Entre as figuras heróicas da nossa história encontra-se o menino Tarcísio. Vivendo em Roma durante a perseguição do Imperador Valeriano, aos 12 anos, ofereceu-se para levar a Sagrada Comunhão – “o Pão dos Fortes” – aos cristãos condenados à morte porque eram discípulos de Jesus Cristo. O papa Sisto II, admirado da coragem do coroinha dele, entregou-lhe as Hóstias consagradas para levá-las aos condenados. Suspeitando tratar-se de um cristão com algum mistério escondido, um grupo de rapazes pagãos o apedrejou até a morte. Mas Tarcísio não entregou as Hóstias aos agressores. Foi declarado padroeiro dos coroinhas.
Aliás, cerca de 20 anos após a morte de Jesus, o apóstolo Paulo procurou disciplinar a celebração da Ceia do Senhor (1 Cor 11). Portanto, a Eucaristia era importante para as primeiras comunidades e era celebrada com freqüência. Assim se cumpria a ordem do Senhor: “Fazei isto em memória de mim”.
A Eucaristia é Cristo. A liturgia de “Corpus Christi” traduz de forma poética a fé da Igreja: “Aos fracos deu seu corpo em alimento; aos tristes deu seu sangue em bebida”. E continua: “O pão dos anjos fez-se pão dos homens; oh maravilha: a carne do Senhor é dada a pobres, frágeis criaturas”.
Segundo a tradição apostólica, a Eucaristia constrói a unidade da Igreja. São Paulo fala aos Coríntios: “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que participamos desse único pão” (1 Cor 10, 16-17).
A participação no “Pão da Vida” é também sinal de unidade da Igreja. Somos o Corpo de Cristo. Como posso professar a comunhão na fé e no Pão da Vida, se rompo a comunhão de amor e da solidariedade? Ao instituir a Eucaristia, Jesus Cristo tomou uma toalha e lavou os pés dos discípulos. Eucaristia e serviço ao próximo vão juntos! O contrário é farisaísmo.
A procissão de Corpus Christi pelas ruas da cidade e a exposição do Santíssimo Sacramento é ocasião para os discípulos de Jesus mostrarem publicamente seu amor ao Salvador, de lhe prestarem adoração e de contemplarem a hóstia consagrada para além dos momentos da consagração da Missa.
Na Eucaristia, Cristo cumpre a promessa feita aos Apóstolos: “Eu sou a pão vivo descido do céu; quem comer deste pão viverá para sempre”!
Dom Sinésio Bohn
Bispo de Santa Cruz do Sul
Fonte: CNBB