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O que a Igreja fala sobre o Halloween?

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IMAGEM: REPRODUÇÃO UNSPLASH

Hoje em dia quando ouvimos falar de halloween pensamos em duas coisa: filmes de terror com personagens que marcaram gerações, e festas com fantasias horripilantes; para alguns cristãos remetem ao mal, e para as pessoas que não frequentam a Igreja, é apenas uma festa cultural originada nos Estados Unidos. Todavia, a história por trás da origem desta festa intitulada pagã por muitos cristãos e festa a fantasia, ou dia das bruxas intitulada por muitos que não frequentam a Igreja nos mostra uma vertente que surpreende a todos.

Faremos um breve resumo histórico sobre a origem do halloween e o que a Igreja nos orienta a respeito desta festividade comemorada hoje em dia em quase toda parte do mundo. O intuito deste pequeno texto é fazer o leitor compreender mais da história de algo que hoje faz parte de seu ambiente social, propondo ao mesmo uma visão sobre tal festividade, e é claro, sugerir ao leitor a visão da Igreja. O halloween não é uma festa cuja sua origem veio diretamente de um povo de cultura totalmente diferente da cultura cristã, a história nos mostra um entrelaçamento de costumes pode-se dizer que a palavra propriamente dita halloween tem sua derivação da cultura cristã, no entanto, muitos outros elementos que conhecemos (doces ou travessuras, escultura de rostos em abóboras, fantasias de bruxas e monstros, velas, enfeites assustadores nas casas e nas ruas) próprios do halloween carrega uma bagagem cultural de outros povos além dos cristãos, como os celtas, ingleses, escoceses, irlandeses e americanos sobre influência da Inglaterra e Irlanda.

No calendário litúrgico da Igreja Católica se celebra a Solenidade do dia de Todos os Santos em primeiro de novembro e logo após, no dia dois de novembro, o dia dos Fiéis Defuntos. Nas vésperas do dia primeiro de novembro a Igreja, através de uma pedagogia catequética que logo abordaremos, inseriu a véspera da Solenidade de Todos os Santos que em inglês se denomina All Hallows’ Eve.

Havia uma festa chamada Samhain no povo celta que habitavam as ilhas Britânicas, além de parte da Península Ibérica e da Europa Central. O Samhain era uma festividade que marcava o fim da última colheita em 31 de outubro, além de ser o dia por excelência onde as almas dos defuntos de seus familiares vagavam pela terra, dentre essas almas outros seres sobrenaturais malignos também saiam para atormentar os vivos. Com o intuito de afugentar os espíritos malignos, as casas do povo celta eram enfeitadas com adereços horripilantes, tais como esculturas de caveiras ou rostos em nabos (nos Estados Unidos o nabo foi substituído pela abóbora), além do mais, os celtas, também, se fantasiavam de forma horripilante para afugentar tais espíritos e se disfarçar entre eles.

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Ao longo da idade média o cristianismo foi se propagando nas ilhas Britânicas e se difundiu na Europa, entrando em contato com esta cultura histórica proveniente do povo celta que se torna herança cultural para a Inglaterra e outras regiões próximas, a Igreja Católica a fim de mostrar que a morte não é a finalidade do ser humano e sim uma passagem que não deve ser temida e sim vivida em Deus na esperança da Ressurreição, além de reverenciar e respeitar aqueles que morreram em Cristo Jesus, ofereceu ao povo uma forma de celebrar tal festividade (Samhain), dividindo-a em três momentos do dia 31 de outubro até o dia 02 de novembro: 1. Véspera do dia de Todos os Santos (All Hallow’s Eve); 2. Dia de Todos os Santos (All Saints’ Day); 3. Dia dos Finados (All Souls’ Day).

Assim sendo, muitos elementos da festa celta foram ressignificados pela Igreja. Assim sendo, como de uma pedagogia catequética da Igreja que buscou evangelizar de forma gradativa esses povos, através de seus elementos culturais, se transformou nesta festa mundana que conhecemos hoje: Halloween? A história nos aponta para a resposta desta pergunta que ao longo dos anos foi se moldando e obteve essa aparência mundana e obscura.

Ocorreu uma grande dificuldade para a evangelização na Inglaterra antiga, palco da origem do halloween como mencionamos acima, por parte da rainha Elizabeth 1. Sendo uma boa anglicana, desprezou a intercessão pelos mortos, e proibiu os seus e fiéis de tomarem parte em quaisquer cerimônias que lembrassem o respeito e a reverência que todos devemos ter aos nossos irmãos que morreram em Cristo, pondo em risco o trabalho catequético de Gregório Magno e Santo Agostinho de Catuária. Portanto, o real sentido da festa (que é uma forma pedagógica que a Igreja encontrou para a evangelização do povo nativo) se perdeu e muitos voltaram seus olhares para o macabro, a morte, as fantasias que remetem ao mal, ao pecado, a perdição, ao demônio; assim sendo a festa de halloween passou a cultuar aquilo que é próprio da perdição, o ocultismo se tornou a fonte que abastece tal festividade; “muitos sacerdotes exorcistas atestam essa verdade na prática de seu ministério: é grande a contaminação que recebem muitas crianças e jovens ao participarem das aparentemente ‘inofensivas’ brincadeiras desta que constitui, agora, uma festividade puramente pagã” (Padre Paulo Ricardo).

Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas não me deixarei escravizar por coisa alguma. (1Cor 6, 12). Contudo, deixamos a seguinte pergunta para reflexão: como podemos compactuar com algo que nos apresenta hoje uma cultura de morte, ocultismo e perdição? Por quê fixar nossos olhos no mundo, nos apetites carnais e no demônio? Podemos olhar com esperança para o lugar ao qual o Senhor preparou para todos: o céu, e ainda fazemos memória no dia 01 de novembro de nossa meta: a bem aventurança eterna, a santidade, comemorando a Solenidade de Todos os Santos. Sim! Somos chamados por Deus à santidade, portanto, já temos nossas vestes, e não são de bruxas, vampiros e monstros condenados, mas vestes de santos, de pessoas que foram salvas e alcançadas pelo Amor de Deus.

Por Yuri de Moraes Barros – Missionário consagrado da Comunidade Católica Shalom como Comunidade de Vida

Referências

[1] BBC News Brasil. Acesso em 25/09/2024.

[2] História do mundo. Acesso em 25/09/2024.

[3] O halloween é contrária à fé católica- Prof. Felipe Aquino. Acesso em 25/09/2024.

[4] Halloween, na origem, é preparação para celebrar a festa de todos os Santos, no dia 1º de novembro CNBB.Acesso em 25/09/2024.

[5] O católico pode participar do halloween?– Jovens Conectados. Acesso em 25/09/2024.

[6] Católicos podem festejar o Halloween?- Padre Paulo Ricardo. Acesso em 25/09/2024

 

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