Aonde vamos, carregamos o nosso nome. Sem ele corremos o perigo de não ser ninguém, de sermos confundidos ou apelidados de toda e qualquer maneira. Vão nos chamar de “moço”, “tio” ou “vô”, conforme a idade ou a cor dos cabelos. O “psiu” é o último recurso.
Já batizei uma criança com o nome de “Tancredinho”. Uma homenagem ao presidente Tancredo Neves. Ele morreu, mas o menino cresceu e deve estar na faixa dos seus 20 anos; e continua a ser chamado de Tancredinho. Talvez a mãe pensasse que o filho iria ficar sempre criança. Muitas mães não se conformam com o crescimento dos filhos.
Os nossos nomes também acompanham as modas, os momentos, as estrelas de TV, do esporte, das novelas. A estrela se apaga, a glória passa, porém o nome fica. Isso acontece também com nome de santo, ou santa. Poucos pais contam aos filhos a vida do Santo ou da Santa, que lhes inspirou o nome. E se alguém muda de religião, também gostaria de mudar de nome, mas é difícil. Vai ficar até morrer com ele e também depois, na placa do túmulo.
Resta-nos honrar o nosso nome. Não sermos confundidos com ninguém; sermos originais. Simplesmente pelo fato de sermos nós mesmos, cada um carregando as suas virtudes e os seus defeitos, como pode.
É para se desejar que, ao menos no nosso pequeno mundo, sejamos conhecidos pelo nome. Por que não? Conhecidos pelo bem, pela seriedade, pela confiança. Por sermos “gente boa”.
Desde o nascimento, o nosso nome já está escrito no livro da vida, da existência. Antes de estar escrito no cartório, já estava lá, na história dos seres humanos. Falta agora colocá-lo no livro da Vida, com o V grande. A Vida, aquela que não se mede pelos anos vividos, mas pelo bem cumprido. Aquela que não se mede pelo sucesso ou pelo dinheiro acumulado, e sim pelos tesouros de bondade e de generosidade guardados no banco de Deus, numa mistura de lágrimas e sorrisos, de sacrifícios e satisfações, como é o nosso dia- a-dia.
Aos discípulos que voltavam satisfeitos pelas derrotas infligidas aos espíritos maus, Jesus declara que a verdadeira alegria não está nisso, mas em ter os próprios nomes escritos no céu. É como o nome de Sião tatuado na palma da mão de Deus. Não sai nunca mais, porque Deus é fiel. Ele não pode se esquecer de quem ama e não se arrepende de amá-lo.
Não sei a quem interessa hoje, ainda, ter o seu nome escrito no céu. Estamos ficando materialistas demais. Estamos medindo tudo pela vantagem imediata. E o tempo da vida vai passando. As oportunidades de fazer o bem vão passando; e nada fica escrito no céu. Já pensaram a página com o nosso nome em branco? Todas as vezes que deixamos de fazer o bem, ou deixamos para o outro dia, para a próxima vez… Não fica anotado nada. Quantas ocasiões perdidas!
Visto que o nosso nome está lá e não corre o perigo de ser cancelado porque não tem jeito, melhor é preencher a nossa página no livro da Vida; e outras mais, se for possível, só de coisas boas, de amizade, de ajuda, de perdão, de abraços, de amor. “Ficais alegres porque os vossos nomes estão escritos no céu”, palavra de Jesus. Para os interessados e até para os distraídos.
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AM)