A pé ou de automóvel, nosso pessoal faz o percurso do caminho das saudades. De fato, saudades são os primeiros sentimentos que tomam conta das pessoas no dia de finados. Ah! Sim, também eu tive ontem e tenho sempre muitas saudades de minha querida mãe, do meu pai e dos três irmãos falecidos. E dos padres? Ah! Sim, fui tomado por fortes recordações de Mons. D’Ângelo, Mons. Adolfo e Pe. Cristóvão, que estão sepultados em nosso cemitério.
As emoções passam, mas as lições ficam. O que nos ensina o dia de finados? Penso que a maior lição é sobre o valor da vida. Pois da nossa vida depende a nossa morte: TALIS VITA, FINIS ITA, diziam os antigos romanos. Se vivermos bem, conforme os ensinamentos do evangelho, com certeza, morreremos bem.
Viver bem! Eis a questão.
As mais antigas correntes filosóficas, latinas e gregas, ensinaram muito sobre o sentido da vida, desde os erros e aberrações das correntes epicuristas (escola fundada pelo filósofo Epicuro), que colocavam o sentido da vida na sensação do prazer físico e sensível até os filósofos de tendência espiritualistas que mediam o sentido da vida pelo amor à ciência, sobretudo à filosofia.
Os Romanos valorizavam a vida pela oportunidade das saborosas comidas e as variadas festas e diversões: pão e circo.
Para se dar verdadeiro sentido à nossa via precisamos conhecer a sua origem divina e ter absoluta certeza de seu destino eterno. Com a morte, esta vida se transforma, mas não se apaga, pois, destruído este nosso frágil corpo, nos é dada, no céu, uma eterna mansão, como afirma o prefácio da missa dos mortos.
Foi a vinda de Cristo que mudou completamente o rumo de nossas vidas.
Então, a vida venceu a morte. Uma nova luz iluminou-nos, apontando um novo caminho. Partilhando a vida conosco, Cristo afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14,6) “Vim ao mundo para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 14,6; 10,10).
O apóstolo Paulo é o grande mestre em nos ensinar que viver consiste em estar unido a Jesus Cristo e a morte é a união definitiva com Ele: “Desejo morrer para estar com Cristo” (Fil. 1,23). O sentido da vida para Paulo estava na pessoa de Cristo: “Pois, minha vida é Cristo” (Fil 1,21).
Pois bem, se toda nossa vida se centraliza em Cristo, que nos leva ao Pai através do seu Espírito, vamos, então, nos firmar, de modo sólido e definitivo, na pessoa do Senhor Jesus. É o melhor propósito que podemos fazer por ocasião do Dia de Finados.
*dom Antônio de Sousa, 78, bispo emérito de Assis (SP)