Qual a primeira coisa que te vem à cabeça quando você pensa em beleza? Talvez para muitos um corpo escultural, para outros a natureza e tudo que ela compõe. Podemos dizer que tudo isso é a beleza, mas ela é muito maior e mais profunda. Falar de beleza é falar Daquele que é Belo em sua identidade, o próprio Deus que é Belo, Bom e Verdadeiro.
A todo instante nossa alma busca por aquilo que é belo, harmonioso, agradável aos nossos sentidos. Buscamos uma roupa que nos deixe mais bonitos, um corte de cabelo legal, uma roupa de cama macia e cheirosa, uma casa agradável para se morar, um prato apetitoso, um lugar bonito para viajar, estamos cercados por essa beleza que faz a vida ter mais cor, sabor e alegria.
E por ser um valor, digamos, mais alcançável, as pessoas têm explorado de forma exagerada e desordenada um tesouro que não se encontra em rasas minas, se encontra nas mais profundas e até esquecidas. A beleza, quando buscada dessa forma a nos satisfazer, fere a nossa essência e identidade, e revela muitas vezes um esconderijo de quem nós somos, das nossas inseguranças e medos.
>> Clique aqui para seguir o canal da “Comunidade Católica Shalom” no Whatsapp
Vejo a beleza como uma isca de peixe, ela atrai, aguça os sentidos e o peixe vai, porém se não tiver a força do pescador, a hora exata de puxar a vara, o peixe vai embora, talvez tenha até experimentado da isca. É mais ou menos assim que Deus também nos atrai, Ele se utiliza da beleza para atrair o nosso coração ao Dele. Uma música tocada que nos faz arrepiar, a beleza da liturgia, a atração que une pessoas para o matrimônio, a beleza de Deus que atrai os celibatários, e por aí vai.
A beleza enquanto instrumento de Deus
“Não se acende uma candeia para colocá-la debaixo de um cesto. Ao contrário, coloca-se no velador e, assim, ilumina a todos os que estão na casa. Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras.” Mt 5, 15-16a. Essa luz ilumina para vermos com nitidez, e para que nos vejam, e logo após Jesus pede “deixai ver as vossas boas obras”, está vendo como a bondade e verdade anda ao lado da beleza?
E se somos chamados a resplandecer a beleza, é porque somos imagem e semelhança de Deus, somos belos em nossa natureza. Mas isso não significa que isso nos basta e que devemos ser descuidados com o nosso corpo, ao contrário, pois ele necessita de cuidados na saúde, um corpo forte, vivo, que ama e se oferta, precisa sim de cuidados diários, como uma boa alimentação, exercício físico, e momentos de autocuidados, como exemplo, dedicando tempo ao cuidado da nossa pele, especialmente as mulheres que transbordam de forma mais explícita a beleza de Deus, no nosso vestir, na nossa maquiagem, mas em todos os nossos movimentos, para que nossa feminilidade humanize e embeleze o mundo. Os homens também têm sua forma própria de exalar beleza, também através do corpo, do cuidado com a imagem, mas vai muito além, a beleza do homem vem muito da sua prontidão, do seu serviço e virilidade, expressando a face de Deus desta forma.
A beleza não toca apenas a nós mesmos, mas um grande alvo desta virtude é a outra pessoa que nos vê e que convive conosco. Sejam os colegas de trabalho, da faculdade, ou nossa família, que são aqueles que merecem o nosso melhor pois estão ali todos os dias.
A beleza não é um fim, mas um meio. Corremos grandes riscos na sociedade de hoje, onde a estética ganhou um espaço muito grande, pois a beleza precisa de um sentido maior, além de estar bem conosco mesmos, que também é essencial, mas não se paralisa aí, a beleza é um ato de serviço.
LEIA TAMBÉM | Sejam profissionais que prezem pela beleza e pela qualidade, pede Papa Francisco
Que você possa compreender todos os dias que buscar a beleza é buscar a Deus, Ele fez tudo muito belo, perfeito, bom, e ela não é relativa, não é somente aos olhos de quem vê (ter opinião diferente é normal, cada um tem um gosto), mas não podemos dizer que um céu ensolarado com nuvens que fazem desenhos é feio, a beleza anda com a verdade, e muitas vezes estão querendo corromper os nossos olhos e demais sentidos, nos convencendo que o belo criado por Deus é feio, e coisas humanas e feias são belas.
Eu já fui a pessoa que vivia de forma desordenada a busca da beleza, onde as coisas externas pareciam ter mais valor que as interiores, entretanto, descobri que cultivar a beleza em nós é primeiro contemplar o belo, e a partir de uma experiência com o grande amor da minha vida posso de forma livre viver a minha essência verdadeira de filha de Deus, como imagem e semelhança Dele.
Edwiges Bianca, consagrada da Comunidade de Aliança, na Missão de Natal