A obediência nos prende a Deus!
Essa seria uma das verdades que mais expressaria o efeito da vivência deste conselho evangélico, a meu ver.
O Senhor, no decorrer de nossa vida, vai nos unindo a Si de diversas maneiras, com vários laços, de modo que estes laços vão nos envolvendo e nos lançando cada vez mais Nele, se assim nós permitirmos. Pois bem, a vivência de nossa vocação, a fidelidade à sua vontade, a serenidade em assumir a nossa cruz vão, a cada dia, pela graça de Deus, nos encerrando mais profundamente dentro do Seu coração.
No entanto, é necessário sermos verdadeiros, o mundo muitas vezes ainda grita em nós, nos fazendo escolher o que não é eterno, o que é passageiro, e se tirarmos os olhos do Senhor, nos deixaremos levar por este mundo. Então, é como se os laços fossem sendo cortados, afrouxados, e vamos nos afastando Daquele que nos ama. A obediência é então aquela que não permite que estes laços se rompam, sejam cortados. Ela nos prende ainda mais ao Senhor.
Sei que isso pode parecer muito subjetivo, mas esta é a minha experiência e meu olhar acerca do que vivo hoje. É a obediência que vai me prendendo, que não vai permitindo que eu corte todos os laços que me ligam ao Senhor, laços estes que um dia eu quis pra mim, que permiti Deus estabelecer. E isto não significa que sou “o obediente”, meus irmãos de caminhada sabem bem do que falo. Tantas vezes queremos dizer não ao que Deus nos pede por não concordarmos, não entendermos e não merecermos, mas dizemos sim pra permanecer.
Quem obedece nunca erra. Acreditar que o Senhor me fala através do pastor do grupo de oração, do meu acompanhador ou do coordenador de meu ministério dói, mas gera em nós uma grande liberdade porque decidimos não confiar em nós mesmos, mas nos lançarmos em Deus. E é isto o que a “prisão” da obediência gera em nós: A liberdade. Quem obedece é livre. Livre porque não escolheu a si mesmo, mas a Deus que é maior. Que liberdade há em escolher o que sempre lhe convém?
Mas é tão difícil obedecer (é o que grita nossa carne)! Sim, muitas vezes nossos olhos se encherão de lágrimas, mas serão elas que regarão a nossa renúncia a nós mesmos em vista dos planos de Deus, que como nos ensina o Moysés, nos ultrapassam. Como o Papa Francisco falou, certa vez, que as lágrimas são os óculos para ver o Senhor, para obedecermos, muitas vezes, choraremos, mas estas lágrimas abrirão nosso olhar para contemplar o que é eterno. A obediência lança nosso olhar na eternidade. É necessário ser humilde para obedecer. É necessário reconhecer-se pequeno, como um alguém que não pode
caminhar sozinho, se não cairá ou irá perder-se por caminhos escuros, que jugava ser de luz. Por isso um coração obediente é sempre pobre, porque
abandona-se em Deus e sabe que sempre a vontade de Deus é o melhor lugar.
Por isso que um coração obediente é sempre casto, porque une a sua vontade à vontade de Deus, no desejo de ser inteiramente Dele, no desejo de nada possuir, a não ser Àquele que o amou primeiro.
Como é grande o que Deus nos pede! Como é muito o que Deus nos dá! Que esse seja o nosso desejo, como Comunidade: Prender-nos Àquele que é a fonte de toda liberdade. Shalom!