1. VIDA INTERIOR
Uma mulher grávida vive para seu filho, toda voltada para o outro que já está ali e que está vindo. Não somente a partir do momento da concepção pelo Espírito Santo, mas mesmo antes, a Virgem Maria viveu imersa em Deus, tendo “concebido primeiro no coração do que no ventre” (Santo Agostinho).
Então, nós também podemos, como Maria, conceber Deus dentro de nós, em nosso coração, através da fé. De fato, à mulher que exclama: “Bem-aventurado o ventre que te deu à luz”, Jesus responde: “Bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 27-28). Assim, o Senhor não apenas esclarece a razão mais profunda da grandeza e da felicidade de Maria, mas oferece aos seus ouvintes, inclusive a nós, a possibilidade de conceber Cristo em nosso coração e cultivar nossa vida interior.
2. DESEJO ARDENTE
Do cultivo da vida interior, nasce o desejo, que é “o mais íntimo recesso do coração. Quanto mais o nosso desejo dilata nossos corações, melhor poderemos acolher a Deus” (Santo Agostinho).
Maria viveu em íntimo contato com as Sagradas Escrituras e recolheu em si mesma a expectativa de todo o povo de Israel, em uma aspiração mais ardente e em total disponibilidade para a recepção dAquele que todos os profetas e reis desejavam (cfr. Lc 10, 24). Nela, “Filha de Sião por excelência”, o próprio Senhor vem habitar, nela e através dela ocorre a vinda do Rei (cfr. Zc 9, 9).
3. LEVAR ESPERANÇA
Nós sabemos bem, e a liturgia do Advento nos recorda que, assim que descobriu a gravidez de Isabel, Maria se apressou em servi-la. A visita de Maria à sua parente, no entanto, não significa uma simples ajuda material. Isabel reconhece nela a “Mãe do Senhor” e se torna cheia do Espírito Santo. A Virgem Maria carrega em seu ventre “a esperança de Israel e a expectativa do mundo”, e se torna “a imagem da futura Igreja que, em seu ventre, leva a esperança do mundo através das montanhas da história” (Spe Salvi, 50).
Por outro lado, nessa visita, a própria Virgem Maria vem confirmada na sua fé, através das palavras inspiradas de Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento das palavras do Senhor” (Lc 1,45). De fato, quando levamos esperança aos outros, quando levamos Jesus aos outros, através do nosso olhar, do nosso sorriso, das nossas palavras, da nossa ajuda, nós mesmos somos edificados e crescemos na fé.
Olhemos, portanto, para a Estrela da Esperança, para alcançar Jesus! Não desviemos nosso olhar de seu esplendor e atingiremos a meta.
Elica Melo