A infância é uma das fases mais lindas da vida humana, e também muito, muito intensa. Passamos por constantes transformações físicas, psicológicas, sociais e espirituais. Se nossos pais ou responsáveis não estiverem atentos às características próprias dessa idade, essa fase pode se tornar muito tensa e difícil para nós, os pequeninos.
Eu embora muito novinho, também fui provocado pela mesma curiosidade que envolvia meus pais e todo o nosso povo, quando ouvimos falar d’Ele. Chegou então o grande dia, minha família se uniu à multidão e fomos ao Seu encontro. Havia muita gente se apertando de todos os lados para vê-Lo e escutá-Lo. Rapidamente notei que havia ali outros pequeninos como eu, prestes a serem esmagados pela multidão.
Esperei então uma pequena distração dos meus pais e, na companhia das demais crianças, fomos ao encontro d’Ele. Entre esses menores eu era o mais novinho, talvez também por isso o mais sapeca e ousado. Assim que percebi uma oportunidade, cheguei perto d’Ele, olhei nos Seus olhos, estendi meus bracinhos e pedi colo. Como é próprio das crianças, eu também não costumo ser muito aberto a estranhos. Mas com Ele foi diferente, não sei bem explicar. Sentia como se Ele já me conhecesse e me amasse, mesmo antes de eu ter sido gerado no ventre de minha mamãe, como disse, certa vez, o pequeno Jeremias. Por isso, junto com outros pequeninos, eu O abracei bem forte e fomos também abraçados por Ele.
Após essa minha ousadia infantil, rapidamente junto com os olhares de censura, vieram também gritos de alguns adultos dizendo: “Deixem o Mestre em paz! Se afastem d’Ele crianças!” O Shalom do Pai, no entanto, mostrou para todos que, de fato, é próprio do amor abaixar-se. E Sua Encarnação não foi outra coisa, senão, um santo abaixamento de amor. Ele, então, Se inclinou, me pegou no colo e disse para os que nos censuravam: “Deixem vir a mim as criancinhas e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas” (Jo 19,14).
Que coisa, não? De “seres inferiores”, no modo de nosso povo pensar, nos tornamos, aos olhos do Shalom do Pai, referências seguras de destinatários do Reino dos céus!
Desculpa, preciso terminar aqui minha partilha infantil, mas espero que ela tenha lançado dicas para sua vida, derrubado orgulho e ânsias de grandeza, de modo que o Reino dos Céus também seja seu.
Shalom!
Bendito seja Deus que nos ensina que o Seu Shalom vem e abraça aos que se deixam tocar e amar por Ele.