Nesta terça-feira, 6 de agosto, a liturgia celebra a Transfiguração do Senhor. Esta festa foi instituída na Igreja Ocidental pelo Papa Calisto II por volta do ano 1457.
Segundo o dicionário de Oxford, a palavra transfiguração significa transformação, mudança de forma, de feições.
O evangelho de hoje retrata a cena em que Jesus, após anunciar a sua Paixão aos discípulos, foi transfigurado no alto do monte, e assumiu forma nova e gloriosa. Com Moisés e Elias, testemunhas do Antigo Testamento, dialoga sobre a necessidade de sofrer para ser glorificado. Os discípulos vivem o medo como experiência de sua miséria diante da grandeza de Deus e tocam de forma antecipada na vinda definitiva e gloriosa do Senhor.
Apesar de ter sido um evento que aconteceu há mais de dois milênio, o mistério se renova na vida de cada fiel que escolhe acolhê-lo.
Ao longo desse tempo, os pontífices da Igreja tem feito reflexões preciosas que nos auxiliam a não apenas compreender esse mistério, mas também participar dele como os discípulos.
O Papa Francisco no Angelus de 8 de março de 2020 comentou:
“Através do maravilhoso evento da Transfiguração, os três discípulos são chamados a reconhecer em Jesus o Filho de Deus resplandecente de glória. Eles progridem assim no conhecimento do seu Mestre, percebendo que o aspecto humano não expressa toda a sua realidade; aos seus olhos, revela-se a dimensão ultraterrena e divina de Jesus.”
A oração e o monte, lugar de encontro com Deus
À luz dos evangelhos, Bento XVI no livro “Jesus de Nazaré” narra o que ele mesmo chama de a sua “procura pessoal pelo rosto do Senhor”.
No volume II, cap. 9, ao meditar sobre a Transfiguração narrada pelos evangelistas, Bento XVI retrata o simbolismo do monte “como lugar da subida – não apenas da subida exterior, mas também da interior. O monte como libertação do peso de cada dia, como respiração de ar puro da Criação; o monte que oferece o panorama para a vastidão e para a beleza da Criação; o monte que me dá elevação interior e me permite pressentir o Criador. “
Ratzinger relaciona a transfiguração e a oração, lugar de encontro pessoal com Deus e faz referência a passagem bíblica em que Pedro faz sua profissão de fé:
“A Transfiguração é um acontecimento da oração; torna-se claro o que acontece no diálogo de Jesus com o Pai: a mais íntima penetração do Seu ser com Deus, que se torna pura luz. Na Sua unidade de ser com o Pai, o próprio Jesus é luz de luz. O que Ele é no seu mais íntimo e o que Pedro tentou dizer na sua confissão, torna-se sensivelmente perceptível nesse momento: o ser de Jesus na luz de Deus, a luminosidade própria da Sua condição de ser Filho.”
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, nº 556, “A transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa de Cristo, «que transfigurará o nosso corpo miserável para o conformar com o seu corpo glorioso» (Fl 3, 21). Mas lembra-nos também que temos de passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus “ (Act 14, 22)”.
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Referências:
Jesus de Nazaré. Ratzinger, Joseph, Papa Bento XVI
Angelus, 8 de março de 2020, disponível em Santa Sé