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O que vale mais que uma medalha de ouro?

Amor, fraternidade, não precisar dos holofotes voltados somente a si, saber dividir, ou se necessário ceder, é o que veremos com estes dois atletas do salto em altura, que protagonizaram uma das cenas mais brilhantes dos Jogos Olímpicos de Tóquio, dando uma lição de amizade e generosidade.

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Joint gold medalists Qatar’s Mutaz Essa Barshim (R) and Italy’s Gianmarco Tamberi pose on the podiumn of the men’s high jump final during the Tokyo 2020 Olympic Games at the Olympic Stadium in Tokyo on August 2, 2021. (Photo by Ina FASSBENDER / AFP)

Ser um atleta olímpico exige foco, determinação e espírito esportivo e competitivo, além das habilidade atléticas e lidar com a pressão em representar um país. Não se faz um atleta do dia para a noite, é preciso um preparo, e muito trabalho em equipe, a dedicação de muitas pessoas, que formam, podendo até fazer nascer um grande sucesso olímpico.

Como disse uma vez São João Paulo II: “o esporte é uma escola de promoção humana e espiritual”. Vemos essa frase sendo muito aplicada na Olimpíadas de Tóquio, que acontece durante a pandemia, dando muita repercussão, seja pelos aderentes à vida esportiva, atletas, amantes de um determinado esporte, pessoas antenadas aos assuntos da atualidade, ou ainda, apenas curiosos que veem uma matéria ou outra.

Nesta semana, dois atletas dos Jogos Olímpicos de Tóquio mostraram ao mundo outra qualidade que definitivamente é coisa de quem é um campeão no jogo chamado vida.

A amizade mais valiosa que o ouro

Os atletas, Mutaz Barshim, do Catar, e Gianmarco Tamberi, da Itália, estavam competindo na final do salto em altura, quando chegaram a um impasse. Os dois atletas conseguiram cravar os impressionantes 2,37 metros sem falhas. No entanto, após três tentativas, nenhum deles conseguiu o próximo nível de 2,39 metros, que traria o desempate.

Um dos fiscais olímpicos sugeriu um salto entre os dois amigos (rivais, nessa situação) para determinar quem ganharia a cobiçada medalha de ouro. Mas Barshim tinha outro plano para recompensar ambos os esforços.

“Eu olho para ele [Tamberi], ele olha para mim e nós sabemos disso. Nós apenas olhamos um para o outro e sabemos, é isso, está feito. Não há necessidade” compartilhou com a mídia mundial. “Podemos ter dois ouros?” perguntou ao oficial.

O oficial concordou e os dois homens saltaram, desta vez sem medições, mas de alegria, e com um abraço efusivo comemoraram amizade, e é claro, a vitória. Mais de 100 anos que o mesmo fato aconteceu — a ultima vez que uma medalha de ouro foi compartilhada ocorreu em 1912.

Imagem: Ina Fassbender/ AFP

“Ele é um dos meus melhores amigos, não só na pista, mas fora dela. Nós trabalhamos juntos. Este é um sonho que se tornou realidade. É o verdadeiro espírito, o espírito esportivo, e estamos aqui a transmitir esta mensagem”, compartilhou Barshim.

O espírito esportivo fala mais alto

A decisão de compartilhar a medalha de ouro foi particularmente significativa para Tamberi. O italiano sofreu uma lesão no tornozelo que o impediu de disputar as Olimpíadas do Rio em 2016 e preciso quase encerrar totalmente a carreira.

Para Barshim, o ouro em Tóquio completou a coleção de medalhas, depois de conquistar bronze e prata em 2012 e 2016, respectivamente.

Ainda com toda a glória de receber uma medalha e ocupar o lugar mais alto do pódio, a conquista significa muito mais ao mostrar que mesmo em uma disputa, a fraternidade conta mais que qualquer ouro. Esses dois indivíduos, esforçando-se para fazer o melhor pelos países que representam, deram um exemplo carismático para todos aqueles que competem nos esportes.

Eles resumiram exatamente o que significa participar de um evento global com um espírito esportivo generoso e compassivo. Por vezes, vale muito mais a pena, dividir um holofote em prol da amizade. Mais do que ter uma medalha reluzente de ouro, ter um coração com compaixão, fiel, que se torna terra fecunda ao bem. 

Como dizemos no Shalom, que eu seja o feliz terceiro: primeiro Deus, depois o irmão, e por último eu. Não há como amar a Deus sem amar o próximo. Para isso, é necessário deixar as nossas imperfeições e se dispor ao outro. 


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