O Rei Está Nu! Há algum tempo, venho refletindo sobre essa fábula que conheci assistindo Chapolin Colorado.
E nunca mais esqueci. Meu raciocínio sempre me dizia que era inconcebível tantas pessoas mentirem apenas para manterem suas honras.
Hoje, na vida adulta, vejo pessoas mantendo discursos e narrativas que custam caro: sua saúde mental e física.
Vejo gente sustentando uma aparência que foge da objetividade, distanciada do que é concreto, em busca de um ideal que seria insustentável quando colocado à prova da realidade.
Essas pessoas desfilam em palcos e nas mídias, como o rei ou seus amigos. Mostram-se com a segurança de quem possui uma bela aparência, vestidas de um falso esplendor. No entanto, em minha opinião, isso não passa de ilusão e da incapacidade de aceitar que todos nós temos vulnerabilidades e imperfeições.
O rei ficou nu porque não teve coragem de pôr à prova sua própria inteligência. Se tivesse sido corajoso, teria descoberto que era mais inteligente do que imaginava. Teria se preservado de ser desmascarado por uma criança.
Na fábula, pelo menos, respeitaram aquela voz que ecoou em meio ao constrangimento dos adultos: “O Rei está nu!” E, na voz da criança, os adultos se reconheceram e corrigiram sua insensatez.
Na atualidade, porém, vejo o contrário: as vozes da realidade são abafadas sob os holofotes. Muitas “crianças” – aqueles que tentam apontar o concreto da vida – são silenciadas por discursos que convencem de que, se você não vê ou não vive as ilusões dos “reis” desse mundo, é incompetente.
Discursos como: “se você se esforçar, consegue”, “se não concorda, é intolerante e fake”, “se você não vive o que eu digo, é fraco”. E, assim, através de ilusões e pensamentos distorcidos, muitos continuam acreditando nos discursos desses “reis e rainhas” presos em suas próprias armadilhas. Mantêm a ilusão de um poder e senhorio que só se perpetua porque reforça o medo e as inseguranças de seus “súditos”.
Afinal, se um deles tiver coragem de pôr à prova sua inteligência, será mais um a reconhecer: o rei está nu! Será mais um a reconhecer seu valor, sua capacidade e inteligência.
E será mais um a perceber que a vida real, com todas as suas adversidades, é muito melhor do que qualquer ilusão alimentada por aparências.
P.s.: Se você ainda não conhece a fábula, vale muito a pena ler e refletir. Seu nome é “A roupa do Rei” é de autoria de Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês, nascido em 1805 e morto em 1875, considerado um dos nomes mais importantes da literatura infanto-juvenil.
Veja também:
Poema “A Esperança” de Charles Péguy