“Eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes? Vou abrir uma via pelo deserto, e fazer correr arroios pela estepe. Dar-me-ão glória os animais selvagens, os chacais e as avestruzes, pois terei feito jorrar água no deserto, e correr arroios na estepe, para saciar a sede de meu povo, meu eleito; o povo, que formei para mim, contará meus feitos.” (Is 43, 19ss)
“O Ressuscitado que passou pela cruz realiza em nossa carne humana o êxodo definitivo que transforma a morte em passagem para a vida, levando-nos do estado de medo e escravidão ao estado de confiantes filhos livres. Podemos, finalmente, amar à imagem e semelhança de Deus, a partir do êxodo definitivo do Verbo que, impulsionado pelo amor ao Pai e ao homem, vence a morte advinda do pecado pela morte advinda do amor e gera, a partir desta mesma morte, uma vida inteiramente nova” (Maria Emmir O. Nogueira, Obra Nova).
Porque Jesus ressuscitou, nada é impossível. Essa verdade ecoa na minha cabeça e no meu coração desde a missa da Vigília Pascal. Contemplando o mistério da Páscoa do Senhor, percebemos que Ele realiza o impossível: do pecado, gera amor; da morte, gera a vida. O Senhor abre uma via pelo deserto, há esperança! Vence o amor!
Nisso cremos e somos testemunhas. Será mesmo? Será que cremos verdadeiramente na Ressurreição do Senhor? Será que cremos no impossível que Deus pode realizar? Será que Ele é, de fato, a nossa esperança?
Como cristãos, fomos consagrados no nosso Batismo e um consagrado é um imitador de Cristo – e não somente o Cristo das boas obras ou o Cristo Glorioso -, mas o Cristo da Cruz. Como Cristo, somos chamados a viver na nossa carne o êxodo, a kénosis, o sair de si, que transforma a morte em vida e o pecado em amor. Sim, somos chamados a morrer, somos chamados a fazer morrer o velho em nós para que o Cristo possa reinar e manifestar o poder da Sua ressurreição em nós.
Nessa altura do campeonato, você deve estar se perguntando o que a Páscoa de Jesus tem a ver com o parto, o que esse itinerário de morte, cruz e ressurreição tem a ver com a maternidade.
E eu abro aqui um parênteses para dizer o quanto a mulher é privilegiada. Como dizia Fulton Sheen, “As dores que a mulher suporta no trabalho de parto ajudam a expiar os pecados da humanidade, e extraem seu significado da Agonia de Cristo na Cruz. As mães são, portanto, não apenas co-criadoras com Deus; são co-redentoras com Cristo na carne.”. Se soubéssemos a graça que é a união com Cristo, não poríamos nossa esperança em outro lugar senão no Seu Sacratíssimo Coração.
Infelizmente não é sempre assim. O inimigo é astuto e, muitas vezes, nem percebemos a sua ação. Deus criou o homem e a mulher, viu que era muito bom, e os ordenou que fossem fecundos e enchessem a terra. Desde o princípio, satanás nos tenta, e agora não poderia ser diferente. Satanás tenta contra a vida dos filhos de Deus porque sabe que essa é a descendência que esmaga sua cabeça e não é de agora – começou com a camisinha, disfarçada de planejamento familiar, e continua com pílulas e DIU (que muitas vezes são abortivos!), ligadura das trompas e vasectomia, até o Método Billings sendo usado com uma mentalidade contraceptiva… e a cirurgia cesariana. Sim, a epidemia de cesáreas também faz parte da cultura de morte. Satanás conseguiu desvirtuar algo bom, uma cirurgia que salva vidas, numa estratégia para limitar o número de filhos das mulheres, utilizando-se de argumentos como a necessidade da anestesia – olha que maravilha, um parto sem dor! -; um ambiente controlado, à prova de maiores problemas; a comodidade de escolher a data e o local de nascimento do filho; o medo de uma mãe que quer o melhor pro seu filho. No pano de fundo, o maior dos ídolos, Mamon, o dinheiro: é mais rápido, perde-se menos tempo e ajusta-se a cesariana à conveniência do médico, que fez um juramento pela vida, mas acaba se rendendo às seduções do dinheiro.
Provavelmente você, jovem mãe, que passou por uma ou mais cesáreas, ouviu de seu médico que o bebê era muito grande ou muito pequeno, que você era muito magra ou muito gorda, que não poderia parir por ter diabetes ou hipertensão, ou então que não tinha passagem ou não ia dilatar. Pode ser que você tenha ouvido que uma vez cesárea, sempre cesárea ou que seu útero estava fino e poderia romper numa próxima gestação. Pode ser que a cesárea tenha sido opção sua ou pressão do médico e familiares. Pode ser que tenha sido necessária. Pode ser que você se sinta culpada diante da “incapacidade” de parir, dita por quem quer que fosse.
Independente do que aconteceu, tenha em mente uma coisa: pela ressurreição de Cristo Jesus tudo pode ser transformado, renovado, recriado. As feridas de Cristo tornaram-se chagas gloriosas e cremos, em Cristo, que nossas feridas também serão glorificadas. Há esperança porque Cristo está vivo e ressuscitado e Ele faz novas todas as coisas!
Suellen Rei
Missionária da Comunidade de Aliança e Doula
Suellen, li seu texto por duas vezes. A primeira me causou algum desconto, mas não tinha parado para ler, pensei em várias situações que aconteceram comigo no TP…..
Hoje relendo vejo a misericórdia de Deus, o quando cada dupla de nascimento ( mãe e bebê) são únicas, que a criança tbm tem a vontade dela e a liberdade dela. Tudo está no controle Dele e em sua permissão. Graças a Ele e a possibilidade desse tempo estamos (meu filho e eu) bem. Cada um tem a sua missão é a sua história é Ele se utiliza de todsbe qualquer meio para a edificação.
Que lindo… Concordo com você em grau número e gênero… ? ?