“Os Padres da Igreja sobressaíam por sua capacidade de compreensãodas coisas celestiais e pela agudeza de pensamento com que perscrutavamas profundidades da Palavra de Deus”.
Papa Pio XII
O Ensinamento dos Padres da Igreja
Escreve a antropóloga Cecília Gatto Trocchi, no seu livro A magia:“Os Padres da Igreja consideram a magia como um mentira, nãonecessariamente no sentido de que os magos e os feiticeiros produzem osseus efeitos evocando e empregando aquelas forças negativas mentirosase demoníacas que Cristo havia submetido ao seu domínio. O exercício dasartes mágicas significa, portanto, não reconhecer a mensagem desalvação de Cristo e empreender uma relação privilegiada com Satanás,tomando em um determinado sentido o lugar de Deus. A magia torna-se adecisão de prolongar a eficácia dos demônios para além dos limitesconcedidos no tempo da salvação, que se iniciou com Cristo além dosmeios sacramentais transmitidos por Jesus á sua igreja”.
O ensinamento dos antigos Padres da Igreja, gregos e latinos, estavabaseado sobre a eficácia da redenção operada pela cruz de Jesus Cristo:agente se defende com a cruz, não com amuletos e encantamentos, repetiaSão João Crisóstomo nas suas Catequeses para os neófitos:
“A cruz de Cristo destruiu a morte, derrotou o pecado, esvazio oinferno, venceu o poder do demônio. (…) A cruz fez ressurgir o mundointerior, e tu não confiaste? Um cristão deveria envergonhar-se eruborizar-se por ter deixado seduzir pelo encantamento da magia”.
Esta – afirma o próprio Crisóstomo na pregação de Ano Novo – é “umamaluquice extrema”; “o uso dos amuletos é idolatria completa” afirmatambém no seu comentário a Carta aos Colossenses.
Também Santo Agostinho, nascido e crescido em ambiente egípcio decultura helenista, falando sobre a encarnação do Verbo, menciona amagia como “loucura”, visto que a humanidade é mesmo o cosmos foramlibertados do medo depois da vinda de Cristo e da sua vitória redentorana cruz:
Uma vez tudo (no paganismo) estava cheio de erro dos oráculos. Osoráculos de Delfos e de Dodona, da Beócia, da Lícia, da Libía e doEgito, os oráculos da Pítia enchiam de pasmo a fantasia dos homens.
Portanto, desde quando Cristo foi anunciado em toda parte, cessouesta maluquice e entre eles não se encontra ninguém que profetize.Outrora os demônios iludam os homens apossando-se das fontes, dos rios,das árvores e das pedras, e com os seus sortilégios aturdiam osnéscios. Agora, ao invés, depois da revelação divina do Logos (de JesusCristo), esta vã aparência cessou: com um simples sinal-da-cruz o homemlhe descobre o engano. (…) E que dizer da sua magia que tanto admiravam?
Antes que chegasse entre nós o Logos, era poderosa e operante entreos egípcios, os caldeus e os hindus, e maravilha os espectadores; mas apresença da verdade e da revelação do Logos condenou a magia e asuprimiu.
Escreve Santo Agostinho: “As predições dos espíritos demoníacos sãodevidas a habilidades particulares, bem diversas daquelas que consentemaos santos anjos e aos profetas de Deus realizar suas. De fato estes,se anunciam alguma coisa, fazem-no por disposição divina e depois deter escutado, assim é que não enganam nem são enganados, e as suasprevisões conseqüentemente são verdadeiras e dignas da máximaconsideração. Ao invés, os espíritos demoníacos não só se enganam, masfazem cair no erro também os outros. Enganam-se, acima de tudo, porquequando predizem as próprias pretensões, estas são imprevistamentetranstornadas pelo Alto. Um pouco como se homens, submetidos a umaoutra autoridade, depois de terem dispostos a execução de alguma coisa,vêem-na proibida, depois de longa peroração, imediatamente pelos seussuperiores. Os espíritos demoníacos erram nas questões naturais talqual acontece aos médicos, aos marinheiros e aos camponeses, mas estãoem condições – graças às características dos seus corpos aéreos – deconhecer antecipadamente muitas coisas de maneira mais aguda epoderosa; mas também estas coisas passam por imprevistas variações porcausa de disposições por eles completamente ignoradas, mas não pelosanjos que adoram o sumo Deus.
Tudo isto assemelha-se um pouco ao caso daquele médico que, depoisde ter diagnosticado ao doente uma pronta cura, com base em sintomasprecedentes, o vê morrer improvisamente por algo não previsto; outambém o caso do marinheiro que, depois de ter calculado a duração deuma tempestade de ventos, vê Cristo – enquanto navega com os seusdiscípulos – mandar aos ventos furiosos que se acalmem, com asseguintes palavras: “E fez-se uma grande calmaria” (Mt 8,26); demaneira semelhante como acontece ao agricultor que, depois de tervisto, graças a seu conhecimento da terra e das sementes, um beloenxerto das videiras em condições de frutificar abundantemente, ver,por uma imprevista variação climática, secar tudo ou até mesmodestruir-se tudo pelo capricho de um poderoso. Assim estão, portanto,as coisas em relação às capacidades adivinhatórias dos espíritosdemoníacos, os quais, mesmo prevendo alguma coisa com base em causamenores e habituais, vêem tornar-se vãs as suas previsões, por causasmais importantes e desconhecidas” (Santo Agostinho, De divinationedaemonum, cap. VI).
“Os demônios não pode fazer mais do que lhe é permitido”, dizia Santo Agostinho.
Santo Tomás de Aquino, um dos maiores teólogos da História daIgreja, afirma na Suma Teológica: “Os Santos Padres escrevem que osdemônios têm poder sobre os corpos e sobre a imaginação do homem,segundo a permissão de Deus. Eis porque os feiticeiros, com a suaajuda, podem fazer malefícios. Na Sagrada Escritura o apóstolo Paulocoloca as “idolatrias e as feitiçarias” entre as obras “daqueles quenão podem herdar o reino de Deus” (cf. G1 5,20) e o apóstolo Joãorecorda que é reservado “o tanque ardente de fogo e enxofre” aosfeiticeiros e idólatras (cf. Ap 21,8)”.
São Pedro Apóstolo exorta com afinco sobre a tentação do diabo:“Sede sóbrios e vigilantes! Eis que o vosso adversário, o diabo, vosrodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe,firme na fé, sabendo que a mesma espécie de sofrimento atinge os nossosirmãos espalhados pelo mundo” (1 Pd 5, 8.9).
CONTRA OS EMBUSTES
O exorcista italiano, escritor e padre Francesco Bamonte escreve:
“A diminuição da espiritualidade, ligada à descristianização domundo moderno, parece arrastar o homem exatamente para aquele ralo deinsegurança existencial, de medo e de falta de confiança, do qual ocristianismo havia libertado o mundo”. Tornam-se então admoestadoras aspalavras do cardeal Joseph Ratzinger, (papa Bento XVI) citadasexpressamente na Nota Pastoral dos bispos toscanos:
“A Cultura atéia do Ocidente moderno vive ainda graças à libertaçãodo medo aos demônios trazidos pelo cristianismo. Mas se esta luzredentora de Cristo precisasse apagar-se, mesmo com toda a suasabedoria e com toda a sua tecnologia o mundo recairia no terror e nodesespero: já vemos sinais deste retorno das forças das trevas,enquanto crescem no mundo secularizado os cultos satânicos”.
O insigne padre Bamonte convoca os cristãos para lutar contra osembustes, charlatanices dos operários do diabo e de todo o sistemasatânico.
É nosso dever proclamar a verdade que liberta o ser humano de todo engano religioso. (Jo 8, 32-36).
“Levar os homens à verdade é o maior benefício que se pode prestar aos outros”, afirma Santo Tomás de Aquino.
Jesus Cristo é a única verdade absoluta que liberta e salva o serhumano de toda magia, espiritismo, bruxaria, satanismo, da teologia daprosperidade, das seitas, das heresias e de todo sistema da Nova Era.
Como cristãos batizados temos o poder da Santíssima Trindade, aremissão pelo sangue de Cristo, a fortaleza do nome de Jesus, aproteção na Cruz do Salvador, a graça da salvação, a vitória por meioda fé, a força do amor para o bem do próximo, a tranqüilidade da paz doSenhor, a justiça como Lei para o bem comum e a Palavra de Deus paralevar a Boa Nova ao mundo inteiro.
O cristão é detentor das armas mais poderosa do universo paratransformar a humanidade. Foi Cristo que disse: “Eis que eu vos dei opoder de pisar serpentes, escorpiões e todo o poder do Inimigo, e nadapoderá vos causar dano” (Lc 10,19).
Os Santos Padres da Igreja foram vitoriosos e verdadeiros exemplosde seguidores de Cristo devido à posse das virtudes espirituais.
Nos Padres da Igreja podemos contemplar o zelo ardente pela formaçãoespiritual, pela defesa da fé, a unidade da Igreja e o poder dacomunhão eucarística.
A formação catequética para o discípulo era demorada devido que a‘graça’ não era algo barato. A doutrina da graça para os Padres daIgreja era o tesouro único da Salvação da alma (Ef 2, 8.9: Tt 3,7).
No paganismo as doutrinas eram terrenas, perniciosas e baratas.Diferente da doutrinas de Jesus Cristo que era celestial, Justa,amorosa e de alto valor que custou o precioso sangue do Filho de Deus(1Pd 1,18-20).
“COM TEU SANGUE ADQUIRISTE PARA DEUS GENTE DE TODA TRIBO, LÍNGUA, POVO E NAÇÃO” (Ap 5,9).
Os Padres da Igreja sabiam e viviam os escritos dos Santos Apóstolosde Cristo, por isso seu zelo pela graça era fundamental para a moralCristã, fidelidade da doutrina e a fortaleza da fé até ao martírio.
É imensurável, belo e colossal a vida e os ensinos dos Padres da Igreja.
Os Padres da Igreja, os Doutores e os Santos são os nossos heróis da fé.
A vida dos Padres da Igreja resplandece a luz de Cristo no caminho da vida ativa e contemplativa.
Já dizia Santo Afonso de Ligório: “A verdadeira sabedoria é a sabedoria dos santos: saber amar a Jesus Cristo”.
Como era por demais evangélico o desprendimento dos Padres da Igrejapelas coisas materiais. A sua visão de riqueza era a graça de Cristo eas moradas eternas.
Eram homens cheios de fé, de sabedoria e do Espírito Santo. Suasvidas eram tomadas pela divina misericórdia. O amor era o triunfo desuas almas. Da obediência ao sacrifício: tudo era por amo. Para eles amaior vitória era vencer suas tentações interiores. Renunciar sempre acarnalidade era a meta constante desses Santos Homens de Deus. Osdesafios e lutas eram vencidos pelos poderes da oração, jejum, silêncioe da Palavra de Deus.
CONCLUSÃO
Tudo já foi dito pelos Santos Padres da Igreja para nossadoutrinação da fé, para nossa formação espiritual e para a nossasalvação eterna.
Resta tão somente estudar com profundamente para adquirir conhecimento, fortaleza da graça e evangelizar o mundo.
Os Padres da Igreja são portos seguros da nossa fé católica e seusescritos são marretas que estraçalham as seitas, heresias e todo tipode magia.
Os tesouros da doutrina cristã, da espiritualidade, do amor ardenteao Senhor Jesus Cristo e a mística abissal encontram-se nos Padres daIgreja.
De suas vidas podemos seguir o fiel modelo de oração, jejum,meditação, estudo da Palavra de Deus, fidelidade à doutrina e a Igrejade Cristo e a gloriosa esperança da vida eterna.
Vamos mergulhar a fundo e com total radicalidade nos estudos dos Santos Padres da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.