Na língua portuguesa, o sufixo “-dade” exprime a existência de um estado qualquer… Em relação à missionariedade, o sufixo exprime um estado de missão constante ou de missionário constante. Ser missionário e ser constante não é viver viajando e nem fazendo coisas, simplesmente. É claro que tudo isso compõe o conjunto de esforços que fazemos para evangelizar… Mas são mais consequências do que a essência.
O missionário é aquele que foi incumbido de realizar determinada missão. A palavra “missão” deriva do latim “missio”, que significa “envio”, portanto, “missão” é o ato de enviar ou de ser enviado. O missionário cristão é enviado a comunicar Cristo às pessoas, constantemente. Por sua vez, comunicar Cristo é fazer com que as pessoas participem da vida de Cristo, contemplando a Verdade através do caminho sólido do Evangelho.
Entretanto, só se comunica aquilo que se vive verdadeiramente. Então, ser um missionário cristão constante é, em todos os lugares e momentos, fazer com que as pessoas, ao nosso redor, participem, conosco, da vida de Cristo, contemplem a Verdade e conheçam o Evangelho. Na rua, o cristão missionário é enviado a fazer as pessoas compreenderem que pertencemos à mesma família, cujo Pai é Deus e a alteridade, ao invés de ser estranha, é fraterna.
Isto significa fazê-las participar da Vida de Cristo. No trabalho ou em outros ambientes de convivência, o cristão missionário é enviado a apresentar o Cristo Verdade que dissipa toda dúvida e ordena toda a vida para o fim último e essencial, que é Ele próprio. Na sua própria vida, o cristão missionário é enviado, ou chamado, a testemunhar a vivência autêntica, concreta e radical das bem-aventuranças ensinadas por nosso Senhor Jesus Cristo.
O missionário consagrado
Nós, consagrados no carisma específico da Paz, temos por missão, primeiramente, viver a nossa consagração e, como consequência dessa vivência, dedicados ao serviço da Igreja, temos a obrigação de nos entregar, de maneira especial, à ação missionária ministrando a Paz para as pessoas, pois este é o modo próprio do carisma. Principalmente, aos jovens deste tempo, perdidos e desorientados no mundo, aflitos em meio a tantas desordens, o missionário consagrado deve apresentar-se como um sinal de esperança.
O missionário consagrado, tanto pelo batismo e confirmado no crisma, quanto pela entrega mais radical de sua vida a Deus, é chamado a seguir e imitar a Cristo “mais de perto”, é chamado a manifestar “mais claramente” o aniquilamento de Nosso Senhor em sua vida, é chamado a se colocar “mais profundamente” no coração de Cristo, à vista de todos. Pois, estando o consagrado nesta via “mais estreita”, ele estimula seus irmãos, inclusive os jovens, através do exemplo.
O consagrado dá este testemunho brilhante de que o mundo não pode ser transfigurado e oferecido a Deus, sem o espírito das bem-aventuranças. Este é o nosso estado de missão constante, ou seja, esta é a nossa missionariedade mais concreta. Assim, o missionário consagrado no Carisma Shalom é chamado a se configurar a Nosso Senhor Jesus Cristo e viver, radicalmente, o Evangelho para crescer na santidade e testemunhá-la ao mundo, comunicando o Dom da Paz, o Shalom do Pai, o próprio Jesus Cristo.
Por Alexandre Augusto Peres