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Os contraceptivos orais

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Os seres humanos foram criados por Deus notoriamente incompletos. O homem precisa da mulher para se realizar e a mulher precisa do homem também para ser feliz. O homem e a mulher precisam também dos filhos para completar a sua plenitude na família. Os casais têm todos os filhos que podem manter e educar. O número de filhos depende de muitos factores e deveria relacionar-se com a generosidade. As famílias numerosas são uma alegria para a sociedade e para a Igreja. Na minha opinião pessoal, prescindir do outro sexo seria anti-natural num ser humano maduro, a menos que se torne num bem sobrenatural, como sucede com o celibato em nome do Reino. Desde logo, existem motivos de força maior ou imponderáveis que fazem com que uma pessoa não se possa completar com um companheiro.

O acto sexual baseia-se numa energia tal que não deixa ninguém indiferente e tem sempre consequências. Une o homem e a mulher de forma incomparável. A sua concretização deve ocorrer num contexto de maturidade, compromisso e exclusividade: o matrimônio. O homem e a mulher dão tudo um ao outro, incluindo a capacidade de gerar novas vidas humanas, o que é positivo.

Existem momentos em que, objectivamente, por motivos médicos, sociais, familiares, a responsabilidade dos pais leva-os a evitar um novo nascimento. A possibilidade de tal acontecer já está prevista na “lei natural”. A mulher só é fértil alguns dias por mês. Os métodos naturais de regulação da fertilidade (Billings, sintotérmicos, etc…) permitem utilizar estes períodos inférteis no sentido do casal continuar a manter-se em contacto com as relações sexuais e que com elas superem a impura atracção por outras carnes.

O Papa Paulo IV, na encíclica Humanae vitae, adverte que os médicos e o pessoal da área da saúde devem considerar como próprio dever profissional a procura de toda a ciência necessária neste campo para poder dar aos casais que os consultam sábios conselhos e directrizes saudáveis que é o que deles esperam, como é legítimo.

Os contraceptivos violentam vários direitos humanos: o direito à vida (nos casos da pílula abortiva ou da pílula do dia seguinte), o direito à saúde (têm efeitos secundários, ao contrário dos métodos naturais), o direito à educação (as pessoas têm o direito de conhecer a sua própria fertilidade) e o direito à igualdade entre os sexos (a carga contraceptiva costuma recair sempre sobre a mulher).

Em Julho de 2005, a Agência Internacional para a Investigação do cancro (Lyon, França), da Organização Mundial de Saúde, informou acerca do factor cancerígeno dos contraceptivos orais de estrogénios e progestagénios combinados, baseada nas conclusões de um grupo de trabalho internacional “ad hoc”. Foram classificados como carcinogénios do Grupo I.

Lamentavelmente, caros colegas, hoje em dia não somos capazes de proporcionar métodos naturais a todos aqueles que necessitam. As baixas taxas de fecundidade nos países de maioria católica (Espanha, Itália), juntamente com o pouco conhecimento destes métodos, indicam-nos que muitos casais utilizam os métodos artificiais. Se tivermos em conta que se tratam de países relativamente ricos, não se pode dizer que são generosos no número de filhos. Aqui temos um grande desafio. Jamais devemos apagar a chama que foi acendida em nome dos métodos naturais.

Infelizmente, a contracepção não é o único desafio da Medicina e da sociedade. Nem sequer somos capazes (nem nós nem o conjunto das nações em geral) de proporcionar meios contra a subnutrição, a malária ou a transmissão vertical da sida. Temos os conhecimentos e alguns meios mas não podemos pô-los ao alcance dos necessitados. Trabalho não falta.

Sem julgar os casais que utilizam contraceptivos artificiais – a nossa função não é julgar – não devemos esquecer nunca este dever profissional de oferecer os métodos naturais e de dissuadir dos artificiais. É sinal de progresso compreender bem a natureza e ajudá-la no que é possível. O mundo está inacabado. Temos um trabalho para fazer. E quando o realizamos, o progresso evidencia-se.

 

José Maria Simón

Carta aos médicos católicos de todo o mundo

Fonte: fiamc.org


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