Os Sacramentos se destinam ao culto a serprestado a Deus, à edificação e ao crescimento da Igreja, à santificação doshomens e à mudança radical da própria sociedade humana, como conseqüência.
Como sinais – destinam-se também àinstrução dos fiéis, supõem a fé, mas ao mesmo tempo também a alimentam,fortalecem e exprimem. Como sinais característicos insinuam a graça quesignificam, produzem e conferem.
A graça sacramental apela para umaresposta pessoal e só produz o pleno efeito, quando houver essa respostaintegral, mediante a aceitação da “missão” que cada Sacramento confia a quem orecebe, por uma vida cristã de sinceridade e total adesão.
Sacramentos, teologicamente falando, sãosinais que simbolizam a graça que produzem e conferem. Os Sacramentos produzematé bem mais do que significam. Por exemplo: o óleo, na Unção dos Enfermos,insinua medicamento e cura, mas o efeito do Sacramento vai bem além: perdoa atémesmo os pecados de quem estiver disposto para tanto e sem a possibilidade dareconciliação sacramental.
São gestos concretos de amor do Cristo,feitos, um dia, em favor dos homens e, hoje e agora, repetidos para mim,através da Igreja. Os gestos amorosos de Cristo perduram para todo o semprepelo fato de Ele ser Deus. São aplicados, aqui e agora, através de gestos,palavras, pessoas e sinais. Cada gesto, cada palavra, cada pessoa, a comunidadeali presente, encerra algo desse amor misericordioso e salvífico do Cristo.
Os Sacramentos nos dão a possibilidadeconcreta e palpável de encontrá-lo por meio dos sinais eficazes, que Ele mesmoou a Igreja fixaram para esse fim. Encontro-O, vejo-O: batizando, curando,alimentando, perdoando, abençoando e visitando os casais, chamando para oministério ordenado, conclamando para o testemunho de fé através dos sinaissacramentais, através de pessoas e palavras…
Os Sacramentos nos dão uma certaantecipação dos bens futuros. Em cada um deles aparece o apelo para atranscendência do Reino e “um pedacinho de saudade” desse Reino…
Por exemplo: quando se desfruta da uniãofamiliar no Matrimônio, nos vem à lembrança a grande família dos filhos deDeus, que um dia há de estar reunida na Casa do Pai, para louvá-lo por toda aeternidade.
Primeiramente, recordamos o grande amorcom que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela: foi um amor de altruísmo,de doação desinteressada e dolorosa. Foi uma entrega de vida até à morte deCruz.
Dessa entrega amorosa nasceu a Igreja,nasceu essa multidão de filhos de Deus “não nascidos do sangue nem da vontadeda carne nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,13).
O Matrimônio simboliza esse amor dedoação e participa de sua eficácia. Deverá ser para as nubentes, igualmente umaentrega generosa, desinteressada e vital. Essa entrega amorosa e permanenteterá também a sua fecundidade própria.
Na História da Salvação Deus fez muitasalianças (berit) com o seu povoescolhido. Essas alianças conclamavam para a responsabilidade recíproca dos“aliados” (Deus e o homem) e santificavam o povo, abrindo-lhe até o íntimo, o coraçãode Deus. O Matrimônio atualiza essas alianças, participando de suas bênçãos, detodos os demais efeitos. O casal assume uma responsabilidade recíproca queenriquece a ambos e os integra em uma comunidade de vida.
Esta aliança – como as de Deus com o povo– será selada com um juramento que dura para todo o sempre. É uma aliança deamor, permanente, íntimo e abençoado.
Cristo nasceu no âmbito de uma famíliahumana, amparou as famílias do seu tempo, visitando-as e abençoando-as. OMatrimônio garante essa atuação de Cristo no seio da família que nasce. Eleestará presente também ali para apoiar, para abençoar, para fortalecer no amore para sustentar nos momentos difíceis. A presença da Igreja, através doministro e da comunidade dos fiéis, simboliza e garante essa presença deCristo.
Vários são os gestos, os símbolossacramentais no Matrimônio: o dar-se as mãos, as palavras do juramentorecíproco de amor e fidelidade, a doação ou entrega, a vida comum. Tudo istoapela para uma realidade viva e concreta.
A graça sacramental possibilita e garanteao casal o apoio recíproco e multiforme, a fidelidade inquebrantável aocompromisso assumido, o clima de amor desinteressado, que regerá a doação eentrega, a verdadeira fraternidade que será a maior riqueza da vida em comum. Por tudo istoessa união conjugal, por certo, não deixará de ser fecunda, auferindo dariqueza de Cristo na Cruz a sua força maior.
No Matrimônio, os próprios nubentes são osministros. Como é sabido, isso acontece pelo fato de participarem do sacerdóciode Cristo pelo Batismo e demais Sacramentos.
Uma vez que ambos são os ministros doSacramento, a Igreja lhes pede o que solicita aos demais ministros“sacramentais”: fé, estado de graça, vivência cristã. Que os noivos tenhamconsciência dessa responsabilidade.
A vida de amor familiar, que brota doMatrimônio, apela para o momento final e culminante da História, quando “Deusserá tudo em todos” (1Cor 15,28). Os nubentes deveriam estar conscientes tambémdisso… Lá viveremos a vida familiar em plenitude.
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Arcebispo do Rio de Janeiro