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Os exemplos de Maria e José: uma mensagem de Natal

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Os exemplos de Maria e José: uma mensagem de Natal à luz da tradição ortodoxa de São Metódio. Encontremos uma manjedoura para Cristo, assim como José e Maria o fizeram, pois nasceu o Filho do Altíssimo. Aprendamos as virtudes do santo casal

“Natividade, segundo a carne de Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo”. Eis um dos mistérios centrais da vida cristã: o Verbo se fez carne! Aquele com o qual o Pai fez todas as coisas e sem Ele nada fez. No dizer de Santo Agostinho, “pede a esmola da nossa humanidade para nos enriquecer com a sua divindade”. Escutemos com os pastores o som das trombetas! Por que será que essas trombetas se fazem sentir justamente pelos pastores? Homens pobres e rudes, os últimos. Aquilo que o Papa Francisco insiste: ir às “periferias existenciais”. Certamente nós aprendemos do Eterno Verbo encarnado esta ida, esta saída, este encontro, vivido com o sinal da cultura.

Faz-se um belo convite: “E vós, filhas de reis, entrai na alegria da Mãe de Deus” (Sl 44, 10). “Entrai na alegria da Mãe de Deus”. Assim diz o hino ortodoxo. Quem são estas filhas de reis? Com certeza, são as almas esposas. “Reis” dá a ideia de soberania e garbo, de imensa dignidade e grande valor. Quem é o Rei? O Pobre! Quem é o Pobre? Aquele que É, o Todo Poderoso Altíssimo. Quem é o Pobre? O servo que veio para servir e dar a sua vida em resgate. Qual a alegria da Mãe de Deus? Com certeza Aquele que dela nasceu. Lá está ela, mulher de fé, contemplando o mistério e deixando-se plasmar por essa glória misteriosa e sublime, desconcertante, com certeza, por sua imensa pobreza. Quem está com Maria? Uma das almas esposas mais caras a Deus, alma humilde, interiormente profunda, o silencioso e escondido carpinteiro de Nazaré: José, da descendência de Davi. “Bendito sejas nosso Deus, recém-nascido, glória a Ti”, diz a liturgia.

A Virgem, que não conhece homem, deu ao mundo a alegria, Virgem da qual José é guardião! A tristeza ancestral acabou. Atendendo aos desígnios divinos, escondidos providencialmente nos caprichos de um imperador romano desejoso de saber quantos súditos tinha, o humilde casal sai de Nazaré para Belém para se recensear. O Incriado que foi gerado, Aquele que o mundo não pode conter, entra no mundo. Chamado “Filho do carpinteiro”, é contemplado na fraqueza da carne pecadora de Adão. Sem deixar de Ser o que Era, assumiu o que não era. É Homem e Deus na mesma Pessoa.
Uma grande alegria. Uma boa notícia. Um Evangelho! Segue-se uma Pessoa, centro de um itinerário. “Hoje, a alegria manifestou-se aos homens, hoje o erro foi lançado no abismo”. Povos, digamos: “Bendito Sejas, nosso Deus recém-nascido, glória a ti!”, diz a liturgia. Se a verdade resplandece, com certeza, o erro não encontra mais lugar. A luz expulsa as trevas. O que É afugenta o que não é ou lhe nega o ser.

Como José e Maria, os cristãos precisam encontrar na manjedoura o palco da revelação sublime desta descida do Filho do Altíssimo que repara a queda de Adão. “Eis que a maldição de Eva foi anulada, graças Àquele que nasceu da Virgem”. O palco, que é Belém, transforma-se em Nazaré em uma escola de vida, onde a aprendizagem se realiza na convivência, na cotidianidade; é um sacramento precioso, um iniciar, um “primeirear” como diz o Papa. Natal é nascimento, é chegada. Uma chegada que é partida, proximidade, presença. A vida é movimento, transformação. A espiritualidade do pobre e mais ilustre casal não é outra que o silêncio, a oração, o trabalho, a atenção aos mínimos detalhes da vida, pérolas preciosas de um amadurecimento contínuo, de uma interioridade fecunda, transbordada na vida. “Batamos palmas em aclamações” (Sl 46,2). “Faremos um coro com os anjos”.

O autor da Lei incarnou sob a Lei (Gl 4,4). “O Filho intemporal nasceu da Virgem, Aquele que o Pai gera eternamente sem mãe nos céus, nasceu da Virgem, sem pai sobre a terra”. José! Tão escondido, tão pobre, tão simples e tão necessário nos desígnios do Altíssimo. Maria! Eis a arca da aliança que apresentou a alegria no estábulo! Celebramos o ilustre casal! “O nosso antepassado Adão dança de alegria porque hoje nasceu o Salvador”. Nasceu e conosco permaneceu. “Que há, na verdade, de mais humilde que a gruta, e de mais miserável que as faixas, nas quais brilhou a riqueza de tua divindade? Senhor, glória a Ti!”. Natal é o tempo e Belém é o lugar: eis o começo! Tudo continua na fuga para o Egito, prossegue na vida oculta de Nazaré, desemboca na missão itinerante na qual não há como reclinar a cabeça, mergulha do aniquilamento da paixão e transborda na glória da ressurreição. Que os discípulos estejam atentos a este caminhar.

*Artigo originalmente publicado na revista Shalom Maná

Padre Marcos Chagas
Missionário da Comunidade Católica Shalom


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