Brasil

Obstetra pró-vida comenta redução da idade mínima para esterilização definitiva no Brasil

Senado aprovou Projeto de Lei 1941/2022 que permite esterilização definitiva com apenas 21 anos. Lei precisa ser sancionada pelo Presidente da República.

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Foto: Unsplash

O Plenário do Senado aprovou o Projeto de Lei 1941/2022, que reduz a idade mínima de 25 para 21 anos para esterilização definitiva no Brasil. O projeto prevê ainda que a decisão de se submeter a laqueadura ou vasectomia não precisa mais da autorização do cônjuge. O projeto segue agora para a sanção do Presidente da República. A obstetra e membro da Comunidade Aliança Shalom Melissa Abelha Rosado comenta a decisão e o pensamento da Igreja sobre o tema. Confira abaixo.

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Opinião de uma obstetra pró-vida

Essa semana estive com uma paciente de 43 anos no ambulatório que se queixava de fluxo menstrual aumentado, gerando anemia e um cansaço quase constante. Informava ainda dor no “pé da barriga” durante quase todo mês e uma TPM (tensão pré-menstrual) intensa, ficando muito nervosa com os filhos e marido por mais de sete dias. É um quadro relativamente comum para a idade, mas me surpreendi quando ela mostrou seus exames todos normais. A minha surpresa maior foi quando perguntei há quanto tempo ela sentia tudo aquilo e a resposta foi: “Há 22 anos! Desde que fiz a laqueadura”.

Alguém já ouviu falar da Síndrome Pós-Laqueadura? Ela afeta de 8 a 20% das mulheres que ligam as trompas, alguns trabalhos questionam sua existência, mas quando é você a pessoa a sentir, pode ser algo que te afete para o resto da vida na terra e não tem reversão! Ela ocorre porque quando é feita a esterilização, corta-se também uma artéria que irriga o ovário, o centro produtor dos hormônios sexuais femininos que regulam o ciclo, o sangramento e até o humor da mulher. É muito comum também ocorrer, devido ao processo de  cicatrização interna, alterações que levam à dor pélvica constante. Existe então um problema real de saúde que pode ter sua origem na laqueadura.

O que ensina a Igreja?

Eu costumo dizer que a Igreja é mãe, sempre nos mostra o caminho para o nosso próprio bem, pois o Espírito Santo é um sábio que sopra aos ouvidos dos papas continuamente os documentos que nos orientam. Deus nos criou e, na delicadeza da Sua criação, fez todo nosso corpo perfeito e tudo em nós tem um sentido e deve ser ordenado para o amor.

Infelizmente existe, no mundo secularizado uma necessidade de “liberdade sexual” onde a relação conjugal tem perdido seu sentido em passos galopantes. O casamento passou a ser uma união de corpos ávidos pela felicidade e não pela oferta e a geração de filhos que te elevam e te fazem sentir um amor verdadeiro, sobrenatural: como Cristo amou a Igreja, já dizia Paulo em Efésios.

Me questiono: aonde vamos parar? 

Recentemente foi aprovado no senado um projeto de Lei, já votado pelos nossos deputados e à espera do presidente, que reduz de 25 para 21 a idade mínima para a esterilização radical da mulher e do homem. Há um trabalho que mostra o índice de arrependimento de até 30% nas mulheres que fizeram laqueadura antes dos 29 anos, pois desejaram gestar novamente alguns anos depois. Imagino quantas mulheres ficarão arrependidas, quantos filhos nascidos no coração de Deus para aquele casal não virão ao mundo e quantas vão sofrer também com sangramentos e irregularidades menstruais, desde os 21 anos, devido a essa cirurgia sem saber qual é a verdadeira causa. Penso que o arrependimento talvez leve o casal a procurar um serviço de reprodução assistida e, assim, mais uma vez, ir contra ao Catecismo da Igreja Católica.

Outro ponto que muda na lei é que a laqueadura poderá ser realizada durante o parto. Até então, mesmo que ocorra de forma frequente, isso era ilegal pois a criança tem mais risco de morte nos primeiros dias após o nascimento, o que deixaria o casal com menos filhos do que o “desejado”. Também não era liberado a laqueadura durante o parto pois a mulher, que às vezes passa por um período de estresse físico e emocional durante a gestação, poderia estar tomando uma decisão eterna, numa fase difícil, de forma impensada, levando a um arrependimento futuro. Mas o arrependimento não é um problema de políticas públicas, é um problema apenas para a vida conjugal.

Foto: Getty Images

Projeto permite decisão sem consentimento do cônjuge

Esse projeto de lei ainda prevê a “liberdade” de decidir sobre a sua própria fertilidade sem a necessidade de aprovação do cônjuge para fazer a esterilização definitiva. Nesse momento, a fertilidade deixa de ser do casal e cada um pode decidir por si, se deseja gerar mais frutos daquele relacionamento sem que haja diálogo, sem até que o outro saiba. É incabível! O matrimônio perde a essência: uma só carne, UMA SÓ CARNE é o que nos diz a Palavra. Como pode a mulher ou o homem decidirem sobre os filhos, sobre a ordenação do sacramento de união, sem que o outro opine. E nessa decisão humana e egoísta, mas que será permitida por lei, o divórcio aumenta seus índices e nos afastamos do céu. 

Confesso que a angústia assola meu peito e tenho vergonha dela, pois parece falta de fé, mas luto pela abertura à vida, pela evangelização dos casais que geram e educam os nossos jovens e pareço nadar contra corrente. Peço, então, que intercedam pelas famílias, mas que também trabalhem nessa evangelização, somos chamados a ser discípulos de Cristo, somos responsáveis por espalhar a Boa Nova. Que tenhamos a parresia de evidenciar o que acreditamos e que é a Verdade, pois a ciência não anda longe da nossa fé e nossos atos têm consequências para a nossa saúde física, social, mental e espiritual. 

Shalom!

 
Melissa C. Abelha Rosado
Comunidade Aliança Shalom de Brasília
Ginecologista e Obstetra em defesa da vida

Comentários

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  1. Que Divino Espírito Santo continue te iluminando, abençoando e guiando, minha querida filha, de quem tenho o maior orgulho. Vejam só… vale a pena SER MAMÃE. É simplesmente lindo, gratificante e edificante. PARABÉNS que Deus te conserve. E, ☆muito obrigada Senhor por tantas maravilhas!♡

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