mas ele sabia de tudo o que estava acontecendo, e na hora que ele quisesse ele poderia fazer alguma coisa.
Na terça-feira, rezando com toda essa obra de Deus, eu estava perguntando o que Ele queria. Eu perguntava a Deus ‘Senhor, o que você quer? O que está faltando para que você faça a obra? Há tanto tempo nós estávamos esperando, e agora acontece isso?’ Então Deus deu a palavra de Romanos ‘o sofrimento do tempo presente não se compara com a Glória futura’(Rm 8, 18).
Ali eu me senti muito abandonada. Nós vivemos uma obra de abandono – toda a comunidade, todo o conselho – nós dissemos para nós e para Deus, ‘vamos acolher o que Deus quer’. E quando a gente de fato abraçou isso, essa nova procura por novas casas, Deus nos surpreendeu.
Eu acredito que Deus agiu aí: Ele nos permitiu viver a tempestade da dúvida, de nos sentirmos confundidos, até mesmo com a Sua própria condução, de nos sentirmos até mesmo frustrados. Mas quando nós nos abandonamos, Ele interviu.”
Providência de Deus: a chegada da nova casa na semana da vocação
“O fato de ter vindo na semana da vocação mostra que essa casa veio mesmo como um presente para nós. É de fato a Terra Prometida que Deus já havia nos falado desde o início, quando começamos a procurar. É também um tempo de libertação para nossa missão, e a grande graça de um profundo abandono, de acolher a providência de Deus e deixar Ele nos surpreender.
Ao mesmo tempo que veio o balde de água-fria, também veio a certeza em nosso coração ‘a gente vai continuar lutando, vamos continuar procurando’. No diálogo com a proprietária, ela disse que aquela casa tem uma benção especial e que nós iríamos ser muito felizes lá. Eu vi ali de fato a mão de Deus. Eu sei que vamos enfrentar problemas, mas eu confio muito nas promessas de Deus.”
“Eu acredito que essa casa veio, de fato, inaugurar um tempo novo na missão – o ‘novo’, a ‘obra nova’ que Ele já havia nos prometido há muito tempo.”
“Neste domingo, dia 09, vamos celebrar o aniversário da vocação lá. Vamos comemorar juntos, mesmo sem nada ainda lá, mas vamos estar lá juntos, como família”. Vamos tomar posse da Terra Prometida e proclamar as maravilhas de Deus.
Maria Carine,
Responsável Local -Missão de Juazeiro do Norte