Igreja

O que os Papas falam sobre a traição de Judas?

A redação do comshalom reuniu alguns comentários dos pontífices: Papa Francisco, Bento XVI (Papa emérito) e São João Paulo II, sobre a traição de Judas.

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O beijo de Judas, de Giuseppe Diotti.

Você sabia que a Quarta-feira Santa também é conhecida como a Quarta da Traição? Esta expressão é usada porque neste dia a liturgia da Igreja medita o Evangelho de Mt 26,14-25, que narra a traição de Judas Iscariotes. 

Jesus respondeu: ‘Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24 O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!’ 25 Então Judas, o traidor, perguntou: ‘Mestre, serei eu?’ Jesus lhe respondeu: ‘Tu o dizes’.

O acontecimento da traição de um dos discípulos do Mestre ainda é causa de muitos questionamentos sobre quem ele era e como se deixou corromper pelo dinheiro a ponto de entregar Jesus para seus inimigos. Ao longo das décadas, os Papas fizeram alguns comentários sobre o fato.

Para lhe ajudar a ter uma compreensão melhor da visão da Igreja sobre este dia, a redação do comshalom reuniu alguns trechos de documentos da Santa Sé. A seguir, saiba o que os pontífices falaram:

São João Paulo II

Judas arrependeu-se. O Evangelho é quanto a isto explícito: “Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, sentiu remorso, e foi devolver as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: ‘Pequei, entregando à morte sangue inocente’ “ (Mt 27,3-4). Ele, porém, não relacionou este arrependimento com a palavra que Jesus lhe dissera, precisamente enquanto Judas consumava a traição: “Amigo” (Mt 26,48); não teve confiança e pôs fim à própria vida. Pedro tinha caído, quase com a mesma gravidade, por três vezes, mas confiou e, tendo feito depois da Páscoa a tríplice reparação mediante o amor, foi confirmado por Cristo no seu ministério. Carta ao Cardeal William W. Baum por ocasião do Curso sobre o foro interno organizado pela Penitenciaria Apostólica (22 de março de 1996) | João Paulo II

Bento XVI 

Por fim, Jesus sabia que também entre os doze Apóstolos havia um que não acreditava: Judas. Também Judas teria podido ir-se embora, como fizeram muitos discípulos; aliás, talvez devesse ir-se embora, se tivesse sido honesto. Ao contrário, ficou com Jesus. Não ficou por fé, nem por amor, mas com o propósito secreto de se vingar do Mestre. Por quê? Porque Judas se sentia traído por Jesus, e decidiu que por sua vez o teria traído. Judas era um zelote, e queria um Messias vencedor, que guiasse uma revolta contra os Romanos. Jesus desiludiu estas expectativas. O problema é que Judas não se foi embora, e a sua culpa mais grave foi a falsidade, que é a marca do diabo. Por isso, Jesus disse aos Doze: «Um de vós é um demónio!» (Jo 6, 70). Angelus, 26 de agosto de 2012 | Bento XVI (vatican.va)

Pedro, depois da sua queda, arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição. Para nós isto é um convite a ter sempre presente quanto diz São Bento no final do fundamental capítulo V da sua “Regra”: “Nunca desesperar da misericórdia divina”. (Papa Bento XVI,  Audiência Geral de 18 de outubro de 2006: Judas Iscariotes e Matias | Bento XVI

Papa Francisco

Não sabemos como foi a vida de Judas. Um jovem normal, talvez, e até com inquietações, pois o Senhor o chamou para ser discípulo. Ele nunca conseguiu ser um discípulo: não tinha boca de discípulo nem coração de discípulo, como lemos na primeira leitura. Era débil no discipulado, mas Jesus amava-o… Depois o Evangelho faz-nos compreender que ele gostava de dinheiro: na casa de Lázaro, quando Maria ungiu os pés de Jesus com aquele perfume caro, ele fez a reflexão e João sublinhou: «Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão» (cf. Jo 12, 6). O amor ao dinheiro tinha-o afastado das regras: roubar, e de roubar a trair o passo é breve. Quem gosta demasiado de dinheiro trai para ter mais, sempre: é uma regra, é um facto.  Judas, onde estás? (8 de abril de 2020) | Francisco

Podemos imaginar a tristeza que havia no íntimo de Jesus, a escuridão que se adensava no coração dos apóstolos, a amargura vivida ao ver que Judas, depois de receber o bocado de pão ensopado para ele pelo Mestre, saía da sala para adentrar-se na noite da traição. E é precisamente na hora da traição que Jesus confirma o amor pelos seus. Com efeito, nas trevas e tempestades da vida, o essencial é isto: Deus ama-nos. Santa Missa com o Rito de Canonização (15 de maio de 2022) | Francisco

Ouvimos também outro nome: Judas. Trinta moedas. Sou eu como Judas? Escutámos outros nomes: os discípulos que não entendiam nada, que adormeciam enquanto o Senhor sofria. A minha vida está adormecida? Ou sou como os discípulos, que não compreendiam o que era trair Jesus? Ou então como aquele discípulo que queria resolver tudo com a espada: sou eu como eles? Sou como Judas, que finge de amar e beija o Mestre para O entregar, para O trair? Sou eu um traidor? Sou eu como aqueles líderes que montam à pressa o tribunal e procuram testemunhas falsas: sou eu como eles? E, quando faço estas coisas – se é que as faço –, creio que, com isso, salvo o povo? 13 de abril de 2014: Domingo de Ramos – XXIX Jornada Mundial da Juventude | Francisco

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